Octávio Matos morreu este domingo, dia 3 de fevereiro, aos 79 anos, e José Raposo não tardou a dirigir uma mensagem de homenagem ao ator. «O Octávio era mais que um amigo, era visita de casa, era amigo dos meus pais, esteve na maternidade quando nasceram os meus filhos, tratou-me como um filho! Perdi mais um Mestre!», começou por escrever.
Numa fotografia com, seguramente, mais de duas décadas, José Raposo faz prova de que o contacto entre os dois sempre foi estreito. «Foi dos que no meu início me aconselharam, ensinaram, elogiaram! Quando comecei, personalidades como o Octávio eram referências para nós, era com eles que aprendíamos, principalmente no campo da comédia, eram os mais velhos que nos transmitiam um “humor português” de que agora parece que se tem vergonha! O humor do trocadilho, da anedota, o humor <revisteiro>, o nosso humor! O Octávio era um cómico nato, dos que se “sentava ao colo do público”! É uma perda irreversível!», sublinha, elogiando as capacidades óbvias do colega.
As críticas aos colegas de profissão
A mensagem de José Raposo salienta uma realidade que não compreende: o facto de a morte do ator ter «passado em branco» para a maioria dos intervenientes do meio artístico. «É injustíssima a falta de reconhecimento do talento enorme do grande Octávio Matos, por parte dos políticos que decidem quais os critérios de atribuição de méritos culturais aos atores (e não só!), por parte dos produtores, que decidem quais os critérios de escolha das características, idades e géneros dos atores (e não só!), por parte dos media que têm critérios muito estranhos de promoção dos atores e seus trabalhos, através dos likes no face que têm, e através da imagem e idade que têm…!», desabafa, ainda.
Por fim, o marido de Sara Barradas deixa uma mensagem particular ao veterano e à mulher, Isabel. «Só não tenho já muitas saudades suas, Octávio, porque estou sempre atrasado para o ir buscar a casa para irmos almoçar com a nossa malta ao restaurante do António, são sempre só mais uns minutos de espera… Portanto, até já!!! (um beijo grande Isabel!)», conclui. Com as hashtags «amizade eterna», «perda irreparável» e «até sempre», José Raposo despede-se em definitvo de Octávio Matos. Pelo menos, na mensagem.
A homenagem de Fernando Mendes
Também Fernando Mendes fez questão de dedicar umas palavras a Octávio Matos. Num texto emotivo, o apresentador relembrou os tempos de infância em que o ator estava sempre presente.
Leia, de seguida, o texto assinado pelo rosto principal d’ O Preço Certo.
«AO MEU QUERIDO OCTÁVIO
Pequenino e ladino. É do Porto, dessa gente sem rodeios que é de beijo na boca ou murro na mesa. Ao OCTÁVIO DE MATOS. Acho que o vi a primeira vez em palco no ‘nosso’ Maria Vitória, n’ O Prato do Dia ou no Pimenta na Língua, teria eu uns 7 anos. Conheci-o antes, que o Octávio era muito amigo do meu pai, guardião dos 4 miúdos Mendes de cada vez que ao Parque Mayer nos dava para ir petiscar, estando o meu pai em cena. A voz que não lembrava a mais ninguém, uma graça que invejava a tanta gente. Só mais tarde soube que o pai dele lhe deu o seu nome, que também era ator e… ilusionista. Adorava digressões. Tinha aquela estaleca dos estaladiços, levando comédia e teatro de revista às ex-colónias, onde houvesse emigrantes, pelo país fora. Por mais rica que seja ou um dia venha a ser, a revista à portuguesa e a comédia nunca vão ter maneira de pagar o que lhe devem. Os Mendes adoravam-no, seguiam-no na carreira, preocupavam-se com os desvios da sua sorte e a nossa Mãe Lídia sofria com os seus desamores. Teve os meus filhos ao colo e os meus netos talvez só lhe ouçam a voz nas dobragens dos desenhos animados, mas cá estarei para lhes contar as muitas histórias do OCTÁVIO DE MATOS. Era da família, de dentro da gente, como uma artéria do coração. Sei que estou na idade em que sou mais vezes convidado para funerais que para batizados mas, ora porra, quem manda NAQUILO LÁ EM CIMA bem podia tirar umas férias. Muito longas. Um beijo à Isabel e a todos os mais-que-tudo, nos quais os Mendes, modestamente e agora com muita saudade, se incluem.»
Texto: Tânia Cabral; Fotos: Arquivo Impala e Reprodução Instagram
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