Júlio Isidro, de 75 anos, foi condecorado pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, com a Grã-Cruz da Ordem do Mérito. A cerimónia foi restrita, devido à pandemia da COVID-19, contando apenas com a presença da mulher, Sandra, e das filhas – Inês, Mariana e Francisca – do rosto histórico da RTP.
“Com Júlio Isidro aconteceu que o nome se transformou em função, de modo que já todos ouvimos gente da rádio ou da televisão dizer ‘Eu fui o Júlio Isidro dele’, expressão usada como sinónimo de pessoa que revelou um artista ou uma banda. De todas as facetas louváveis e invejáveis de Júlio Isidro, essa é uma das mais conhecidas: ter sido um ouvinte atento, um divulgador, um promotor, um amigo”, destacou o chefe de Estado, sob o olhar atento do consagrado apresentador.
“Ainda há poucas semanas, numa cerimónia com a família de António Variações, lembrei como teria sido diferente o panorama musical português se certos artistas não tivessem tido a oportunidade de se dar a ouvir, de se dar a conhecer, em programas como ‘Febre de Sábado de Manhã’ ou ‘Passeio dos Alegres’”, continuou.
Marcelo sobre Júlio Isidro: “É a nossa mais permanente companhia televisiva”
Marcelo Rebelo de Sousa defendeu ainda que os programas idealizados e apresentados por Júlio Isidro, ao longo das últimas seis décadas, “ajudaram também a consolidar uma televisão portuguesa de grande apelo popular, mas sem desvios deontológicos, conduzidos com elegância e leveza por uma figura empática, afável, confiável, amiga”. E classificou a carreira do condecorado como “louvável, invejável e muito invulgar”.
“É a nossa mais permanente companhia televisiva. Durante anos na RTP, depois na TVI e, nas ultimas décadas, de novo no canal público. Isto sem esquecer a sua importante carreira radiofónica, em especial nos anos de maior arrojo do Rádio Clube Português”, lembrou o Presidente da República.
Em jeito de remate, o chefe de Estado considerou “ainda louvável e invejável que Júlio Isidro seja hoje o mesmo Júlio de sempre”. E complementou: “Alguém de quem gostamos, que respeitamos, um velho conhecido eternamente jovem, que mal parece ter 60 anos de vida, quanto mais 60 anos de carreira. Não cabendo ao Presidente da República premiar a genética, pode reconhecer em nome dos portugueses o que é conhecido: seis décadas de talento, trabalho, constância e generosidade.”
“Vou contrariar alguns (poucos) que já me fizeram as exéquias antes de tempo”
Também esta quinta-feira, Júlio Isidro recorreu às redes sociais para assinalar a distinção que tinha recebido, horas antes, do mais alto magistrado da Nação. Num texto intitulado “Acontecer felicidade”, o histórico apresentador da televisão pública começou por referir que a atribuição da Grã-Cruz da Ordem do Mérito “estava marcada para 23 de novembro”, mas que fora adiada pelo facto de ter estado infetado com COVID-19.
“Agora, após a expulsão do intruso, vivi um daqueles momentos que nos marcam a vida. (…) Como disse Winston Churchill, as condecorações não se pedem, não se recusam, nem se agradecem. Não consigo resistir, grato como estou, a quem tem olhado para o meu trabalho (até os que o fazem de olhos em baixo ou enviesadamente), a Deus, pela saúde com que me tem abençoado para fazer, refazer e seguir em frente, à minha família, com quase cem por cento de mulheres, e aos portugueses, a quem nunca atraiçoei profissional e pessoalmente“, escreveu.
Defendendo que “a vida continua com o contrato moral” que assumiu com os “espectadores e ouvintes”, Júlio Isidro deixou uma promessa: “Vou continuar para os que sei que me querem e contrariar alguns (poucos) que já me fizeram as exéquias antes de tempo. A felicidade é um estado intermitente. Mas hoje, num dia em que o céu chora, eu sorrio de plenitude.”
Júlio Isidro apresenta, há nove anos, o programa “Inesquecível, transmitido pela RTP Memória. Integra ainda o painel de intervenientes do formato “Traz prá Frente”, exibido desde 2015 pelo mesmo canal.
Texto: Dúlio Silva; Fotos: Presidência da República
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