Joana Solnado afirma ter sido vítima de assédio sexual. O caso aconteceu há 20 anos. A atriz, de 37 anos, frequentava um curso de teatro na Universidade Moderna, em Lisboa, quando um professor – famoso, segundo ela – terá feito mais do que uma investida sobre ela.
“O professor punha repetidamente a mão num sítio e noutro do meu corpo, o que me deixava bastante desconfortável. Uma pessoa mais ingénua podia achar que era mesmo assim”, afirma Joana Solnado, revelando que o alegado criminoso “era um ator conhecido” mas que, por “já ter morrido, não adianta revelar o seu nome”.
A atriz acabou mesmo por abandonar as aulas, não dando crédito às promessas que este homem lhe faria – a ela e a outras colegas. “Recordo que ele dizia que se fôssemos ‘boas’ tentaria arranjar-nos um papel aqui e ali. Lembro-me de lhe pedir por duas vezes: ‘Olhe, não faça isso, se faz favor.’ Não pareceu ter ouvido. Nunca mais fui às aulas”, conta.
Joana Solnado tem “esperança de que surja um nome concreto” em Portugal
Apesar de não revelar o nome do ator que acusa de assédio sexual, Joana Solnado defende, ainda citada pelo jornal Expresso, a exposição da identidade dos criminosos. “É importante que se discuta publicamente este tema mas, se não se falar de nomes, nada mudará”, diz, salvaguardando que entende por que motivo de, até agora, no meio artístico, ainda ninguém ter tocado em nomes.
“Claro que há várias razões para ainda não terem avançado nomes: há muito medo da ridicularização e de as pessoas acusadas responderem de forma acusatória e humilhante para a vítima. Pode ser a palavra de um contra a do outro e isso não vale nada. Porque quem denuncia a situação está numa situação mais fragilizada.”
Neta do falecido ator Raul Solnado, a atriz quer acreditar que o tema do assédio sexual vá ganhar uma maior projeção em Portugal. “Quanto mais se fala, mais gente treme, mas, enquanto não sair um nome, todos acham que sairão impunes. A minha esperança é a de que, depois do que houve nos Estados Unidos, com o #MeToo, surja por cá um nome concreto que sirva de exemplo de que as pessoas podem juntar-se e falar”, diz, aludindo ao movimento que levou à queda de nomes sonantes de Hollywood, como o produtor cinematográfico Harvey Weinstein, condenado, entretanto, a 23 anos de prisão por violação e agressão sexual.
Sofia Aparício e Débora Monteiro juntam-se ao coro de denúncias de assédio sexual
Em declarações ao mesmo semanário, Sofia Aparício alega ter sido alvo de assédio sexual por duas vezes e relata como tudo terá acontecido, contando que resolveu ambos os casos com recurso à violência.
Também a colega de profissão Débora Monteiro diz ter sido vítima do mesmo crime. No seu caso, a atriz afirma que um superior hierárquico fez investidas sobre ela e que, com as negas dadas, passou a ser alvo de humilhação nos bastidores de uma produção televisiva. A sua história era, alegadamente, do conhecimento de outros, que nada fizeram para travar o sucedido.
Nos últimos meses, várias figuras públicas vieram alegar ter sido vítimas de assédio sexual. As denúncias começaram a multiplicar-se depois de Sofia Arruda ter contado o seu caso a Daniel Oliveira, no programa da SIC “Alta Definição”. Desde então, Barbara Guevara, Carolina Deslandes e Catarina Furtado, entre outras mulheres, falaram abertamente sobre os seus casos.
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Texto: Dúlio Silva; Fotos: Arquivo Impala
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