João Baião
“Já levei algumas ‘bofetadas’, mas nunca me fecho aos outros”, confessa JOÃO BAIÃO

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Apresentador lança livro sobre as suas experiências pelas estradas lusas com o apoio da família e dos amigos
Foi com o livro Pelo Coração de Portugal que, aos 47 anos, João Baião fez a sua estreia na escrita. A obra foi pretexto para um encontro com o apresentador da RTP que, ao contrário do que a longa carreira artística indica, revelou uma timidez inesperada. E uma enorme paixão pelas pessoas e pela vida.

Qui, 04/08/2011 - 23:00

 Foi com o livro Pelo Coração de Portugal que, aos 47 anos, João Baião fez a sua estreia na escrita. A obra foi pretexto para um encontro com o apresentador da RTP que, ao contrário do que a longa carreira artística indica, revelou uma timidez inesperada. E uma enorme paixão pelas pessoas e pela vida.

VIP – Como surgiu a ideia deste livro?
João Baião – Surgiu há cerca de um ano, a convite da editora. Na altura pareceu-me uma ideia estranha. Mas depois achei que faria sentido, pela minha experiência como comunicador que, pelo seu trabalho, viaja, tem contacto com as pessoas… e descobri alguns recantos deste País com uma riqueza quase infindável. Até é uma forma de homenagear as pessoas que me têm recebido pelo País de forma muito autêntica.

Destaca algum sítio em especial?
Talvez Beja, porque é a terra dos meus pais. Foi aí que passei parte da minha infância, que esfolei os joelhos quando aprendi a andar de bicicleta. E recordo Sines com muitas saudades porque tive lá uns tios meus, onde passei muitas férias, onde praticamente descobri o cinema e na altura a praia era extraordinária.

Gosta de viajar?
Adoro viajar. Adoro conduzir. Sempre que posso, prefiro ir de carro em vez de avião. Mesmo quando estou a trabalhar, gosto de ir um dia antes, à minha vontade. Gosto da liberdade de me poder movimentar de acordo com o meu estado de espírito.

Conduz para descomprimir?
Sim. Sobretudo gosto de viajar sozinho porque é uma forma de controlar o stress, largar-me à estrada, ouvir a minha música…

Conhece muito bem Espanha, então?
Sim, vou muito a Madrid porque adoro a cidade, é muito cosmopolita, e porque podemos andar à vontade. Não que aqui não ande, mas quando estou sozinho fico sempre muito inibido, sinto-me um bocadinho "peixe fora de água".

Considera-se uma pessoa tímida?
Sim, bastante. Quando saio do meu habitat, quando me sinto desprotegido, fico tímido. Aqui mesmo (na esplanada), parece que toda a gente está a olhar para nós.

É um dos apresentadores mais populares da televisão e no teatro acabou por fazer peças menos mainstream, como Brecht e Shakespeare. Faz essa escolha propositadamente?
Depende muito das propostas que vão surgindo. Às vezes é difícil traçar um percurso coerente, mas acho que é da diversidade que se cresce e se aprende. Com um programa diário, é complicado arranjar tempo, mas tenho tentado conciliar o teatro com a televisão, é o caminho que eu quero seguir.

Apoia-se nos amigos nos momentos mais complicados. A amizade é importante para si?
São um pilar fundamental da minha vida. A amizade está quase ao mesmo nível que a família. Felizmente, ao longo da minha vida, tive a sorte de encontrar pessoas que têm muito a ver comigo.

Também tem uma relação muito próxima com a família…
Sim, muito. A minha mãe queixa-se que devia ir lá mais vezes, mas imagino que todas as mães sejam assim. Muito mais agora que perdi o meu pai. Acho que é importante preservar esses alicerces. Principalmente porque tenho uma profissão em que lidamos muito com exposição. Inconscientemente criamos defesas e na família isso não acontece.

Fecha-se um pouco ao mundo por medo que se aproximem de si pelas razões erradas?
Não. Já levei algumas "bofetadas", já sofri algumas desilusões, mas nunca me fecho aos outros. Hoje em dia já consigo estar em casa sozinho, já procuro silêncio, mas fui sempre uma pessoa muito aberta aos outros. Mesmo às pessoas que me desapontaram, tentei sempre dar o benefício da dúvida. Hoje, já não desvio o meu caminho para os que não merecem. A amizade deve ser bilateral.

Sempre foi muito discreto quanto à sua vida íntima, é um homem apaixonado?
Sempre fui discreto porque essa é a parte que ajuda a "recarregar as baterias". Mas sou uma pessoa sempre apaixonada. Ou fazemos as coisas com intensidade, com energia, com entrega, ou mais vale não fazer.

Tem 47 anos, teve algum sintoma da crise de meia idade?
Acho que ainda não. Não é que seja hipocondríaco, mas agora estou mais alerta na prevenção de certas doenças, mas como tenho uma alimentação equilibrada, faço desporto e sinto-me com muita energia, não há razão para preocupação. Mas gosto de cuidar de mim.

Texto: Elizabete Agostinho; Fotos: Liliana Silva; Produção: Manuel Medeiro; Maquilhagem: Tita Costa com produtos Maybelline e L'Oréal Professionnel

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