Liliana Campos lavada em lágrimas com história de vida
A morte dos pais e a menopausa precoce

Nacional

Liliana Campos confessou a Cristina Ferreira: «Precisei de ajuda de uma psiquiatra e entrei em depressão»

Sex, 01/03/2019 - 19:00

Liliana Campos sentou-se esta sexta-feira, 1 de março, em frente a Cristina Ferreira e protagonizou um dos momentos mais emotivos do programa das manhãs da SIC. A morte do pai em apenas seis horas, os anos em que teve de cuidar da mãe acamada, os sonhos profissionais adiados, o desejo da maternidade foram alguns dos temas abordados. No final, a ex-companheira de Manuel Luís Goucha agradeceu à anfitriã de Passadeira Vermelha por ter mostrado que «os que estão» na TV são «gente».

Filha de um administrador de uma companhia mineira e de uma doméstica, Liliana Campos, de 47 anos, nasceu em Angola. Os pais, emigrantes, regressaram a Portugal após o 25 de Abril de 1974. «Foi muito difícil, embora, como criança e criada com muito amor, haja muita coisa que foi ultrapassada. Para os meus pais, e hoje com a idade que tenho, percebo quão duro foi chegarem a um país onde não tinham ninguém». A família, recorda, passou os primeiros «tempos no aeroporto» e, depois, durante três anos, viveu num hotel. «Quando viemos de Angola eu não passei fome, mas os meus pais passaram», completa.

«Vivíamos dos subsídios que eram dados e do dinheiro que se tinha trazido, sendo que, na altura, deixavam trazer muito pouco. Graças a Deus, até àquela altura, a minha família vivia muito bem»

Quando o pai da apresentadora morreu, a mãe de Liliana, que «nunca tinha trabalhado na vida», deitou mãos à obra e começou a fazer bolos. «Eu estava a começar a trabalhar em televisão e, proporcionalmente, ganhava melhor do que ganho hoje, mas era a recibos verdes e estava alocada a um programa. Havia sempre receio que o programa acabasse. Tomei aquela carga da casa para mim», revelou.

«Foi o choque dizerem-me ‘o seu pai morreu’»

«O meu pai partiu [em 1997] muito de repente. Foram seis horas… ele teve um aneurisma na aorta. (…) Foi o choque dizerem-me ‘o seu pai morreu’». Cristina Ferreira quis saber se «ele conseguiu dizer alguma coisa». «Disse-me: ‘Filha, eu vou morrer e tu tens de tomar conta da tua mãe e do teu irmão’.

«Meti-me no carro para ir atrás da ambulância e já não o vi mais. Não me deixaram despedir (…) Eu tomei aquelas palavras muito, muito a sério. De certeza que se ele soubesse o peso daquelas palavras, nunca me as teria dito. Eu tomaria conta deles na mesma, mas sem abdicar de coisas que abdiquei para não falhar»

Em lágrimas, a condutora de Passadeira Vermelha deixou Cristina Ferreira em soluços. «Ai, Cristina, pensei que fosse mais fácil», desabafou a primeira. «Nós não somos só aparência. Nós temos vida e, às vezes, uma vida muito difícil», respondeu.

Liliana Campos explicou que a mãe esteve doente «quase cinco anos, quatro deles acamada, sem se mexer»: «Só mexia os braços. Ela teve um acidente cerebral-vascular [AVC], que foi muito forte».

«Foi um presente que caiu dos céus na pior altura da minha vida»

Durante esses anos, a comunicadora esteve sempre em televisão «com boa cara», disse-lhe Cristina, com a voz embargada. «Nunca faltei. O trabalho era o meu escape. Enquanto estava aqui, era a altura em que conseguia desligar um bocadinho de tudo aquilo que estava a acontecer. Eu estava a passar uma fase má a nível profissional, até que surge o Passadeira Vermelha [há seis anos]. Foi um presente que caiu dos céus na pior altura da minha vida», recordou.

Durante esse período, admite, foi-se esquecendo de si mesma. «Não podia estar pensar em mim, se tinha aquela pessoa que precisava tanto», frisa, aconselhando ainda os espectadores da SIC a «não fazerem isso». «As pessoas não podem esquecer-se delas, se não, depois, não conseguem estar bem para as outras que precisam», diz.

A mãe morreu em janeiro de 2016.

Liliana Campos sempre teve o sonho de ser mãe

Liliana sempre quis ser mãe e afirma ter instinto maternal. «Fui adiando a maternidade porque queria apaixonar-me como me apaixonei pelo Rodrigo [Herédia, com quem é casada desde 2016] para ser mãe. Mas, na altura em que a minha relação se torna mais sólida, em que eu vou viver com ele, a minha mãe ficou dependente. (…) A nossa relação ficou em segundo plano, muitas vezes em terceiro porque eu estava muito obcecada em que não falhasse nada lá em casa», revela, confidenciando ainda que o AVC da mãe aconteceu um dia depois de ter conhecido os pais do marido.

«Com os nervos, entrei em pré-menopausa. (…) Eu pensava que não podia ter um filho naquele momento. Ao contrário do que as pessoas possam pensar, eu não tinha dinheiro para ter duas pessoas em casa para fazer turnos [a cuidar da mãe]. Só conseguia pagar a uma e o resto foi dividido com o meu irmão».

Não conseguir concretizar esse desejo foi «um golpe duro». «O Rodrigo também queria ter um filho comigo, mas para eu me realizar enquanto mãe. Eu achava que ia poder sempre… (…) Precisei de ajuda de uma psiquiatra e entrei em depressão. Aqueles dois anos a seguir à partida da minha mãe foram muito duros», declara.

«Chorei tanto consigo, não imaginava esse sofrimento»

Rodrigo Herédia surpreendeu a mulher ao entrar em O Programa da Cristina. E também ele se emocionou. «É um privilégio estar ao lado de uma mulher como a Liliana. Ela tem um lado que… eu não conheço ninguém assim», elogiou o empresário, também em lágrimas. «Oh meu amor, nunca te vi assim», disse Liliana ao companheiro.

Nas redes sociais, os fãs da apresentadora do formato de comentário social da SIC elegeram a sua «coragem». «Chorei tanto consigo, não imaginava esse sofrimento», lê-se no Instagram. «Quando se vê o sorriso e a serenidade não se percebe as lutas e tempestades que vão lá dentro», outro seguidor.

Texto: Redação WIN, Conteúdos Digitais; Fotos: Reprodução Redes Sociais e Arquivo Impala

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