Maria das Dores passou os últimos 16 anos detida na prisão de Tires, tendo sido posta em liberdade há cerca de duas semanas. Em 2008, socialite foi condenada a 23 anos por ter mandado matar o marido, Paulo Pereira da Cruz. O empresário morreu a 20 de setembro de 2007 à martelada.
Em 2019, Maria das Dores deu uma entrevista a Cristina Ferreira em que assumiu estar arrependida e revelou o que motivou o crime. “Acho que tudo o que me aconteça de mal, eu mereço. E mereci”, começou por assumir à revista Cristina. “Três, quatro anos depois, comecei a aperceber-me de que, na realidade, tinha causado uma catástrofe. Tinha vitimizado muita gente. E tinha sido a causadora daquilo tudo. (…) Porque ninguém tem o direito de tirar a vida a ninguém. E isso, nunca me vou desculpar. E não vou desculpar-me também de o meu filho não ter crescido com o pai e com a mãe”, afirmou, de forma emocionada.
Maria das Dores sentia-se maltratada pelo marido
A socialite revelou que mandou mandar o marido por se sentir “maltratada” e por estar com uma baixa autoestima. “Quando o conheci foi uma paixão avassaladora (…) Idolatrava-o (…) Nós davamo-nos muito bem. (…) Não cometi este crime por dinheiro. Cometi este crime por ciúme e por me sentir com a autoestima completamente em baixo. Porque eu era, simplesmente, maltratada”, recordou.
A ex-reclusa falou ainda com mais detalhes sobre os últimos anos do casamento, que piorou após ter ficado com o braço amputado consequência de um acidente de viação, onde Paulo Cruz ia a conduzir. “Comecei a sentir que estava gorda (…) Fui-me apercebendo do afastamento… rejeição em termos íntimos, porque lhe fazia confusão o braço”.
Maria das Dores garantiu também que ouvia comentários negativos por parte do companheiro. “Muitos episódios de maus-tratos verbais. De me chamar ‘Maria gorda’, de dizer: ‘Olha aquela tão gira’. Depois de tantas coisas feias. E de eu cada vez me sentir mais pequenina (…) Era tratada como ‘não tens braço. Pesas 100 quilos”, contou, na altura.
Cansada e revoltada, a socialite tomou a decisão de matar o marido. “Aquilo foi um momento que eu tive. Comecei a pensar em tudo. Fiquei sem um braço. Ele não esteve no velório da minha mãe. Pensei em tudo. ‘Vais-me pedir o divórcio. Vais ficar com o Duarte. Eu, se calhar, vou ficar sem nada. Eu não posso ficar sem o Duarte’. Eu sabia que ele me ia pedir o divórcio. Eu não queria. Não sei explicar. Estou tão arrependida (…) Não sei explicar o que se passou comigo”, garantiu.
Socialite encomendou crime ao motorista: “Eu disse: ‘quero o meu marido morra’”
Em setembro de 2007, Paulo Pereira da Cruz foi surpreendido por dois homens num apartamento que tinha em Lisboa e acabou por levar duas pancadas na cabeça, que foram fatais. O crime foi cometido a pedido de Maria das Dores, que falou com o motorista. “Disse só que queria que lhe batessem. E ele perguntou: ‘mas bater como?’ e eu disse: ‘quero que o Paulo morra. Quero que o meu marido morra’. Disse isso”, confessou.
“Não consegui nunca ver. Acho que queria entrar para evitar. Porque, no fundo, telefonei e acabei por ir lá bater à porta. Não sei. Acho que estava a tomar anfetaminas que me tinham trazido do Brasil, para emagrecer, e deu-me um clique na cabeça. Arrependi-me logo. De repente, disse aquilo e, depois, quando estava a caminho do Campo Grande telefonei (…) Voltei para lá, comecei a bater à porta, chamei os bombeiros, a polícia, bati à porta da porteira”, afirmou.
Arrependida do crime que cometeu, Maria das Dores fez questão de sublinhar que não é “psicopata”. “Ninguém tem o direito de tirar a vida a ninguém. É o que sei. E eu fi-lo. Portanto, tudo de mal que me aconteça é pouco. Tenho de pedir perdão às pessoas que vitimizei. Agora, não sou uma psicopata nem ando para aí a pensar em matar pessoas. Acho que a paixão que tinha por ele tocou o ódio, naquele dia. Tínhamos estado em Nova Iorque e as coisas tinham corrido tão mal. Ele tratou-me tão mal em dezembro, isto foi em Janeiro”.
A socialite está agora em liberdade, depois de ter passado os últimos 16 anos detida.
Texto: Carolina Marques Dias; Fotos: Impala
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