Aura chegou em agosto à vida de Luísa Barbosa e Francisco Beatriz, revolucionando as rotinas da animadora da Rádio Comercial e do ator, mas recheando-as de muito amor. Em entrevista à VIP, o casal destaca as alegrias desta fase, mas não esconde que vive dias de muito cansaço. “Óbvio que o cansaço é um desafio muito grande. Mas qualquer sorriso, qualquer ‘sonzinho’ dela é sempre uma alegria enorme. Está a ser tudo aquilo que esperávamos.”
VIP – O que mudou na vossa vida nos últimos quatro meses com o nascimento da Aura?
Francisco Beatriz – A primeira coisa que me vem à cabeça são as horas que dormimos. É uma revolução de 180 graus. Mudámos os nossos hábitos e prioridades radicalmente.
Luísa Barbosa – No meu caso posso falar especificamente como mulher: nós somos multitasking, estamos habituadas a fazer tudo e de repente estamos a fazer uma coisa que queremos fazer muito bem, por isso há realmente essa alteração de prioridades, de ritmos de vida e de valorizar cada momento.
Como têm vivido este desafio?
FB – Acima de tudo, com muito entusiasmo porque era uma coisa que planeámos e queríamos muito. Óbvio que o cansaço é um desafio muito grande. Mas qualquer sorriso, qualquer “sonzinho” dela é sempre uma alegria enorme. Está a ser tudo aquilo que esperávamos.
LB – Com cansaço, mas também muita alegria. Para nós mulheres é tudo vivido muito intensamente e há muita lágrima. No início foi muito complicado, tive algumas complicações com a amamentação, mas chego ao fim do dia com uma sensação de que somos felizes.
FB – Só de olhar para ela emociono-me. Sinto que ter um filho redefine um bocadinho o que é a palavra amor, nunca tinha sentido este tipo de amor por outra pessoa. Acho que a palavra nem devia ser a mesma porque é uma coisa radicalmente diferente. É avassalador o que nós sentimos quando olhamos para o nosso filho, essa mudança foi a descoberta de um mundo novo que não sabia que existia.
A Luísa sempre falou da maternidade sem filtros. Sentiu necessidade de passar às outras mulheres a verdade?
LB – Aconteceu naturalmente. Acho que se fala pouco da maternidade e do pós-parto. Se calhar, há muitas pessoas que sofrem em silêncio, porque estão sozinhas, não querem incomodar ninguém… qual é a vergonha de dizer “sim a minha filha dá-me cabo da cabeça porque não me deixa dormir?”, ou “temos as mamas grandes!” Nas primeiras semanas andamos a “rebentar”! Não fiz isso para tomar uma posição, mas porque era aquilo que eu estava a passar. Felizmente, as pessoas identificaram-se e ficaram sem receio de dizer “isso aconteceu-me também”.
Que tradições vivem religiosamente todos os Natais?
LB – Em Vila Nova de Poiares faz muito frio, é mais a lareira e o quentinho e depois abrir as prendas à meia-noite. Na ceia de Natal fazemos o apanhado do que foi o ano, partilhamos experiências, rimos muito, é um momento de partilha.
FB – A nossa família é muito festiva, portanto mete fados, apresentações, teatro… na minha família toda a gente é muito criativa e inventa atividades para se fazer na noite de Natal.
Já viveram alguma peripécia engraçada nesta época?
LB – Temos uma peripécia de Natal incrível! Começámos a namorar na véspera de Natal. Eu pedi-o em namoro. Há três anos, estávamos juntos à 1h00 do dia 24, eu ia passar o Natal com a minha família e portanto ia-me embora. Então, simbolicamente, quis prendê-lo. Mas há outra: O Francisco adora o Natal e no ano passado quis fazer a árvore logo em novembro, num domingo. Já andava meio desconfiada, na segunda-feira fiz o teste e deu positivo. Quando ele chegou a casa de umas gravações, eu disse: “Amor, comprei uma decoração nova para árvore, vê se a consegues encontrar”; e era o teste de gravidez.
FB – Por isso, é que gosto muito do Natal!
A Luísa quis ser professora, bailarina, secretária, advogada, estudou Direito e agora é apresentadora, radialista e comunicadora. Como chegou aqui?
LB – Com muito trabalho e um bocado à descoberta. Sinto que faço aquilo que é uma vocação para mim que é comunicar, sinto que consigo falar com qualquer pessoa porque passei por muitas realidades na minha vida. Eu sou de um meio muito rural, modesto. Passei muito tempo com tias-avós. Tinha uma tia-avó que achava que eu não tinha de aprender a comer com garfo e faca e que podia comer só com colher porque não ia ser doutora. Mas meti na cabeça cedo que tinha jeito para os estudos. De alguma forma fui doutora, não fiz um doutoramento, mas os advogados são tratados por doutores. Fui conquistando o meu percurso. Olho para trás e sinto um enorme orgulho, construi uma carreira que sinto que é sólida porque tenho mostrado em vários meios que faço um bom trabalho. Sou muito focada, cheguei aqui com muito trabalho e dando sempre oportunidade a novos desafios. Não gosto de me sentir a estagnar, é preciso darmos a oportunidade para errar. Errar não é um problema, é uma maneira de descobrir que o caminho é por outro lado.
E a carreira de ator do Francisco como começou?
FB – Desde miúdo que percebi que a coisa que mais gostava de fazer na escola era teatro. Quis ser polícia, bombeiro, médico e depois pensei “porque não ser ator e posso ser um bocadinho de cada profissão?” Comecei com 21 anos , faço agora dez anos de carreira. Tirei um curso de Representação nos Estados Unidos, ainda tive um ano lá a trabalhar numa companhia de teatro. Depois decidi voltar para Portugal e tentar a minha sorte aqui. Também estive a estudar na escola de atores ACT.
A Luísa também é atriz. Gostava de repetir a experiência?
LB – Já houve uma altura que pensei assim: “O que quero ser é apresentadora, não vou estar a perder o foco para fazer outras coisas.” Hoje em dia, até por ver o trabalho do Francisco, fiquei com um bocadinho mais de “bichinho”. Se surgir um projeto interessante…
FB – A Luísa tem esta característica, o que quer que ela se meta a fazer vai acabar por ser a melhor. É muito focada naquilo que faz e tem um empenho que é invejável. E não é só nas coisas profissionais. Mesmo em hobbies. Eu arranjei-lhe um jogo para a PlayStation e ela ao fim de uma semana era melhor jogadora do que eu.
A Luísa foi uma das vozes principais da manhãs da Rádio Comercial. O que a fascina no mundo da rádio?
LB – Continuo ligada à Rádio Comercial. Sou muito honesta, achava que as Manhãs da Comercial era algo inatingível porque não tinha experiência em rádio. Normalmente, o trajeto dos profissionais da comunicação é iniciarem em rádio e vão depois para a televisão. Tive o contrário. Foi uma aprendizagem muito intensiva ir logo para o programa de maior audiência de entretenimento em Portugal, mas estive com os melhores profissionais.
Que projeto gostaria de abraçar quando regressar à Rádio Comercial, em 2019?
LB – Quando fiquei de baixa estava com o Barulho das Luzes, um magazine aos sábados de manhã. Uma das coisas que eu mais gosto de fazer é entrevistas, portanto o Barulho das Luzes foi assim a cereja no topo de bolo. Gostava de fazer um programa de entrevistas longas em que pudesse entrevistar artistas, músicos… Por outro lado, adoro a ideia de misturar a rádio com o que as plataformas digitais nos permitem e de alguma forma tornar a rádio ainda mais próxima e interativa.
O Francisco está em cena com uma peça de teatro, o Show da Madame Liz Bonne.
FB – É uma personagem muito desafiante. É uma peça com jantar, no Cabaret Maxime, que celebra agora 69 anos com a reabertura do hotel. Estou também a fazer uma participação na novela Valor da Vida, da TVI.
Foi fácil “vestir” a personagem Madame Liz Bonne, dado que é tão diferente?
FB – Não é fácil, ainda para mais com tão pouco tempo livre. É uma fisicalidade completamente diferente da minha, são três horas em que ando de saltos altos. É muito texto que decorei de madrugada enquanto a Aura dormia. É daqueles papéis que quando estava a estudar pensava: “Será que algum dia vou fazer alguma coisa tão desafiante?” Há uma transformação muito grande, a voz muda, é muito interessante…
O humor faz parte das vossas vida, é uma característica comum. É a vossa terapia?
LB – Mais do que nunca. Alguém me disse uma vez que “as mulheres não tem sentido de humor em relação à gravidez e aos filhos”. Eu acho o contrário, só sobrevivem à gravidez e ao pós-parto com muito sentido de humor. Uma coisa muito importante para mim, para sentir alguma empatia com as pessoas, é fazerem-me rir e saber que rimos das mesmas coisas.
Quando foi apresentadora do Fama Show sentiu algum tipo de estereótipo por ser uma mulher bonita?
LB – Na minha vida sempre fui subestimada por ser uma mulher bonita. Por isso, foi mais fácil surpreender pela positiva. Para ser completamente honesta, eu própria tinha algum tipo de ideias feitas em relação ao Fama Show, mas aceitei o desafio e foi a melhor coisa que fiz. O Fama Show é uma escola incrível. Porque nós fazemos “N” reportagens por semana e temos de encontrar sempre ângulos diferentes e interessantes. Aquelas raparigas são incríveis, até porque além da reportagem também se edita. O Fama Show foi precursor, por isso é que o Daniel [Oliveira] está onde está hoje.
Têm projetos futuros mais pessoais?
LB – Andamos a ponderar fazer algo online acerca desta fase da nossa vida, só que neste momento há semanas que passo sem ligar o computador porque não consigo. Quem sabe no futuro, porque nos divertimos tanto nesta fase. E o Francisco tem razão, ainda há menos coisas para os homens que se tornam pais do que para as mulheres. Sempre que procurava coisas para o ajudar ou formas dele me ajudar a mim era muito difícil arranjar alguma coisa de homens para homens. Vamos pensar nisso quando conseguirmos dormir mais do que quatro horas.
Qual é o maior ensinamento destes quatro meses? Querem deixar um conselho para os futuros papás?
FB – Paciência e, acima de tudo, se gostam da pessoa com quem estão, podem avançar. Um filho mexe muito com a relação e se não falarmos muito… no nosso caso está a fortalecer muito a relação. Tenham paciência, respirem fundo e preparem-se para não dormir.
LB – E nos primeiros tempos arranjem uma bola de pilates que é mágica para os fazer adormecer. Preparem-se para a maravilha que é ver o mundo todos os dias de uma perspetiva completamente diferente. Nós passámos a querer ser a melhor versão de nós próprios para dar o melhor começo de vida àquela criança. Aproveitem isto para serem melhores pessoas e olhar para os outros com paciência. Não sabemos o que as outras pessoas andam a passar e se calhar têm outro bebé em casa…
FB – O que penso desde que ela nasceu, é que quero ser um bom exemplo para a minha filha, ela tem sido uma grande motivação para eu melhorar a minha maneira de estar.
LB – Em cada situação temos a oportunidade de acrescentar bem ou acrescentar algo menos positivo. E usamos esta experiência para ter maior compreensão pelo outro e acrescentar algo de bom às situações.
Texto: Ricardina Batista; Fotos: José Manuel Marques; Produção; Zita Lopes; Cabelo e Maquilhagem: Marta Cruz
Agradecimentos: Alma Moura Lisbon Residences, Aldo, Ikea, Zara
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