José Raposo
Indignado com a morte de José Lopes, arrasa o Estado português

Nacional

José Lopes foi encontrado já sem vida na tenda onde vivia, nos arredores de Sintra. José Raposo não esconde a indignação e ataca o Estado português por falta de apoio aos artistas.

Qui, 12/12/2019 - 9:04

José Lopes foi encontrado morto esta terça-feira, dia 10 de dezembro, na tenda onde vivia, em Sintra. O ator, de 61 anos, era um rosto do teatro e cinema independente português e os amigos e colegas de profissão ficaram muito comovidos e revoltados com a situação.

José Raposo não conseguiu esconder a revolta e, através das redes sociais, partilhou uma mensagem onde critica a posição do País em relação à cultura e aos artistas, uma vez que este rosto tão especial dos palcos portugueses acabou por falecer numa tenda, «sem meios para se sustentar».

«Aos 61 anos, este andarilho da cultura foi encontrado morto na tenda onde dormia [desde que a segurança social lhe cortara o rendimento mínimo], nos arrabaldes de Sintra, junto a uma estação de comboios. Não se sabe a hora nem o dia em que tal facto aconteceu. Dizem que morreu de causa desconhecida», começou por escrever.

«Que tristeza de país! Um dos maiores alicerces da Democracia supostamente seria a Cultura, mas neste país só se ouve falar em economia, economia, economia!!!! E acreditem, muitas pessoas ligadas às artes vivem em condições desumanas como acontecia com o José Lopes…! Estou indignado!», concluiu.

«Portugal pôs de parte grandes talentos. Há atores em situações muito complicadas»

Esta não é a primeira vez que José Raposo se mostra indignado com as condições de alguns artistas, que no passado tanto deram ao grande e pequeno ecrã e que, neste momento, se encontram a viver em condições precárias. 

Recentemente, o marido de Sara Barradas confessou à VIP estar triste pela forma como os atores mais velhos têm sido tratados em Portugal e afirmou que Golpe de Sorte acabou por ser uma «lufada de ar fresco» por trazer de volta ao pequeno ecrã grandes nomes da ficção nacional.

«É muito importante que os atores mais velhos e mais novos trabalhem juntos. A certa altura, as pessoas que decidem, começaram a pôr os mais velhos de parte. Isto começou há 20 anos. É uma coisa que nunca entendi e nunca vou entender. Os mais novos aprendem com os mais velhos, e vice-versa, portanto isto de voltarem a chamar os mais velhos não me surpreendeu», começou por confessar.

«Portugal pôs de parte grandes talentos. Há atores em situações muito complicadas, portanto Golpe de Sorte foi uma lufada de ar fresco para os atores mais velhos, que puderam regressar», terminou.

José Lopes nasceu no dia 31 de março de 1958, fez parte do elenco de várias peças de teatro, como Os Negros, Vida e Morte e Epopeia de Gilgamesh. Trabalhou com Luís Miguel Cintra, um dos maiores encenadores portugueses, com quem dava aulas de direção de atores, na Escola Superior de Teatro e Cinema. No cinema, trabalhou em produções como Adeus Lisboa, Interrogatório e Longe. 

Texto: Mafalda Mourão | Fotos: Reprodução Instagram e Arquivo Impala

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