Há 15 dias, a vida de Luís Pitarma deu uma volta com a qual nem o próprio sonhava. O enfermeiro, que trocou o nosso país por outro em busca de melhores oportunidades, cumpre desde 2016 o sonho de trabalhar no hospital de St. Thomas, em Londres, e ficou conhecido como o enfermeiro português que esteve na equipa que cuidou de Boris Johnson, quando esteve passou para os cuidados intensivos por estar infetado com Covid-19.
O primeiro-ministro britânico agradeceu-lhe, bem como a uma colega da Nova Zelândia, à saída daquela unidade de saúde. «A razão pela qual o meu corpo conseguiu começar a receber oxigénio suficiente foi porque, a cada segundo, eles estiveram a vigiar, a cuidar e a fazer as intervenções que eu necessitava», disse o chefe do governo britânico.
Agora, foi a vez de Luís Pitarma, com quem Marcelo Rebelo de Sousa fez questão de falar por telefone, quebrar o silêncio. Através de uma nota de imprensa divulgada pelo Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido, o jovem contou como tudo aconteceu.
«Só queria que cuidassem dele como se fosse qualquer outra pessoa»
«Eu estava a vestir a minha farda antes do meu turno da noite quando me chamaram e disseram que o primeiro-ministro estava prestes a entrar na Unidade de Cuidados Intensivos. Fui escolhido para tratar dele porque tinham confiança em como lidaria bem com a situação», começa por recordar.
«Nervoso», assume, por ter em mãos uma responsabilidade «avassaladora», o enfermeiro, de 29 anos, natural de Aveiro, «não sabia bem» como se dirigir a Johnson. «Devia chamar-lhe Boris, sr. Johnson ou primeiro-ministro? O meu chefe acalmou-me e disse-me para ser eu mesmo, como sou com qualquer outro paciente», relata.
Acabou por perguntar ao próprio como «gostaria de ser chamado». «Ele disse-me para lhe chamar Boris. Isso fez-me sentir menos nervoso porque ele retirou qualquer formalidade. Só queria que cuidassem dele como se fosse qualquer outra pessoa», prossegue.
Luís Pitarma esteve «a seu lado nas três noites que passou na Unidade de Cuidados Intensivos». «Conversámos um pouco, incluindo sobre de onde eu era. Disse-lhe como tinha sonhado trabalhar no hospital de St. Thomas desde o primeiro dia de estudo em Portugal em 2009, quando aprendi sobre Florence Nightingale [enfermeiro conhecida por ter tratado feridos de guerra] e a sua ligação ao hospital», adianta.
«Agradeceu-me por lhe ter salvado a vida. Senti-me orgulhoso»
O agradecimento público de Boris Johnson aos enfermeiros deixa o português «orgulhoso». «Ele agradeceu-me por lhe ter salvado a vida. Senti-me extremamente orgulhoso por alguém como ele ter reconhecido a qualidade do meu trabalho. Fiquei muito feliz com as suas palavras, foram muito gentis. Espero que me possa encontrar com ele um dia quando ficar completamente recuperado», confessa.
Quanto ao telefonema que recebeu de Marcelo Rebelo de Sousa, garante que «foi bastante surreal», mas que também se sentiu «muito orgulhoso». «Agradeceu-me pelo que fiz, por ser enfermeiro e por representar o País. Sublinhou o apoio de todos no mundo inteiro. Foi uma mensagem muito querida e fiquei tão surpreendido, não sabia o que dizer! Ele convidou-me para ir ao Palácio de Belém quando estiver em Portugal», remata.
Texto: Ana Filipe Silveira; Fotos: Reprodução redes sociais
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