A um dia de se completarem três semana sobre a morte de Maria João Abreu, João Soares partilhou com quem o segue nas redes sociais um novo e poderoso texto sobre a atriz. Aliás, é diretamente para ela que o músico fala numa mensagem em que aborda a dor que a ausência desta lhe causa.
“Está a chegar o fim da tarde. Normalmente, eu chegava a casa antes de ti. E agora, em teletrabalho, por cá ficava, claro. E era por volta desta altura do dia, o final da tarde, que muitas vezes, ouvia a porta da rua bater e te reconhecia os passos a subir as escadas. Outras vezes, tinha a sorte de te ver pela janela do escritório, enquanto te aproximavas. Outras tantas, apenas dava pelo som agudo das chaves, seguido pelo rodar da fechadura… tu entravas e dizias: ‘Amoooor!!! Cheguei!’ (ou algo semelhante)”, começa por escrever o viúvo de Maria João Abreu.
João Soares diz que a atriz “enchia a casa com a sua alma”. “Mais a alma do que a casa. Muito mais…”, prossegue, constatando agora: “Era, sem me dar conta, o melhor momento do meu dia, porque iniciava o NOSSO dia. O nosso momento. Era o nosso reencontro diário. A nossa partilha. A nossa vida a dois, em que tudo se conjugava. Porque nós conjugávamo-nos. Estávamos um para o outro. Éramos um do outro. Éramos um. Um.”
“Agora, não oiço a porta da rua a bater, nem os teus passos a ecoar nas escadas”, lamenta o músico. “Não te vejo pela janela. As chaves não fazem barulho e a fechadura não roda. E tu não entras. E a tua voz não me invade. E a casa não fica cheia”, acrescenta.
Ainda assim, contrapõe: “Mas a minha alma, sim. Aqui dentro, dentro dela, continuas tu. Com o nosso amor. O nosso carinho. As nossas vontades. A nossa vida.”
“Estejas onde estiveres, sei que me estás a ver”
Apesar da dor por ter perdido a mulher com foi casado 12 anos, João Soares tem uma certeza. “Estejas onde estiveres, sei que me estás a ver. Se calhar, até dizes ‘Amoooor!!! Estou aqui!’. E continuas a guiar-me. A preencher-me a alma. A aconselhar-me. A amar-me. Tal como eu te amo a ti. Tanto. Tanto. Tanto. Todos os dias”, vinca.
“Como sempre te disse: ‘Amo-te hoje, um pouco mais do que ontem e um pouco menos do que amanhã.’ Até ao fim da minha vida. A falta que me fazes… Minha João”, desabafa, em jeito de remate.
Maria João Abreu morreu, no dia 13 de maio, aos 57 anos. Estava internada, há cerca de duas semanas, no Hospital Garcia de Orta, em Almada, acabando por não resistir às complicações causadas pelo rompimento de pelo menos um dos dois aneurismas com que fora diagnosticada.
Texto: Dúlio Silva; Fotos: Arquivo Impala e reprodução redes sociais
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