O Dr. Alberto Lopes, neuropsicólogo/hipnoterapeuta da clínica Dr. Alberto Lopes – Psicologia e Hipnose Clínica, explica em que consiste a manipulação emocional e as diferentes abordagens para resolver as consequências de um relacionamento tóxico.
“É importante destacar que qualquer pessoa pode encontrar-se num “relacionamento tóxico”. Geralmente, essas relações são conduzidas por um dos parceiros que apresenta traços marcadamente narcísicos, falta de empatia e, em alguns casos, psicopatia. A manipulação é a principal estratégia utilizada para controlar e dominar o outro, enquanto o abuso emocional causa danos psicológicos significativos na pessoa vítima de manipulação. O ciclo de exaustão emocional perpetua essa dinâmica prejudicial, deixando a pessoa presa num padrão de comportamento abusivo. Nesse sentido, reconhecer os sinais de uma relação tóxica é o primeiro passo para buscar apoio e buscar um ambiente saudável e equilibrado”, começa por garantir.
Sinais de Alerta
“Reconhecer que se está num relacionamento abusivo pode ser um processo difícil, mas é essencial para evitar danos ainda maiores. Muitas vezes, os sinais de alerta podem confundir-se com demonstrações de afeto, o que torna ainda mais complicado admitir que estamos sendo abusados por alguém que amamos. Importa compreender que um relacionamento abusivo não se desenvolve repentinamente, mas sim gradualmente, à medida que ocorrem episódios de manipulação, controle e ciúme excessivo, mas que geralmente são justificados pelo manipulador como expressões de amor. Por trás dessas atitudes manipuladoras, existe um jogo psicológico por parte do abusador. É fundamental estar atento a esses padrões e apoiar-se numa rede de apoio em que possa confiar. Por exemplo buscar apoio de amigos, familiares ou profissionais capacitados para ajudar na identificação e no enfrentamento dessa situação prejudicial.
Em relacionamentos tóxicos, é importante compreender que a violência física não é o único indicador de abuso, normalmente está presente outro tipo de violência, é a violência psicológica desempenha um papel significativo nesse tipo de relacionamento. A manipulação ocorre de forma insidiosa, onde o abusador utiliza estratégias para minar a autoestima da vítima, fazendo-a sentir-se culpada, isolada e desvalorizada. Esse abuso emocional pode causar danos profundos ao estado emocional da pessoa, muitas vezes até mais do que a violência física. É fundamental reconhecer que o abuso psicológico é uma forma de violência igualmente devastadora e buscar apoio psicológico e orientação para sair dessa situação prejudicial.”
Procurar ajuda
“Quando se percebe que está a viver um relacionamento tóxico, é importante não ter receio de buscar ajuda. Analisemos a diferença, num relacionamento saudável, o amor é caracterizado por entrega, paixão, desejo, admiração e cuidado mútuo, sem perder a pessoa própria identidade e sem medo. Nos relacionamentos tóxicos, a dinâmica é diferente predomina o medo da perda, a emergem emoções como inadequação e culpa. Nesse contexto, é crucial procurar apoio psicológico para promover a resiliência, fortalecer a força interior e desenvolver a capacidade de adaptação diante de situações adversas. A ajuda profissional pode fornecer orientação, suporte emocional e estratégias para sair dessa situação prejudicial e buscar relacionamentos saudáveis no futuro.
É verdade que as redes sociais podem criar equívocos e contribuir para um sentimento de vazio existencial. Para muitas pessoas, as redes sociais podem se tornar um escape para uma geração imediatista que enfrenta dificuldades em encontrar um propósito em lidar com as suas dores e angústias existenciais. Existe uma pressão social para estar sempre conectado, compartilhar momentos felizes e evitar demonstrar tristeza ou solidão. Isso pode levar à sensação de que ficar triste ou passar algum tempo sozinho é considerado uma doença ou algo negativo.”
Diferentes abordagens para um mesmo problema
“Para ajudar pessoas que são vítimas ou foram vítimas de narcisistas perversos, a psicoterapia desempenha um papel fundamental. A abordagem psicodinâmica, como a hipnoterapia de regressão, pode ser uma ferramenta eficaz para trabalhar traumas e padrões inconscientes que levam a buscar gratificação nos relacionamentos tóxicos. Quando há questões não resolvidas no histórico da pessoa, ela pode repetir padrões de sofrimento na tentativa de resolver lacunas do seu passado, nomeadamente, as vinculações inseguras. O autoconhecimento é essencial para desenvolver habilidades que promovam relacionamentos afetivos e escolhas mais saudáveis. É aqui que a hipnose tem tudo a ganhar e nada a perder. A hipnoterapia ajuda a identificar emoções, apontar falhas e compreender as escolhas amorosas, estabelecendo limites saudáveis e promovendo o desenvolvimento de relacionamentos mais saudáveis. É importante reconhecer que o parceiro abusivo não irá mudar e o contato zero é aconselhado para evitar danos emocionais contínuos.
Existem diferentes abordagens para resolver as sequelas de um relacionamento abusivo. A terapia cognitivo-comportamental (TCC), pode ser eficaz ao ajudar a identificar e desafiar pensamentos e comportamentos negativos associados ao relacionamento abusivo. A psicologia positiva pode ser aplicada para cultivar emoções positivas, resiliência e uma visão mais positiva e compassiva de si mesmo.
Mas para mim a hipnoterapia de regressão é imbatível já que trabalha a causa e não propriamente o sintoma. Atente-se que a hipnoterapia trabalha com os modelos internos das pessoas e como eles influenciam suas interações sociais e relacionamentos. Ela pode ajudar a explorar e compreender esses modelos internos, promovendo mudanças para um apego mais seguro e relacionamentos mais saudáveis. A hipnoterapia também pode ser útil ao abordar esses modelos internos e permitir transformações positivas, permitindo em poucas sessões que os indivíduos redescubram a alegria, o propósito e a conexão nas suas vidas. Em última análise, a escolha da abordagem terapêutica dependerá das necessidades individuais e preferências da pessoa na sua busca de encontro com as feridas psicológicas e que devem ser compreendidas e saradas, psicologicamente falando.”
Entrevista: Maria Constança Castanheira; Fotos: D.R.
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