Foi o amor da vida da atriz Manuela Maria, que «não esperava» a sua morte, «ainda que fosse uma pessoa doente». Falamos do consagrado ator Armando Cortez, que morreu aos 73 anos, corria o ano de 2002, e que foi recordado pela Preciosa da série Golpe de Sorte na entrevista concedida a Daniel Oliveira no programa Alta Definição, emitida, este sábado, dia 3 de agosto, pela SIC.
Manuela Maria lembra que tinha viajado para o Norte do país no dia anterior à morte do marido, que passara aquela noite na Casa do Artista, instituição de que ambos são fundadores. «O Armando faleceu lá. Por acaso. Eu estava a gravar exteriores de uma novela no Porto. Fui na véspera e, no dia seguinte, gravava e voltava para Lisboa. Eu disse-lhe: ‘Não vais ficar sozinho em casa porque podes precisar de qualquer coisa’. ‘Então fico na Casa do Artista’, disse ele. E foi lá que ele partiu», sublinha a atriz, com um sorriso no rosto.
A notícia foi dada no início do trajeto de regresso à capital. «Tinha falado com ele na noite anterior, às 11 e meia, meia-noite. No dia seguinte, falei com ele à uma e meia da tarde… Tive a notícia quando estava a sair do Porto, quando entrei na autoestrada. Eu ia acompanhada por duas colegas, que não souberam de nada.»
Eram elas Magda Cardoso, «hoje viúva de Francisco Nicholson», e Mafalda Drummond. Iam ao lado de Manuela Maria, a pessoa que ia ao volante. «Ligaram-me para o telemóvel e eu fiz aqueles 300 e tal quilómetros…», interrompe, para depois explicar por que razão escondeu o trágico acontecimento das amigas. «Nem sequer podia falar sobre o assunto [sorri]. Em primeiro lugar, porque elas podiam temer o que eu poderia fazer a conduzir. […] Depois, fui recebendo vários telefonemas – de pessoas amigas que ligavam para o Armando e ele não respondia – e eu disfarçava sempre. Dizia-lhes: ‘Pois, está a descansar…’».
Chegada a Lisboa, não foram necessárias palavras. «Tinha as pessoas todas à minha espera. Nem precisei de perguntar nada… Só perguntei: ‘Onde é que ele está?’», conta a Daniel Oliveira.
«Um sentimento que não se colmata»
Manuela Maria entende a viuvez como «um estado e um sentimento que não se colmata». Crente, restou-lhe agradecer a Deus. «Agradeci ter-me dado o Armando mais 20 anos porque, 20 anos antes, ele tinha feito uma cirurgia e teve uma paragem cardíaca no bloco operatório. Os médicos fizeram um esforço enorme em fazê-lo voltar e, depois, tive-o mais 20 anos. E eu agradeço a Deus», sorri.
O sorriso, de resto, esteve sempre presente no seu discurso. Defende que Armando Cortez «está sempre» ao seu lado e que sabe «bem o que lhe diria em determinadas situações». Do amor que parte «fica tudo». «Só não fica a presença física. De resto, fica tudo», ressalva, com um olhar apaixonado que reflete o seu estado de espírito.
«Ainda estou apaixonada. E é muito bom. Muito bom. Sofre-se menos. Eu, que não sou de dramatizar, continuo apaixonada. Sei que não o tenho fisicamente, mas tenho as recordações todas. Foram muito boas. As mãos dadas, os silêncios… Gostava que todas as pessoas sentissem isso», diz.
Do casamento de Manuela Maria com Armando Cortez nasceu um filho, Pedro Cortez. O ator teve ainda outro filho, fruto da anterior relação com a já falecida atriz Fernanda Borsatti.
Texto: Dúlio Silva | Fotografias: Impala e Instagram
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