Isabela Valadeiro, de 22 anos, foi a convidada de honra do programa Alta Definição, na SIC, na tarde deste sábado, dia 1 de junho. A atriz, que faz parte do elenco de Golpe de Sorte, é natural de Santo Amaro, uma aldeia no Alentejo, que guarda no coração.
«Aquilo é campo, é sossego. Vir para a cidade é outro mundo», começa por dizer. De sorriso no rosto, Isabela é uma neta, filha e irmã muito orgulhosa.
A relação com o irmão mais velho, com mais dez anos de idade, é especial. «É o meu protetor. Acho que hoje em dia ainda está mais.» O meu avô chamava-lhe «cegonha das pernas altas», mas é quando fala dos pais que a atriz não consegue conter as lágrimas.
O elogio que nunca deu ao pai
«O meu pai é um homem muito altruísta. Hoje quando vou à aldeia ele diz: ‘Tu vais continuar a falar com estas pessoas’. É sem dúvida um exemplo para mim, nunca disse isto. Mas é», começa por revelar. E é nesta altura que a emoção toma conta de Isabela Valadeiro. Daniel Oliveira pergunta-lhe por que nunca deu este elogio ao pai.
Com as lágrimas nos olhos, responde: «Nunca calhou. Nunca privei tanto com ele em determinados assuntos. Se calhar devia ter privado, mas ainda estou a tempo. Foi só uma abertura que se foi construindo [mais com a minha mãe]».
«Na verdade sou muito menina da mamã, sempre partilhei muito com ela. Não consigo comparar a uma amizade, é uma coisa de mãe e filha. Ligo muitas vezes à minha mãe e ela percebe-me perfeitamente. É muito prática nas coisas que diz, é bola para a frente», conta.
Voltando a falar do progenitor, Isabela diz com certeza que sente o orgulho do pai no percurso que tem construindo. «Por ele não se expressar tanto, talvez eu também não me expresso tanto. Mas vejo que ele tem orgulho em mim e que, sem dizer, tem muita orgulho na minha escolha.»
Atriz assume que não sabe lidar com a morte
A avó também tem um papel fulcral na vida da atriz. Quando lhe pergunta se a gosta de ver na novela, Isabela já sabe que recebe sempre a mesma resposta: «Ó filha, o importante é teres saúde».
Imaginar que, um dia, perderá a avó é algo que a jovem de 22 anos não consegue fazer.
«Não estou preparada para perder a minha avó. Não estou preparada para perder nenhum deles. Segundo a minha avó, a lei da vida diz que seja primeiro os avós, depois os pais… Mas isto calha-me a mim. Não sinto que esteja preparada.»
A chegada difícil a Lisboa
A vinda para Lisboa aos 18 anos nem sempre foi fácil. «Cheguei a Lisboa, num quarto mais com quatro pessoas, o meu irmão deixou-me lá e assim que ele fechou a porta caiu-me tudo. Queria voltar para os braços da minha mãe. Ganhei consciência de que estava por minha conta», explica.
Começou a trabalhar e a estudar ao mesmo tempo. «Estava a trabalhar numa loja de cigarros eletrónicos. O primeiro mês foi teste, mas depois safei-me. Saia da loja e ia para a escola», conta.
O dinheiro não abundava, mas Isabela Valadeiro garante que nada lhe faltou. «Passei semanas sem quase dinheiro na conta. Ia ao supermercado e em vez de comprar dois sacos de pão, comprava só um. Mas nunca me faltou nada, nunca passei fome.»
Foi já a viver em Lisboa que lhe disseram: «Tu devias ser modelo». Isabela seguiu o conselho e «de repente fez um casting e ganhou». Ganhou o concurso Face Model of The Year, em 2016, e a hipótese de ser atriz não demorou a chegar. Após duas novelas na TVI, mudou-se para a SIC onde interpreta a personagem Telma, na série Golpe de Sorte.
Os amigos e os hobbies de que não prescinde
Focado na carreira como atriz, só há um medo que assombra Isabela Valadeiro. «Tenho medo de, por estar tão focada, ir deixando pessoas para trás. Eu sou muito workaholic e se não tiver tempo para estar com os meus amigos não vou estar. Tenho medo de não estar em momentos cruciais da vida deles. Já aconteceu, já deixei de ver amigas minhas. Isso é que me incomoda. Eu quero que elas sintam que podem contar comigo», confessa, com a voz embargada.
Por fim, Isabela Valadeiro revela três hobbies nunca antes revelados e bastante peculiares. A atriz gosta de tocar trompete, imitar Aníbal Cavaco Silva e escrever poesia.
Quanto ao maior elogio, a Telma de Golpe de Sorte conta: «Já ouvi colegas a dizerem-me que sou bonita por fora e linda por dentro. É bom ouvir isso de pessoas que me conhecem há meses».
Texto: Mariana de Almeida; Fotos: Impala e reprodução Instagram
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