Maria João Abreu
Viúvo conta toda a verdade sobre os últimos dias de vida da atriz

Nacional

Maria João Abreu morreu no dia 13 de maio, e o viúvo, João Soares, revela tudo o que aconteceu entre o dia em que a atriz se sentiu mal até ao momento em que o óbito foi declarado.

Qui, 08/07/2021 - 7:10

Maria João Abreu morreu no dia 13 de maio, aos 57 anos, e o viúvo, João Soares revela tudo o que aconteceu entre o dia em que a atriz se sentiu mal, nas gravações da novela “A Serra”, até ao momento em que o óbito foi declarado. Na sua primeira entrevista desde a tragédia, o músico conta finalmente a verdade dos factos, desde a suspeita de AVC à conversa crucial com os médicos.

O viúvo de Maria João Abreu começa por recuar até 30 de abril, dia em que a atriz “deu entrada no Hospital Amadora-Sintra”, onde “esteve a tarde inteira”. “Falei com o José Mata [que também faz parte da trama da SIC e que foi um dos primeiros a socorrer a colega], que me disse que a Maria João se tinha sentido mal e desmaiou. Todos pensámos que era excesso de trabalho, uma quebra de tensão”, relata.

João Soares foi “logo a correr para o hospital” e, lá chegado, esteve à conversa com a mulher. “Foi a João que deu as indicações ao médico da triagem, esteve sempre consciente, com muito frio. Por causa da COVID, não pude estar sempre com ela. Mas, por volta das 19, 20 horas, chamaram-me e disseram-me que iria ser transferida para outro hospital. Ainda estive com ela e dei-lhe uns beijinhos”, recorda à Caras.

João Soares: “Nesse momento, foi como se me tivessem tirado o chão”

Já em casa, o músico foi contactado pelo Hospital Garcia de Orta, em Almada, para ser informado de que a atriz “já lá estava”. E foi lá que lhe começaram por falar de uma suspeita de AVC. “Lembro-me de o médico me falar num acidente vascular cerebral, mas confesso que com os nervos não retive mais nada”, diz.

Na manhã do dia seguinte, 1 de maio, “ligou-me a cirurgiã e disse-me que estavam a ponderar o que lhe iriam fazer. Decidiram operá-la, mas não conseguiram chegar ao aneurisma”, prossegue João Soares. Maria João Abreu esteve sempre consciente. “Nesse dia, à noite, ainda falei com a João ao telefone e depois ligou-me o médico que lhe iria fazer o cateterismo no dia seguinte. Ele pediu para lá estar logo de manhã, para ainda conseguir falar com a João. Falei com ela, ainda fiz uma videochamada para a mãe e para a irmã antes de ir para o bloco. Fez o cateterismo, correu bem, conseguiram colocar o stent e veio para o quarto. Acordou da anestesia geral e falei com ela. A João mexia os braços, as pernas, a cabeça, falava de forma articulada”, conta.

Só no “final” desse sábado a primeira das piores notícias chegou: “ligaram-me a dizer que tinha tido uma hemorragia”. Maria João Abreu “tinha dois aneurismas”, como a TV 7 Dias já tinha noticiado aqui. “Um rebentou, o outro não”. Também nessa altura, uma médica disse ao músico que “a probabilidade de sobrevivência era de 50%”. “Fiquei a pensar que ela teria metade das hipóteses de sobreviver e, mesmo que o conseguisse, nada nos garantia que ficasse sem sequelas. Provavelmente, não iria ficar bem. Nesse momento, foi como se me tivessem tirado o chão”, diz, emocionado.

Maria João Abreu tinha hemorragia “muito extensa”

Dois dias depois, a 3 de maio, o corpo clínico que acompanhava o caso da atriz teve uma reunião com João Soares, explicando “a gravidade do quadro” da atriz. “Disseram-me que a hemorragia era muito extensa e que não sabiam o que iria acontecer. Teriam de esperar que o corpo absorvesse o sangue, acordá-la do coma e ver como ela reagiria”, descreve.

Ciente de que “ainda havia” esperança até a hemorragia surgir, o viúvo de Maria João Abreu assume que “não havia maneira de prevê-la”. “Sabia que era uma conquista minuto a minuto”, confessa.

Os encontros seguintes com os médicos foram pouco esperançosos. “Entretanto, tivemos mais duas reuniões com a equipa médica. Na segunda reunião, disseram-nos que já não acreditavam que a João pudesse sobreviver. Aí já comecei a perceber que, se calhar, iria mesmo acontecer”, conta.

João Soares louva o facto de os médicos terem sido “sempre muito sinceros” com ele. “A equipa médica foi-nos preparando para o que iria acontecer. Mas nós não nos preparámos. A João estava nos cuidados intensivos, num quarto isolado, e deixaram-nos vê-la mais do que era suposto, para nos darem tempo para nos despedirmos. Só agora é que percebo isso. As equipas médicas e de enfermagem foram de uma grande humanidade”, elogia, por fim, o viúvo de Maria João Abreu.

Texto: Dúlio Silva; Fotos: Arquivo Impala e reprodução redes sociais

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