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ISABEL QUEIROZ DO VALE confessa ser uma mulher feliz por conseguir reunir toda a família na noite de Natal

Ladeada por sete dos oito netos, Isabel Queiroz do Vale recebeu a VIP em sua casa, na Beloura, onde gosta de reunir a família. Com mais de 40 anos de carreira como cabeleireira, considera-se uma mulher realizada, principalmente ao olhar para as três filhas, Madalena, Ana e Teresa. No Natal, apenas a recordação da filha Marta, que morreu jovem num acidente de viação, deixa-lhe um sentimento de melancolia.

VIP – O Natal é mais uma ocasião para reunir a família?
Isabel Queiroz do Vale – Sim, mas felizmente reúno muitas vezes a família, não digo todos os dias, mas anda lá perto.

Como é o Natal da família?
Umas vezes é aqui, outras na casa de uma das minhas filhas. Normalmente esperamos sempre até à meia-noite para que chegue o Pai Natal com os presentes, às vezes vem cá a casa, depende se os meninos se portam bem [diz, para as netas ouvirem]. Depois, reunimo-nos ao almoço, mas claro que as minhas filhas têm de se repartir com as famílias dos maridos.

A passagem de ano também é uma noite de festa?
Normalmente é mais tranquila. Adoro sair, mas nestes dias de confusão prefiro estar mais calma. Gosto imenso de estar em casa, apesar de também adorar viajar. Se pudesse viajava mais, acho que para além de estar com a família é a coisa que me dá mais prazer. Viajo muito profissionalmente, mas tento juntar o útil ao agradável. Após um congresso, por exemplo, fico mais um dia para poder conhecer melhor.

Vai a muitos congressos. Tem a necessidade de se manter atualizada?
Tenho uma sede enorme de novidade e hoje em dia não se pode estar de outra maneira, o mundo avança de forma tão rápida que temos de acompanhar, se não ficamos para trás. Principalmente no mundo da moda, que tem uma evolução constante.

Acha que esse é um dos segredos do seu sucesso?
Acho que o segredo do meu sucesso é o facto de gostar muito daquilo que faço, fazê-­-lo com muita seriedade e de uma forma pioneira. Penso que o meu maior desafio é fazer algo que ainda não está feito, o que hoje em dia também é muito difícil porque já está quase tudo feito, mas é bom fazer coisas que suscitem a curiosidade. 

Tem 40 anos de carreira, quando soube que este seria o seu caminho?
Acho que o caminho se foi traçando, nunca tracei um plano do meu caminho profissional. Espontaneamente, desembarquei no local certo.

Mas queria ser cabeleireira?
Comecei a trabalhar tão cedo… Comecei a trabalhar aos 12 anos, por necessidade, para ajudar a criar a minha família, e possivelmente porque tinha alguma apetência pelo mundo da imagem. Mudar as pessoas dá-me um prazer enorme, acabei por ir parar a um cabeleireiro. Depois as coisas sucederam-se e acho que consegui fazer tudo de uma forma muito superior àquilo que me poderia ter passado pela cabeça.

O SPA foi um novo desafio na sua vida?
Sim, completamente. Há dez anos, havia o desejo de fazer algo novo, os SPAs existiam noutros países, mas aqui só havia nos hotéis e eu queria criar um day spa. E a prova que teve sucesso é que hoje em dia esse tipo de espaço prolifera por todo o lado, portanto está na hora de criar outra coisa qualquer.

Já tem planos?
Ando a magicar. Já temos alguma coisa prevista para 2012, mas ainda é muito cedo para falar disso.

Não tem vontade de parar e descansar, usufruir de tudo aquilo que criou?
Não, felizmente tenho saúde, tenho vida e continuo com vontade de fazer. Gosto de acordar e saber que sou obrigada a sair de casa. Esta fase está a ser dura, por causa da crise, mas tentamos adaptar-nos ao mercado e acho que as pessoas, em tempo de crise, precisam ainda mais de se tratarem, olharem-­-se ao espelho e sentirem-se bem, precisam de estar bem fisicamente.

Já que passa o dia a tratar dos outros, arranja tempo para tratar de si?
Tenho de ter. Quando há um vazio ou fora de horas, usufruo dos serviços do SPA, claro.

Nenhuma das suas filhas seguiu o seu caminho. Incentivou-as a fazerem coisas diferentes, ou foi uma coincidência?
Incentivei as minhas filhas a fazerem algo de que gostassem realmente. Só havia uma lei lá em casa: tinham de acabar o ensino secundário. Felizmente, todas elas tiraram um curso superior. A Ana e a Madalena são arquitetas, a Teresa é de Gestão, e a Marta foi a única a quem a vida não deixou fazer esse percurso, mas acaba por estar presente nas nossas vidas também.

Nestas alturas, é mais difícil, recorda mais a ausência dela?
Como ela está sempre no meu pensamento, eu achava que as datas não seriam especialmente mais difíceis, mas são de facto momentos que se vivem com mais melancolia… mas tenho três grandes motivos de orgulho na minha vida: as minhas filhas São o meu bem maior, a minha fortuna, são o meu melhor investimento.

É uma avó diferente da mãe que foi?
Eu penso que não os deseduco muito, mas também nunca fui muito dura com as minhas filhas. Havia determinadas regras, mas nunca fui muito dura, portanto sou mais ou menos igual com os meus netos, gosto de os ter comigo, de brincar com eles, que durmam cá em casa.

Acha que hoje em dia é mais fácil ou mais difícil conciliar a maternidade com a carreira?
Acho que hoje em dia é mais difícil porque é mais difícil ter meios. Mas eu tive uma carreira, tive quatro filhas e não foi por isso que deixei de ter a carreira que tive. Penso que também lhes dei o melhor que pude e a prova que não faltei muito é que tenho a família que tenho; por isso, acho que tudo se consegue, depende muito da organização de cada um. Às vezes é preciso deixar umas coisas para trás para poder fazer outras. Acho é que é muito importante as mães que trabalham, quando estão livres estarem com os filhos e isso eu sempre tentei fazer.

Texto: Elizabete Agostinho; Fotos: Rui Costa; Produção: Marco António e Ana Tristão Maquilhagem: Vanda Pimentel com produtos Maybelline e L'Oréal Professionnel

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