O livro do jornalista David López Canales– Herdarás o meu Reino– Da queda de Juan Carlos I à incerteza de Leonor: o relato necessário para compreender as crises da coroa – tem sido um caminho para as investigações das polémicas espanholas desde que o rei emérito abdicou do trono. Na obra é dado destaque ao facto de o soberano ter ficado alegadamente com 100 milhões de dólares de uma suposta comissão pela construção por parte de empresas espanholas, de uma estrada que ligaria Medina a Meca, na Arábia Saudita.
Mas não fica por aí: os negócios com a ex-amante CorinnaLarsen, escândalos, corrupção, cobrança de comissões … tudo levou a uma crise grande no País e que por consequência levou à queda do rei e à chegada ao poder de Felipe VI. Todas estas questões afetaram as instituições e deixaram uma sombra negra por cima do reinado do atual rei e do futuro da herdeira Leonor.
O livro não ficou por aqui e ainda revela conversas nas quais Juan Carlos assume a intenção de divorciar-se da rainha Sofia. Como tal, é Felipe VI quem tem feito os esforços para limpar a cara da Casa Real. E tudo também a pensar na filha, a princesa Leonor, que subirá ao trono. Mas uma coisa é certa: ninguém saberá ou poderá antever de que maneira é que a instituição real será recordada neste período.
O livro apresenta mesmo essa questão: “Este não é um livro de historiador. Nem um manual de ensino em que a vida dos protagonistas seja resumida em dois parágrafos. Como estes livros contarão a história de Juan Carlos no futuro? O que dirão dele?”. Canales responde ou: o rei Juan Carlos fica a ser conhecido como símbolo da democracia, ou o rei Juan Carlos, a pessoa que decidiu se autodestruir.
Texto: Maria Constança Castanheira; Fotos: Reuters e Reprodução Casa Real Espanhola