José Castelo Branco continua ‘na boca do povo’. Uns criticam, outros defendem, mas continua a ser falado. Zé Gouveia, comentador no programa ‘Noite das Estrelas’, da CMTV, pronunciou-se nas redes sociais para fazer um esclarecimento sobre o seu posicionamento a respeito deste caso.
“Em momento algum, em todo este processo, defendi alguém, tentei, com esforço, porque fui alvo das mais aberrantes críticas, ser imparcial. Tenho medo, já não por mim, mas por aqueles que de mim descendem, que vivemos uma sociedade medieval onde a justiça é feita pela boca do povo, num apedrejamento verbal que deixam marcas crónicas”, começou por dizer.
O comentador recordou o dia em que se soube da denúncia a José Castelo Branco por violência doméstica: “O povo correu desenfreado para as redes sociais condenando José a uma pena de prisão perpétua a uma imagem de agressor (sem provas apresentadas, sem sequer um testemunho na primeira pessoa) e começou o apedrejamento verbal“.
“Pode ser agressivo, verbal e fisicamente…”
Ainda no seguimento revelou que são amigos e acrescentou: “É um alvo fácil, a maioria achou piada às suas participações em reality shows, fez sucesso, foi copiado nas suas tiradas, mas não era figura consensual, e continua a não o ser. É um homem que se veste de mulher, que se maquilha como uma mulher, usa o cabelo como uma mulher, mas não é travesti, não se assume como homossexual, muito menos transexual, e não assumiu o novo género de não binário. O Zé é o Zé, é quem sempre quis ser, assumiu, teve a coragem, foi contra todos os preconceitos e abriu portas de armários que jamais, de outra forma, se abririam. O Zé não é uma pessoa fácil, é intenso, tem feitio, é teimoso, e erra demasiadas vezes, até com aqueles que estão do seu lado, pode ser agressivo, verbal e fisicamente, não se fica, não (como dizem os brasileiros) leva desaforo para casa“.
Contudo, destacou características positivas: “Mas também é cuidador, e foi, durante anos, testemunhei eu e quem privou com o casal Betty e José. Nem sempre terá sido correto, quem é numa relação de 30 anos? E até pode ter sido agressivo (não é sinónimo de agressor), pode ter contrariado as vontades de Betty, pode ter cansado a Betty, ter levado ela a ir onde não queria, ter feito o que não quereria, pode, e até pode ter atirado a Betty da escada abaixo, pode, podia, porque mais tarde soubemos que não havia escada, mas podem haver outras agressões, podem. Mas esperemos pelas provas, havendo, serei o primeiro a dar a mão à palmatória. Até ver só tenho uma certeza, a Betty, com quem tinha jantado dias antes do seu eterno internamento, com quem ri recordando o seu passado, com o seu humor particular, e raro numa mulher da sua idade, está sozinha, abandonada, num hospital longe das condições de uma mulher da sua condição social e da sua capacidade financeira, longe do José, que até prova em contrário, foi sempre o seu cuidador. Muito ainda se irá saber, sejamos só imparciais, nada mais“.
Texto: Maria Constança Castanheira; Fotos: Redes Sociais
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