Marcelo Rebelo de Sousa: o outro lado do Presidente da República:
«Sou eu que vou ao hipermercado»

Nacional

Marcelo Rebelo de Sousa foi o convidado de Daniel Oliveira no programa Alta Definição, da SIC, este sábado, dia 12 de outubro.

Sáb, 12/10/2019 - 20:00

Os jardins do Palácio de Belém foram o sítio escolhido para a grande entrevista com o Presidente da República. Marcelo Rebelo de Sousa, de 70 anos, começou a conversa com Daniel Oliveira a parabenizá-lo pelos dez anos do programa Alta Definição, da SIC. 

Mais conhecido como o Presidente dos afetos, Marcelo Rebelo de Sousa não deixou de elogiar António Ramalho Eanes, Mário Soares, Jorge Sampaio e Aníbal Cavaco Silva. «Para ser justo, todos os presidentes foram presidentes de afetos», disse.

Muito mudou na vida de Marcelo Rebelo de Sousa assim que assumiu o papel de Presidente da República. «O que mudou mais foi o contacto com a família. Coincidiu com um período difícil porque os meus netos estavam há nove anos no Brasil. Dividiram-se e uma neta ficou no Brasil e quatro foram para a China. Com a família que está cá, a falta de tempo para estar com eles e com os amigos chegados. Nadava todos os dias, por exemplo, e agora só quando posso», revelou sobre o facto de ter o tempo todo contado devido ao cargo que tem. 

Mas existem certas rotinas que não mudaram. Uma delas é ir às compras comprar a sua própria comida. «Eu tento não mudar, por exemplo, o ir fazer compras. Gosto de ser eu e sou eu que vou ao hipermercado. Gosto de comprar a minha comida mesmo que coma poucas vezes em casa. Às vezes, faço as contas e existem dadas alturas em que em três semanas só durmo em casa três ou quatro dias», revelou.

«Quem me beija pega numa faca e esfaqueia-me facilmente»

Quanto às críticas, Marcelo Rebelo de Sousa não acha que seja um problema e lida com a situação com uma perna às costas. «Eu passei a minha vida, quando fazia comentário a criticar as outras pessoas, por isso, era o que faltava se eu não aceitasse como normal as críticas a que me dirigem. E eu tenho de reconhecer que, muitas vezes, fui agressivo a criticar», confessou.

Independente e senhor de si mesmo, todas as medidas de segurança lhe são desconfortáveis. «Todas são desconfortáveis. Uma já ultrapassei. Eu guio o meu carro ao fim de semana e durante a semana sempre que posso. O que me preocupa mais é a segurança mais clássica que gosta de formar gaiola em torno do presidente dificultando o acesso. O meu jogo preferido é furar a gaiola e desaparecer. Quem me beija pega numa faca e esfaqueia-me facilmente, é verdade. Não estou a dar ideias, mas pode acontecer», contou mostrando que sabe que a segurança é necessária, mas que ao mesmo tempo gosta de ser livre e ter a proximidade que tem com os que mais o admiram. 

Nestes quatro anos de presidência, Marcelo Rebelo de Sousa recordou, em entrevista com o apresentador, vários momentos felizes que viveu com os portugueses. Dois dos momentos mais satisfatórios foram a vinda do Papa e a vitória portuguesa quando Portugal foi campeão europeu de futebol. Mas nem tudo foram rosas e o «ar extrovertido» nem sempre viveu dentro do nosso Presidente da República. «O peso do cargo está sempre comigo. Tenho este ar extrovertido, mas estou sempre a ver os limites», explicou.

Texto: Carolina Sá Pereira; Fotos: DR

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