Maria Emília Correia
Recordou a morte do filho: “não o podia agarrar”

Nacional

Maria Emília Correia abriu o coração e recordou três perdas na sua vida. A atriz viu o pai morrer à sua frente, perdeu o irmão com tuberculose e, pela primeira vez, falou sobre a morte do filho prematuro.

Dom, 03/04/2022 - 18:30

Maria Emília Correia, de 74 anos,  esteve este sábado, 2 de abril, à conversa com Daniel Oliveira no “Alta Definição”. A atriz que faz parte do elenco de “Por Ti”, da SIC, recordou a dolorosa morte do pai, do irmão e do filho prematuro.

A atriz contou que o progenitor, diagnosticado com a doença de Brunner aos 20 anos, morreu à sua frente quando esta tinha seis anos e nunca recebeu um abraço da figura parental. “Era uma doença muitíssimo grave, o sangue criava trombos nas veias, nas artérias. O sangue não passava e os dedos mudavam de cor e teve de amputar. Amputou primeiro um pé, depois os dois pés, depois as pernas e os braços. Ele nunca teve a possibilidade de me agarrar, porque quando eu nasci, ele já não tinha pernas, nem braços. Mas isso não era uma tragédia, podia não ter pernas, nem braços, mas tinha asas e voava muito. Era um artista”, sublinhou.

Maria Emília Correia não esqueceu as últimas palavras do pai

E prosseguiu: “Eu vi o meu pai falecer, retiraram-me imediatamente de lá, fui para casa de uns parentes muito afastados e lembro-me de regressar com uma bata preta, um vestido preto, com bolinhas brancas, que foi com que andei sempre na escola, quando me chamavam: ‘a orfã’, porque não tinha pai, foi muito violento (…), mas esse luto foi superado pela coragem da minha mãe e pelo grande amor que o meu irmão tinha por mim”.

Maria Emília Correia confessou ainda que nunca mais esqueceu as últimas palavras ditas pelo pai. “Adeus, minha mulher. Adeus, meus filhos”, lembrou e acrescentou: “Eu ouvi tudo (…) Ele morreu assim, de súbito, apercebeu-se que ia morrer. Foi grave (…) não esqueci”.

Mas esta não foi a única morte que marcou a artista. O irmão, que sofria de tuberculose, recusou-se a ir ao hospital, depois de ter sido “muito” maltratado durante uns exames, e preferiu que os seus últimos suspiros fossem em casa, ao lado da família. Na altura, a atriz tinha 19 anos. “Ficou a morrer ao lado nosso lado”, confidenciou e não poupou elogios àquele que ocupou “o espaço do pai”. “O meu irmão foi a pessoa mais bondosa que eu conheci no Mundo (…) é a pessoa a quem eu devo mais”.

“A morte do meu filho foi outro cair de pano”

Durante a conversa intimista, a convidada de Daniel Oliveira recordou também outro momento difícil da sua vida. Maria Emília Correia casou-se com um colega aos 18 anos e ficou grávida de um menino, uma gestação muito desejada. No entanto, o filho, Pedro César – o nome escolhido -, não chegou a viver mais do alguns “meses”, depois de um parto de 16 horas. O bebé ficou sempre internado no hospital, numa incubadora. “A morte do meu filho foi outro cair de pano”, afiançou, pela primeira vez.

“Foi uma incúria médica”, começou por referir, relatando que a “criança que, em função de um parto atabalhoado, ficou surda e muda”.  Mas não só. A atriz partilhou que nunca chegou a ter o bebé nos braços, uma vez que “não o podia agarrar porque ele estava em condições trágicas”.

Maria Emília Correia reuniu forças para ultrapassar a dor e seguir em frente, porém,  “nunca soube” onde a criança foi “enterrada”. Não teve mais filhos durante os seus 74 anos. “Tive medo”, rematou.

Texto: Carolina Sousa; Fotos: Arquivo Impala e Redes Sociais 

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