José Da Câmara
JOSÉ DA CÂMARA cultiva o espírito tradicional da festa em família

Famosos

“É sempre especial cada Natal com os três filhos”
É rodeado pela família que José da Câmara, de 42 anos, celebra o Natal. Como de costume, a quadra será passada numa quinta em Borba, no Alentejo, onde a música terá um papel predominante, ou não se tratasse de uma família de fadistas.

Dom, 13/12/2009 - 0:00




É rodeado pela família que José da Câmara, de 42 anos, celebra o Natal. Como de costume, a quadra será passada numa quinta em Borba, no Alentejo, onde a música terá um papel predominante, ou não se tratasse de uma família de fadistas. No sapatinho José da Câmara não pede coisas materiais e assegura que ao longo dos anos tem recebido diariamente os verdadeiros presentes: "Saúde, família, os meus pais, os meus irmãos, os meus três filhos, a minha mulher". É casado com Joana da Câmara, de 39 anos, com quem tem dois rapazes e uma rapariga, José do Carmo, Vasco e Domingas de dez, oito e sete anos.

 

Como vão passar a quadra este ano?
José da Câmara – Nós tentamos e temos conseguido até hoje juntar a família. O Natal para nós enquanto cristãos e católicos é o festejo do nascimento de Jesus Cristo e no fundo é mais um pretexto para estarmos todos juntos, o que eu acho importantíssimo. Andamos durante todo o ano tão distantes por causa do trabalho… Temos a sorte de ter uma quinta em Borba onde cabemos todos. Normalmente, é ali que passamos a quadra natalícia.

 

Quais são as principais tradições da família?
Vamos sempre à Missa do Galo. Nunca falhei, pelo menos que me lembre. Nos últimos anos, por causa das crianças, temos ido às onze da noite. A distribuição dos presentes é feita na manhã seguinte. Acho mais apetecível, porque ficam a noite inteira a pensar no que Jesus irá dar de presente. De manhã, quase de madrugada, os meus filhos acordam para ir ver. Há noite pomos os sapatinhos em frente à árvore de Natal e do presépio.

 

Já tem alguma coisa especial preparada para dar aos seus filhos?
Isto é um cliché, mas há frases feitas que fazem muito sentido. O Natal transformou-se de tal forma num comércio que só se fala em presentes e não se fala, quanto a mim, do essencial. Obviamente não vou castigar os meus filhos não lhes dando presentes, vou-lhes dar. O que fazemos na nossa família é: eles escolhem uma coisa lúdica, mas de preferência didáctica com componente útil e prática. No almoço já alargado à família fazemos um sorteio em que uma pessoa oferece à outra. Procuramos dar coisas úteis, em vez de bugigangas ou coisas que não servem para nada, só para gastar dinheiro. E não é por forretice; acho que chega uma altura em que as crianças recebem tantas coisas que não dão valor a quase nenhuma. Quando era mais novo recebia um décimo do que os meus filhos já receberam e dava valor àquele brinquedo. Acho que é contraproducente ter presentes a mais.

 

O que seria um bom presente no sapatinho?
Antes de coisas materiais, muitas outras. No meu sapato o presente tem sido dado nestes últimos anos: saúde para a família, para os meus pais, os meus irmãos, os meus três filhos, a minha mulher. Estes são os verdadeiros presentes que uma pessoa tem no sapatinho diariamente. Hoje em dia não ligo nada a presentes. Adoro receber um par de meias bom e uma gravata, algo útil.

 

Qual foi o presente que o marcou mais quando era criança? Há algum Natal que recorde com especial carinho?
Foi uma bola de catchu que uma tia me ofereceu e que durou anos e anos, até se esfarelar toda. Mas eu sou um saudosista por natureza e quase todos os Natais me marcaram. Cada ano que ia passando ia faltando ou um avô, ou uma avó… Recordo com saudade aqueles Natais em que eu era pequenino e tinha os meus avós todos, os pais, os irmãos. Depois começa uma outra fase do Natal, que é quando o começamos a viver com os nossos filhos. É sempre especial cada Natal com os três filhos.

 

E pode ser que venham mais…
Não se sabe. Mas com as leis penalizadoras da natalidade no nosso país e enquanto o nosso governo penalizar o ter filhos, não me parece que venham mais. Mas gostava…

 

Que significado tem para si e para a família o Natal?
Acima de tudo é o nascimento de Jesus Cristo. Por tudo o que ele simboliza, para nós e enquanto católicos, tem de ser um dia de alegria, de partilha e de bondade por tudo o que Jesus nos transmitiu, já que estamos a festejar o seu nascimento. Pelo menos que nesse dia sigamos o exemplo que ele nos deixou. Bondade e amor, que larguemos as guerras, familiares muitas vezes, e que seja um dia de partilha familiar.

 

São esses valores que procura transmitir aos seus filhos através da educação?
As pessoas só se lembram destas coisas no Natal. De fazer as pazes, de ser amigo, de dar o ombro. Eu tento transmitir aos meus filhos, acima de tudo, que sejam sérios e amigos; a importância de serem honestos e dos valores da família, que é uma coisa que está tão em desuso. Infelizmente, os nossos governantes tentam legislar a favor da desunião da família e tudo têm feito para que se extinga e desapareça. Quando as leis são contra a natalidade, há qualquer coisa que não está a funcionar bem. Eu tento lutar contra isso e fomentar que os meus filhos se dêem com os primos, por exemplo. Da parte Câmara são 17, obviamente de idades diferentes, mas estão muitas vezes juntos. É importante que partilhem os mesmos valores.

 

E o que é a vossa típica ceia de Natal?
O meu Natal até há dois anos era cansativo, mas delicioso a nível gastronómico. O almoço do dia de Natal era na quinta da avó da minha mulher, a avó Manuela, com 130 pessoas, para o qual a Henriqueta e a Manuela, que são as criadas lá em casa, cozinhavam uns perus deliciosos. Depois metíamo-nos no carro e íamos até Borba, altura que o meu cunhado António, que é um grande gastrónomo, preparava com um requinte especial uns lombos de bacalhau com batatas assadas. E ainda tínhamos peru. Agora, fazemos o Natal só em Borba porque a avó Manuela morreu, aos 99 anos.

 

Na vossa família há uma grande tradição musical. Que importância é que tem a música nesta época?
As minhas irmãs, principalmente a Maria do Carmo e a Teresa, é que organizam essa parte. Quando estamos na quinta, antes da abertura dos presentes, os meus sobrinhos vão a cantar até ao presépio e à árvore de Natal. Fazemos uma fila por tamanhos e cantamos à volta do presépio, com as minhas irmãs a tocar. Elas são fantásticas a organizar esta parte. Era mesmo isto que nós fazíamos quando éramos pequenos. Cantávamos imenso entre nós e os nossos primos.

 

E aproveita para mostrar os seus dotes vocais?
Quem, eu? Não! A mim mandam-me calar. Canto com eles as canções de Natal. Depois, por graça, o filho da minha irmã e do meu cunhado António, o meu sobrinho António, já canta fado e o meu filho José do Carmo também. Ele está no conservatório em guitarra portuguesa. E fazem uma dupla a cantar. O meu filho Vasco é um bocado mais envergonhado, mas lá vai cantando. Cantam em grupo e todos bem!

Texto: Helena Magna Costa; Foto: Rui Renato

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