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MARIA JOÃO LOPO DE CARVALHO lança “Marquesa de Alorna”, o seu primeiro romance histórico

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“Escrever faz parte de mim, como respirar”
Cresceu entre os cinco mil livros do pai e cedo se apaixonou pela escrita. Sabia que havia de escrever algo, mas Maria João Lopo de Carvalho estava longe de imaginar que perto de completar 50 anos teria 40 livros editados. Para apresentar a sua nova obra, Marquesa de Alorna, a escritora recebeu a VIP na casa da família, em Almeirim, que já pertenceu à marquesa.

Qui, 27/10/2011 - 23:00

 Cresceu entre os cinco mil livros do pai e cedo se apaixonou pela escrita. Sabia que havia de escrever algo, mas Maria João Lopo de Carvalho estava longe de imaginar que perto de completar 50 anos teria 40 livros editados. Para apresentar a sua nova obra, Marquesa de Alorna, a escritora recebeu a VIP na casa da família, em Almeirim, que já pertenceu à marquesa.

VIP – Quando é que percebeu que a escrita era mais do que uma paixão?
Maria João Lopo de Carvalho – Nunca vi a escrita como uma profissão, mas como um prazer. E nunca fiz deste prazer o eixo da minha vida. Sempre fui professora e tive mil atividades. A escrita era um bocado ao lado, ou seja, escrevia à noite e ao fim de semana, quando tinha tempo vago. Atualmente, encaro de forma mais séria, mas começou por ser um momento de prazer fora da rotina diária de trabalho.

Está associada à literatura infantojuvenil. O seu primeiro romance histórico é o amadurecimento da sua escrita?
Comecei por escrever para adultos. Ao longo dos últimos cinco anos fiz uma incursão pela literatura infantojuvenil. Em relação à Marquesa de Alorna, sempre disse, desde 1999, que ia escrever um livro sobre a marquesa. É a continuidade daquilo que disse.

Este livro é o resultado da promessa ou do último ano de trabalho intenso?
De 1999 até agora foi um despertar de atenção para tudo o que dizia respeito à marquesa. Ao longo do último ano foi um trabalho diário de oito horas. Só trabalhei nisto.

São horas de isolamento?
Total. Fechada numa sala sem música e sem um único barulho, pois dar voz à História de Portugal é uma grande responsabilidade. Na parte final tive de me isolar numa casa que não tinha ninguém. Estive 11 dias fechada e nem sequer vi a luz do sol.

Essa casa não foi esta…
Não, porque leva-me para outras emoções que podiam retirar a objetividade necessária para a obra. É um espaço de lazer e não de trabalho.

Falar deste livro obriga-nos a falar deste espaço…
Esta casa é muito emocionante para mim, pois foi comprada pelo meu bisavô aos descendentes da marquesa. Não existem laços de sangue com a marquesa, mas já viveram aqui cinco gerações da família. Todos cresceram aqui, casaram aqui e batizaram os filhos aqui. Poder escrever sobre alguém que aqui viveu é um privilégio.

O sucesso deste livro é sinal de maior pressão no próximo?
Sucesso é muito relativo, pois é uma palavra de que não gosto. Com este livro queria duas coisas: descolar-me daquele rótulo de escritora light e contribuir para que as pessoas conheçam a História de Portugal e fiquem a gostar ainda mais dela.

Irrita-se quando dizem que é escritora light?
Irrita-me um pouco porque tem uma conotação negativa. A história de que todas as escritoras que escrevem uns livros mais leves têm de ser pouco inteligentes, pouco estudiosas e pouco trabalhadoras é algo que me irrita porque sou o oposto disso tudo.

Seguem-se outros personagens…
Sim, deu-me tanto prazer que é impossível ficar por aqui. Só estou hesitante sobre o personagem histórico que vou tratar.

Teve uma educação germânica. Isso nota-se na sua escrita?
Reflete-se na disciplina que tenho para escrever. Estar à espera que o talento desça sobre nós para se escrever é uma desculpa para os preguiçosos.

Isolou-se durante este livro e já está a pensar no próximo. Como é que a família lida com esta ausência?
Encaram isto como outro trabalho qualquer, com a vantagem de poder ser feito em casa. Mas isto não pode ser feito todos os anos, até porque existe um desgaste intelectual e tenho outras tarefas. Continuo a não abdicar de ser professora.

Como é que os seus filhos lidam com o tempo que está ocupada?
Eles nunca me viram a trabalhar menos do que isto e não têm outro exemplo de mãe. Sempre me viram a fazer isto tudo.

Tendo em conta os prós e contras da sua carreira, é hoje a mãe que idealizou?
Quando eram pequenos, tenho a consciência que fiz tudo o que pude por eles. Trabalhava menos quando eram pequenos e dei-lhes muita atenção. Talvez tenha sido um pouco mais complicado para eles quando me separei, porque eram adolescentes. Acho que cumpri com o papel de mãe e estou ansiosa por ser avó e cumprir esse papel.

Estou a ver que não tem medo do avançar da idade?
Não receio o avançar da idade e será um orgulho ser avó. Não considero que tenha meio século de vida. Temos tempo para gozar todas as idades e foi o que fiz. Só tenho medo de não ter saúde e não poder escrever.

Em relação ao seu segundo divórcio, disse que o fez porque se fartou. Sempre foi impulsiva no campo sentimental?
Imatura é a palavra que uso. Sempre fui imatura a gerir as relações sentimentais. Espero, à beira dos 50 anos, ter uma maior maturidade. Acho que foram provas de imaturidade seguidas. Temos de ter defeitos na vida. Este é o meu (risos).

Em criança, perspetivava que o seu futuro teria 40 livros editados?
Era suposto ter ido para Medicina, mas quando acabei o 12.º ano percebi que não tinha média para seguir o curso. Ao ir para Letras pensei que editar seria algo normal, mas não imaginava ter quarenta livros editados aos cinquenta anos.

Trocava a escrita por alguma coisa?
Excetuando as causas primárias de acorrer a um filho que tivesse uma doença, não. Nesse caso, deixava tudo. Se me dissessem para ir viver para as Caraíbas sem escrever, era impossível. Escrever faz parte de mim como respirar e é algo que me dá prazer.

Texto: Bruno Seruca; Fotos: Rui Costa; Produção: Marco António, Maquilhagem e cabelos: Ana Coelho com produtos Maybelline e L´Oréal Professionnel

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