Os jardins do Palácio de Belém foram o sítio escolhido para a grande entrevista com o Presidente da República. Marcelo Rebelo de Sousa, de 70 anos, começou a conversa com Daniel Oliveira a parabenizá-lo pelos dez anos do programa Alta Definição, da SIC.
2016 e 2017 foram os dois primeiros anos de Marcelo na presidência e dois dos mais difíceis e marcantes. «2016 foi um ano muito difícil. A maior parte dos portugueses não tem noção. Foi a situação bancária que foi muito difícil, a recuperação de vários bancos ao mesmo tempo. Houve noites que eu não dormi. Eu acompanhei isto muito de perto», começou por desabafar. «Depois em 2017 apanhámos com as duas vagas de incêndios e foi…para mim, pessoalmente, foi uma coisa que me caiu muito na minha consciência. Ao ponto de eu chegar a dizer que se existisse uma repetição similar isso me iria levar a ponderar se eu voltava a recandidatar-me ou não no futuro. Eu estar lá e ver a dor e o desespero…foi o período mais difícil», confessou.
Marcelo Rebelo de Sousa segue a máxima de que a função do Presidente não é estar a «tratar da parte executiva», mas da parte da «proximidade» com os cidadãos que estão a viver momentos complicados. «Quando ligo a televisão e vi o que se estava a passar em Pedrogão, eu chamo o motorista e encaminho-me para lá. E lembro-me de uma das frases que foi dita por um dos populares: ‘Pois é, pois é, mas eu gostava de ver onde andam os presidentes e os governantes. Nas festas estão, mas não estão nestes momentos’ e eu pensei: ‘ele tem toda a razão’. 2017 foi um ano terrível», afirmou.
O cateterismo e a recandidatura
Marcelo Rebelo de Sousa revelou, em entrevista a Daniel Oliveira, que vai ser submetido a um cateterismo «daqui a umas semanas». «Eu tenho a fama de ser hipocondriaco e tenho o proveito. Eu não tenho a mania das doenças, eu gosto de saber o que se passa, informar-me. Enquanto eu era o cidadão Marcelo Rebelo de Sousa eu poderia tratar da minha saúde abusando, mas eu tenho obrigação como Presidente da República de cuidar da minha saúde. Eu sempre critiquei muito os casos dos políticos em função omitirem os casos do seu estado de saúde em termos públicos», começou por iniciar o assunto sobre o cateterismo a que vai ser submetido.
«A minha família é cardíaca e portanto eu achei que devia fazer exames e genericamente estão bem, mas restou uma dúvida que me obriga a um novo exame. Daqui a umas semanas tenho de fazer um cateterismo para ver em relação a um determinado vaso sanguíneo em que há acumulação de cálcio e se essa acumulação de cálcio está num grau que é excessivo», explicou.
Sobre a recandidatura, Marcelo Rebelo de Sousa não esclareceu, o próprio ainda não saber como vai ser daqui a um ano e uns meses. «Falta um ano para a eleição e vários meses. Se eu for candidato e eleito não vou mudar de estilo. É evidente que vou ter de fazer exames. Eu como meti na minha cabeça que só daqui a um ano tinha de decidir, não sei ainda». Depois de ser eleito, o Presidente da República contou que pensou num outro candidato que que teria perfil também para o cargo. «Mesmo noutra área com melhores condições esse candidato seria o Engenheiro António Guterres. Apesar de não ter ideias iguais às minhas sobre o país, são próximas em muitas coisas, mas não são as mesmas. Mesmo assim, eu ficaria de consciência tranquila porque tem o perfil para esse cargo», revelou.
«Os portugueses são excepcionais. Eles conseguem fazer todos os dias omeletes sem ovos e sopa da pedra a partir de praticamente nada»
Existem vérios planos para depois da Presidência da República. Marcelo Rebelo de Sousa quer ter mais tempo para a família e compensá-los «enquanto é tempo». Quer «recuperar» alguns projetos de alguns livros que quer escrever e «viajar».
«Como é que quer ser recordado?», questionou Daniel Oliveira. «Como um bom pai e um bom avô. Depois como um bom professor», disse.
Quanto ao que dizem os olhos do professor Marcelo, os portugueses são o brilho que carrega. «Dizem que os portugueses são excepcionais. Esta é a grande conclusão. Eles conseguem fazer todos os dias omeletes sem ovos e sopa da pedra a partir de praticamente nada. São espetaculares, são o melhor que há no mundo. Os portugueses ainda foram mais surpreendentes do que tinha imaginado, quer os que estão cá dentro, quer os que estão lá fora», terminou.
Texto: Carolina Sá Pereira; Fotos: DR
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