TV 7 Dias – De volta à TVI, ainda que por pouco tempo, qual é a sensação?
João Paulo Rodrigues – É de volta por pouco tempo, como convidado da Cristina [Ferreira]. Eu gosto de estar com os meus amigos e a Cristina é uma pessoa de quem gosto muito. Fiquei muito amigo dela desde o primeiro dia em que nos cruzámos em “A Tua Cara Não Me É Estranha” e eu não podia dizer que não a uma amiga. E depois entrar aqui nestes corredores e ver que as pessoas que aqui estão são as pessoas que aqui estavam, as pessoas com quem eu trabalhei durante muito tempo, não consigo estar parado, tenho de estar a falar com toda a gente (risos).
E teve direito a uma surpresa muito especial durante a conversa…
Tive! Conseguiram pôr as minhas filhas a desenhar para mim. Como se percebeu, as minhas filhas são muito tímidas e muito envergonhadas, acho que saem ao pai [risos]. Fiquei muito feliz com esta surpresa. É engraçado que eu há bocado liguei à mãe das minhas filhas, à Juliana [Marto], e comentei: ‘Hoje vim aqui à TVI’, e ela: ‘É hoje que vais à TVI?’. E eu fiquei a pensar que não lhe tinha dito que vinha à TVI. Agora percebi! Foi uma surpresa muito boa. Acho que a única coisa que me faz ficar ali no limite para deitar uma lagrimita é quando me falam das minhas filhas ou quando elas aparecem.
Está à vista que a relação com a Juliana continua ótima.
Continua, claro que sim, nem eu conseguiria estar na vida de outra forma. Fazemos muitas coisas ainda juntos, enquanto pais da Rita e da Sofia, porque achamos que é importante que elas construam essas memórias dos pais juntos. Elas sabem que os pais não são marido e mulher, sabem que são bons amigos, mas que fazem coisas com elas juntos. O amor não funcionou, mas a amizade continua e é possível ter uma relação e bom ambiente.
Como é ver a Rita e a Sofia a crescer? Quais os maiores desafios?
A Rita fez agora 11 anos e já está naquela fase do ‘deixem-me estar sossegada’. Ela diz-me: ‘As pessoas não percebem que eu estou na minha, não estou a chatear ninguém, também não me chateiem’. Sempre fui muito sossegado no meu canto, muito discreto, e a Rita está a ficar como eu. Já tem aqueles repentes da pré-adolescência, mas é uma miúda muito doce, muito amiga e muito boa menina. Além de filha, é uma amiga. Não há dia em que ela não me ligue a contar o dia todo. A Sofia é um docinho. Tem quatro anos, quase a fazer cinco. Quando o pai está, está sempre agarrada ao pai. Fico todo babado, não larga o pai um bocadinho. Habituou-se que o pai no fim do dia vai para a sua casa, por isso aproveita os momentos todos comigo. Cavalitas, escondidas, vamos roubar chocolates à despensa da avó… Tenho a sorte de ter duas filhas, com idades diferentes, mas com uma relação muito boa, muito gira. Tenho muito orgulho daquelas miúdas e elas fazem de mim um pai muito melhor.
Há férias este ano? Já há destino?
Não tenho férias. A última vez que fui de férias foi para aí há três ou quatro anos. Enquanto humorista, as nossas alturas altas sempre foram junho, julho, agosto e setembro, que é a altura em que as pessoas normalmente fazem as férias e que existem as festas e os espetáculos ao ar livre. Só este ano é que não, infelizmente, esperemos que voltem rapidamente. Este ano também não vou ter férias, porque tenho de estudar. Tenho exame de Matemática e Física, vamos começar as filmagens do novo filme de Curral de Moinas no final de agosto e tenho outras surpresas também…
Essas surpresas serão na RTP?
Não posso dizer, mas tenho umas coisinhas preparadas. Uma delas tem a ver com música e outra tem a ver com teatro.
E o curso de piloto?
Já sou piloto há quase um ano. Eu estou num curso que é de comercial. A primeira fase foi de piloto particular, agora estou na parte do piloto comercial. Depois gostava muito de tirar o curso de instrutor.
Imagina-se a deixar a televisão para se dedicar aos aviões?
Não, de todo. Acho que é tudo conciliável. Essa é a forma como olho para a aviação, é tudo conciliável com a música, com a televisão, com o palco… Primeiro porque eu quero. Eu quero fazer essas coisas todas, porque me fazem bem, porque me fazem feliz. Acho que não ia conseguir abdicar de uma delas para fazer outra. Eu não aceito ser fechado numa gaveta e ser rotulado de “tu és apresentador” ou “tu és humorista”. E, sem falsas modéstias, acho que fui conseguindo mostrar, ao longo dos anos, que é possível passar de Quim Roscas, a pessoa que dizia asneiras no palco, a apresentador de daytime. Consegui provar que consigo ser apresentador, ser músico e, agora, ser piloto. E é isso que ensino às minhas filhas, que, no futuro, vamos ter várias profissões.
Está orgulhoso desse percurso?
Muito orgulhoso, porque nunca passei por cima de ninguém, nunca pedi um favor. Nunca usei uma oportunidade que pudesse prejudicar outra pessoa. Não consigo ter uma vantagem, sabendo que isso prejudica outra pessoa. Deixa de ser vantagem e passa a ser um pesadelo na minha cabeça. Orgulho-me porque sempre foi a pulso, fruto do meu trabalho. Isso é uma frase que o Pedro [Alves], o meu sócio, usa muito. Nós fomos fazendo o nosso caminho, sempre juntos, mas sempre fruto do nosso trabalho.
Texto: Mariana de Almeida; Fotos: Arquivo Impala, Nuno Moreira e Zito Colaço
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