Trocou o Rio de Janeiro por Lisboa para abraçar um novo desafio profissional. Marcello Antony é um dos personagens principais da novela Valor da Vida, da TVI. E o ator brasileiro não veio sozinho para Portugal. Trouxe consigo a família: a mulher, Carolina Villar, e quatro dos cinco filhos, assim como uma nora e uma secretária. Em entrevista à revista VIP, assume que aceitou o desafio pela aventura, mas também devido à insegurança e violência que vive no próprio país. “Sinto muitas saudades da minha própria casa em si, mas o que estava a viver no país estava a me afligir muito. São muitos filhos, estava no momento em que não sabia se iam chegar vivos a casa no dia-a-dia. Isso é muito pesado.”
VIP – Estão em Portugal há quatro meses e meio. Estão a gostar?
Marcello Antony – Bastante, da cidade, do povo. Já estamos adaptados ao ritmo da cidade, as crianças já estão matriculadas na escola e a estudar. Fiquei com medo que não se adaptassem, mas pelo contrário, estão muito animados. Fizeram amigos e isso é muito importante.
Têm uma vida muito diferente da que levavam no Brasil?
MA – Sim, por causa do que acontece em Lisboa, que não acontece no Rio de Janeiro. Porque o meu ritmo de vida não mudou assim tanto. Normalmente no Brasil também estou a fazer novelas e eu sou muito caseiro. Vou para o trabalho e volto logo para casa. O que sinto diferença é que como sou muito caseiro, eu acabava a não sair do Rio de Janeiro por causa da segurança e da violência. Mas aqui sinto mais à vontade de poder sair no final da semana e encontrar alguns amigos com mais tranquilidade.
A adaptação do vosso filho Lorenzo, de sete anos, que entrou agora em setembro para a escola primária, foi fácil?
MA – Ficou muito nervoso e tímido no primeiro dia de aulas, achei que ele pudesse ter algum problema em relação a isso. Mas em seguida já se envolveu com a turma e quando o fui buscar no primeiro dia de aulas já falou que queria ir no segundo dia. Fiquei feliz.
Os portugueses conhecem bem o Marcello devido às novelas brasileiras que passam em Portugal. É muito abordado nas ruas de Lisboa?
MA – O incómodo é zero e o reconhecimento é total. As pessoas reconhecem-me mesmo. Geralmente as pessoas não falam de mim, eles conversam comigo sobre o que eu tenho de fazer e só no final da conversa é que dizem “sou fã, já assisti a muitas novelas suas”. Ou seja, é interessante porque a atitude é bem diferente da do Brasil. Lá, de primeira, já tem uma coisa mais expansiva, já estão a querer bater fotos e a querer tudo. Os portugueses são mais reservados.
Está a gravar a novela Valor da Vida, da TVI. Como está a correr?
MA – Estou em gravações há três meses.
O ritmo de gravações aqui é bem intenso, mas de uma certa forma não tem muita diferença do Brasil. O que sinto é uma menor proporção, porque no Brasil afinal são mais de 200 milhões de pessoas, aqui são dez milhões. Mas o mecanismo de gravação é o mesmo, não tem diferenciação.
Para quando o regresso ao Brasil?
MA – Um dos motivos que me fez vir para cá foi o desafio profissional do convite da TVI. Mas botei muito na balança a condição dos meus filhos, o querer dar uma melhor criação para eles num momento tão delicado como o que está a passar o Rio de Janeiro e em especial no Brasil. Tenho contrato até ao final de dezembro com a TVI. Independente do meu contrato terminar no final de dezembro, fico em Lisboa até ao final de julho porque é o final do ano letivo para as crianças. Com a intenção de não voltar ao Brasil, de viver em Portugal com a minha família. Agora o futuro, ainda mais na minha profissão, só a Deus pertence. Tenho uma vontade enorme de continuar aqui, vou fazer de tudo para continuar em Portugal. Inclusive posso voltar ao Brasil para projetos, tendo como base Lisboa, iria para o Brasil trabalhar, se fosse o caso, e voltaria para a minha casa, que gostaria que continuasse a ser Lisboa.
O Marcello tem cinco filhos…
MA – Sim, são dois filhos meus do meu primeiro casamento, dois filhos da Marcela do casamento anterior e nós nos juntámos e tivemos um filho. Os meus, os seus e os nossos. Considero-os todos filhos. Não tem distinção nenhuma. O amor é fundamental nessa história, não existe distinção no amor.
É um pai permissivo ou que não abdica de dizer não?
MA – Não! Sou um pai chato. Seria muito fácil da minha parte satisfazer todos os desejos. O não é fundamental na vida das crianças, elas pedem um não. Tenho a certeza que mais à frente vou colher os frutos dos nãos que estou a dar agora, porque a sociedade vai dar esses nãos para eles, então eles têm de ter ferramentas para poderem sobreviver a isso.
Como gere as saudades da família que ficou do outro lado do Atlântico, como por exemplo, a filha mais velha que não veio para Lisboa?
MA – Lógico que a saudade existe, mas a situação que está instalada no meu país não me permite sentir uma saudade dolorida. É uma saudade normal e natural de não estar na minha zona de conforto. Sinto muitas saudades da minha própria casa em si, mas o que estava a viver no país estava a afligir-me muito. São muitos filhos, estava num momento em que não sabia se iam chegar vivos a casa no dia-a-dia. Isso é muito pesado. Às vezes penso “será que sou uma pessoa fria de não sentir saudade?” Não. Tenho a certeza que se for para o Brasil ao terceiro dia já vou querer voltar para Lisboa. Vou matar saudades no primeiro e segundo dia, mas no terceiro vou querer voltar.
Leia a entrevista completa na nova edição da revista VIP, que chegou às bancas este sábado, dia 27 de outubro
Texto: Ricardina Batista; Fotos: José Manuel Marques; Produção: Zita Lopes; Maquilhagem e cabelos: Marta Cruz
Agradecimentos:
Hotel Vila Galé Ópera, Lisboa; El Corte Inglés, Parfois, Seaside, United Colors of Benetton
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