Joaquim Sousa Martins
Chora ao ler, em direto, carta que o pai lhe escreveu antes de morrer

Nacional

Joaquim Sousa Martins diz que ainda não fez o luto pela morte do pai, que aconteceu em maio, e lê carta que este lhe escreveu antes de morrer.

Qua, 21/10/2020 - 13:23

Joaquim Sousa Martins não contém as lágrimas ao falar da morte do pai, que aconteceu em maio deste ano. O jornalista da TVI chora ao ler, em direto no Dia de Cristina, uma carta que este lhe escreveu antes de morrer.

«Não fiz luto. Porque o meu pai está aqui todos os dias. Acredito piamente que está a tomar conta de mim. Ele morreu com 82 anos. É o momento mais difícil da vida de uma pessoa. É horrível. E eu não me consegui despedir», começa por dizem em entrevista a Cristina Ferreira, esta quarta-feira, 21 de outubro.

«Há ali um momento de dor extrema, cortam um pedaço de ti», diz Sousa Martins

Esta não é a primeira vez que o editor de Desporto da Informação da TVI fala sobre o assunto. Apenas 4 dias após a morte do pai, esteve no Você na TV, à conversa com Manuel Luís Goucha. E cada vez que fala dele, não consegue evitar que as lágrimas lhe caiam.

«Não consigo falar do meu pai sem me emocionar. Não é uma emoção de tristeza, é uma alegria enorme de o sentir dentro de mim e ao meu lado todos os dias. Eu falo disto publicamente porque acho que é o que muita gente sente e não conta. Não vale a pena vivermos na profundidade da dor. Mais vale viver na superfície da alegria», assume.

Sousa Martins conta que o progenitor «já estava mal há cerca de dois anos». Mas que, ainda assim, não se preparou para a notícia da sua morte. «Tu ignoras constantemente o fim. No dia antes do meu pai falecer, a minha irmã liga-me e pergunta-me: “como queres fazer?” Estava a passear junto ao mar com a minha mulher e disse-lhe: “eu não vou para cima já”. Não vou atirar esta toalha para o chão, nem que seja por mais uma hora. Entretanto na noite em que ele faleceu, por volta das 5h da manhã, eu acordei precisamente às 5h da manhã. Pergunta-me lá porque! Voltei a dormir e depois o telefone tocou e eu já sabia o que era. Há ali um momento de dor extrema, cortam um pedaço de ti», desabafa.

«O meu estava numa instituição, porque era impossível tê-lo em casa. A minha mãe visitou-o todos os dias. A minha irmã, também, todos os dias ia ter com o meu pai e lavava-o a passear. E há um dia em que eu digo à minha mãe para vir a Lisboa, ir lá para casa um dia ou dois. E ela ia dando a volta à coisa. E há um dia, que com toda a sinceridade, disse: “vocês não percebem. Eu não vou para lado nenhum, porque o momento mais feliz do meu dia é quando vou estar com o vosso pai. Portanto, não me tirem isso”», conta.

Em lágrima, Sousa Martins lê a carta que o pai lhe escreveu antes de morrer

«Eu estava com o meu pai e ele não me reconhecia muitas vezes. É horrível, nem sei onde ia buscar forças. E eu entrava no planeta dele (…) Mas quando fiz 50 anos, no ano passado, escreveu-me uma  carta. Brutal. Não se lembrava de tudo, mas escreveu-me uma carta de pai para filho. Quando estou mais aflito na vida, vou ao telemóvel – porque tenho o papelinho guardado – vou às fotografias e leio a carta do meu pai», revela.

E com a voz tremida pela emoção, Joaquim Sousa Martins lê a carta que o pai lhe escreveu antes de morrer. «Já fazes 50 anos. 50 anos de vida com travessias difíceis. Arrelias e muitas batalhas vencidas. Foi a tua luta. Continua a lutar. Tu mereces muito mais, mais e mais. Que assinales mais dias felizes como este e vais vencer sem derrotas. Tenho a certeza que serás um campeão. Vencerás sempre com trabalho, saúde e amor. Ama a Andrea (mulher do jornalista) com toda a tua força. Tenho por ela estima e consideração. Parabéns e os anjos vão-te acompanhar. Eu sou o teu anjo protetor na vida de hoje e na vida que há de vir. Beijos do teu pai que muito te ama.»

Nem Cristina Ferreira conseguiu ficar indiferente a este momento. Os seus olhos brilharam mais forte e a voz falhou-lhe quando se dirigiu ao jornalista. Sousa Martins disse que não se pôde despedir do pai, devido à pandemia. Mas teve «uma longa conversa» com ele depois. E «cada fez que faço assim (levanta a mão para o ar), ele sabe que estou a falar com ele», diz.

E contou que, além da carta, tem um lenço do seu progenitor, que o «roubou» aquando da sua morte e que o acompanha nos momentos mais importantes.

«No dia que o meu pai faleceu, fui ao armário dele e tirei este lenço. Ando com ele, não todos os dias, mas em momentos que preciso dele. E cheira ao meu pai. Já o lavei, já lhe pus o meu perfume, mas cheira ao meu pai», revela.

Texto: Inês Neves; Fotos: reprodução Instagram e D.R.

 

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