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JOANA ALVARENGA diz que regressou da tribo mais paciente e a dar mais valor à comida

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“Vou ter prazer em contar aos meus filhos a aventura na tribo”
“Quando me disseram que ia para as ilhas Vanuatu eu pensava que ia ser uma espécie de Lagoa Azul, mas no Pacífico Sul e a beber cocos.” Afinal, não foi nada disto que Joana Alvarenga, de 25 anos, encontrou na tribo Nakulamené onde esteve 23 dias a participar no programa Perdidos na Tribo, da TVI. Dificuldades, fome e provas que atentavam contra a sua consciência, foi o cenário que teve de enfrentar.

Qua, 08/06/2011 - 23:00

Quando me disseram que ia para as ilhas Vanuatu eu pensava que ia ser uma espécie de Lagoa Azul, mas no Pacífico Sul e a beber cocos." Afinal, não foi nada disto que Joana Alvarenga, de 25 anos, encontrou na tribo Nakulamené onde esteve 23 dias a participar no programa Perdidos na Tribo, da TVI. Dificuldades, fome e provas que atentavam contra a sua consciência, foi o cenário que teve de enfrentar. Uma aventura que, mesmo assim, vai guardar com carinho na memória para um dia mais tarde poder contá-la aos fillhos e netos. As saudades do namorado, Nélson Vieira, de 30 anos, com quem namora há seis anos, foram difíceis de gerir, mas o reencontro compensou.

VIP – Veio uma mulher diferente da tribo?
Joana Alvarenga – Não sei se vim muito diferente, mas mudaram algumas coisas em mim. Como por exemplo, passei a dar mais valor à comida. Nunca tinha passado fome e lá realmente senti o que era ter carência de alimentos. Passei a dar mais valor ao que me rodeia, como uma simples cadeira e uma mesa, que lá faziam falta. Vim também um bocadinho mais paciente. Sou muito impulsiva e intuitiva e no programa fui muito genuína. No entanto, acho que vim mais tolerante no sentido de parar para pensar porque é que as pessoas fazem e dizem determinadas coisas. Lá, tínhamos de colocar muitas vezes esta questão. Posso dizer que mudei essas pequenas coisas em mim, mas continuo a ser a mesma Joana que fui.

Deu por si a ter reacções contrárias à sua habitual maneira de ser devido às circunstâncias?
Sim. Senti que quando tinha muita fome ficava irritada e sem paciência e que por vezes tinha algumas reacções um bocadinho brutas e fora do normal. A falta de comida mexe com a nossa auto-estima e sistema nervoso. O facto de dormirmos mal também não ajuda a estarmos com aquela alegria.

Esta experiência fê-la ver o mundo de outra forma?
Sem dúvida. As pessoas de Vanuatu foram consideradas as mais felizes do mundo e são. Estão sempre com um sorriso na cara. Com tão pouco conseguem ser felizes.

O que achava que ia encontrar lá?
Quando me disseram que era nas ilhas Vanuatu eu pensava que ia ser uma espécie de Lagoa Azul, mas no Pacífico Sul, a beber cocos, que ia ser na praia e não correspondeu a nada disso. Só para ir até à praia demorávamos três horas. Mesmo que estivéssemos livres a partir das duas da tarde chegávamos lá já estava a anoitecer e não tínhamos como voltar. Imaginei também que ia haver muita fruta e peixe por ser ao pé do mar.

Afeiçoou-se a uma senhora…
Deixei lá a minha "avó", que foi uma senhora que me acolheu como uma neta. Senti um grande carinho por ela, tivemos uma grande ligação que ainda hoje me vêm as lágrimas aos olhos quando falo dela.

Chorou quando teve de se despedir?
Chorei. Ela aturou as minhas birras, tratou de mim quando fiquei doente e isso mexeu comigo, porque é uma pessoa puramente genuína.

O cachet foi decisivo para aceitar o desafio?
O cachet pesa sempre, mas se medir as dificuldades que passámos o dinheiro é mínimo. Não vale a pena ir pelo dinheiro, tendo em conta as adversidades físicas e psicológicas. Não posso dizer que fui mal paga, porque comparando com alguns concorrentes se calhar até recebi um bocadinho mais, mas não foi isso que pesou na minha decisão. O que pesou foi a aventura, porque nunca mais vou ter a hipótese de viver numa tribo e nunca iria de livre e espontânea vontade passar férias para uma tribo. Era agora ou nunca. Um dia mais tarde vou ter muito prazer em contar aos meus filhos e netos.

Algumas tarefas foram para si difíceis de realizar, nomeadamente matar uma galinha à paulada.
Foi duro e chocou-me a forma como matam e tratam alguns animais. Sou uma defensora dos animais, não gosto de vê-los sofrer e muito menos ter de ser eu a fazê-lo. Quando me disseram que eu tinha de matar a galinha à paulada foi uma decisão que me custou. Só aceitei por ser uma prática normal na tribo e eu estava ali para passar pela cultura deles.

Na tribo também matam cães. Foi-lhe sugerido que o fizesse?
Os rapazes não superaram uma prova e como castigo a tribo queria sacrificar um cão. Quando me disseram que queriam fazer isso eu achei de uma brutalidade tremenda. Tive de me impor e disse que não faria parte daquela tribo. Eu respeito os princípios deles, mas também agradeço que respeitem os nossos. Expliquei-lhes que na nossa cultura um cão era tratado como um elemento da família. Eles respeitaram, foram sensatos.

Tendo em conta os seus valores, achou que estava a fazer coisas que atentassem a sua consciência?
Matar a galinha foi contra os meus princípios e a minha forma de estar com os animais. Nunca faria aquilo na vida e não vou voltar a repetir. Mas há outras coisas que iam contra os meus princípios, como as mulheres serem tratadas abaixo do porco. Sou defensora dos direitos de igualdade e detesto machismos. As mulheres servem para cozinhar, cuidar e terem os filhos e rigorosamente mais nada. São mandadas por eles.

Portanto, ali é que viu mesmo o que era viver numa sociedade machista.
Sim e chocou-me. Fui criticada porque tentei várias vezes mostrar a minha opinião e ir contra as regras. Tentei fazer algumas actividades dos homens, como lançar o arco, e fui castigada por isso, eles foram pescar e eu tentei ir para o mar com eles e não me deixaram. Nós mulheres tínhamos de ficar a apanhar búzios.

E foi assediada?
Não, os homens da nossa tribo não mostraram interesse em nós. É uma vergonha (risos)! Mas acho que eles só devem ter relações sexuais para terem filhos.

E como foi gerir as saudades do Nélson?
Foi muito difícil, mas estava disposta a fazer tudo para não andar por lá a choramingar, até porque não era isso que o programa pedia. É lógico que me lembrava dele todos os dias, mas tentava distrair-me para pensar o menos possível nas pessoas que gosto. Levei fotografias nossas, mas tentava olhar o menos possível porque sempre que as via vinham-me as lágrimas aos olhos.

Como foi o reencontro?
Foi tão bom. Fiquei sem palavras. O Nélson foi um querido e juntou os meus melhores amigos no aeroporto. Nunca houve nenhuma comunicação enquanto estive na tribo. Só queria que se abrissem as portas no aeroporto e ele foi a primeira pessoa que eu vi, eu estava com as lágrimas nos olhos. Nunca tinha sentido um momento tão forte porque nunca estivemos separados.

E que projectos tem agora?
Continuo com a moda e vou abrir um espaço lounge na praia de Valadares, em Gaia, com a parceria da Nosolid que vai disponibilizar pufes topo de gama. Será uma esplanada única no País. Vai funcionar de manhã até às duas da madrugada e será à base de sumos naturais com álcool ou sem álcool. As pessoas escolhem a fruta do cesto e a bebida é feita à frente do cliente. Abre dia 9 de Junho e estará a funcionar só no Verão.

Texto: Helena Magna Costa; Fotos: Paulo Lopes; Produção: Manuel Medeiro; Cabelo e maquilhagem: Tita Costa com produtos Maybelline e L'Oréal Professionnel 

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