É com um sorriso que Inês Lopes Gonçalves gosta de levar a vida. Aos 37 anos, divide-se entre o papel de mãe de gémeos, com quase quatro anos, a locução nas manhãs da Antena 3, a coapresentação de Traz Pra Frente, na RTP Memória, o talk show 5 Para a Meia Noite, às sextas na RTP1, e tudo o que ainda consegue fazer.
Confessa que tem “bicho carpinteiro” e que quer “sempre fazer mil coisas e ir a mil sítios”. Começou por querer ser jornalista e, por isso, depois de terminar o curso de Ciências da Comunicação, foi estagiar para a redação da Rádio Renascença e lá ficou por cinco anos. Seguiu-se a televisão com a ida para a Sport TV. Também aí foi jornalista. E depois surgiu a Antena 3. “E aí foi a minha estreia no entretenimento. Adquiri o estatuto de freelancer e comecei a colaborar com a Time Out, depois o Canal Q”, lembra a apresentadora. Já lá vão alguns anos, mas Inês ainda não se habitou a estar do outro lado, por isso quando as perguntas foram sobre os filhos gémeos de quase quatro anos ou sobre a relação de mais de dez anos que mantém com o baterista Ivo Costa, a apresentadora preferiu não dar resposta. “É estranho estar agora aqui deste lado”, disse a locutora, justificando: “Quando não tenho muitas certezas sobre determinados assuntos prefiro seguir o meu instinto e ele diz-me que devo proteger a minha família. Sei que a televisão desperta curiosidade sobre as pessoas que lá trabalham, mas houve um momento ou outro em que me expus um pouco mais e não foi bom.”
A apresentadora tem um percurso na rádio e na televisão com que se tem “divertido muitíssimo”. “Tenho tido oportunidades, as circunstâncias também têm sido ótimas”, refere, naquela que foi a primeira entrevista à revista VIP, onde deu a conhecer um pouco mais a sua forma de estar na vida e na profissão.
VIP – Como aconteceu o 5 Para a Meia Noite?
Inês Lopes Gonçalves – Foi um convite do Gonçalo Madaíl, da direção da RTP, o programa ia regressar num formato diferente daquele que existia anteriormente, ser semanal, em vez de ser diário e fui desafiada para entrar para o painel que, na altura, contava também com o António Raminhos.
Já conhecia a Filomena Cautela?
Não nos conhecíamos muito bem. Já nos tínhamos cruzado e pouco antes do programa começar, em outubro de 2016, tínhamos trabalhado juntas no NOS Alive, para a RTP.
São amigas?
Não, odiamo-nos, mas disfarçamos lindamente apesar de eu achar que se discutíssemos em direto, as audiências seriam ainda melhores. Estou a brincar, obviamente que somos amigas.
É fácil trabalhar com a Filomena?
Ela é um furacãozinho e sabe muito, mas mesmo muito bem o que faz e sobre aquilo que faz. É muitíssimo completa e aprendo imenso com ela sobre esta coisa que é fazer televisão. Complementamo-nos bem porque muitas vezes trazemos abordagens diferentes para o mesmo tema e essa mistura corre bem. Eu peço-lhe ajuda para umas coisas, ela pede a minha para outras. Se tivesse que resumir numa palavra, diria: estimulante.
Estão sempre assim bem-dispostas como parece?
Nunca ninguém está assim tão bem-disposto como parece, mas, regra geral, estamos.
E o programa Traz Pra Frente, na RTP Memória, como tem corrido? É fácil trabalhar com o Júlio Isidro, o Fernando Alvim, o Nuno Markl e o Álvaro Costa, sendo a única mulher e a mais nova do grupo?
Muitíssimo bem, até estivemos nomeados para Melhor Programa de Entretenimento nos prémios da Sociedade Portuguesa de Autores (SPA) deste ano. Fazer este programa tem sido das experiências mais incríveis da minha vida. Ser a única mulher não me faz nenhuma diferença. Ser o elemento mais novo do painel aguça-me a curiosidade em relação às experiências por que os mais velhos passaram, mas creio que também ajuda a trazer outro tipo de vivência e perspetiva aos assuntos. Acho que é isso que torna o programa tão especial, é olhar para o passado através de cinco pares de olhos muito diferentes entre si.
Começou a trabalhar na televisão, já é reconhecida na rua?
Algumas pessoas já me abordavam antes por causa do Inferno no Canal Q, mas obviamente, que o 5 e o Traz Pra Frente tornaram isso mais frequente. Dos nove aos 90 anos. Muitas vezes, quando é alguém mais novo, eu tendo a achar que é por causa do 5 e são espetadores da Memória, e vice-versa.
Isso incomoda-a? Ou já se habituou?
Para dizer a verdade, acho que me esqueço e quando me abordam acho que é para pedir uma indicação ou um isqueiro. Depois lembro-me “ah pois é, tu apareces na televisão”.
Como lida com as críticas?
Ainda não me vi colocada propriamente nessa posição de “ter de lidar com”, mas hei de lá chegar, não é? Hoje em dia, as pessoas têm tantas coisas para dizer sobre tudo… Depende um bocadinho de onde vêm, também, é claro.
E a participação no Festival da Canção. Gostou?
Muito. Acompanhei e fiz parte deste processo de renovação do Festival da Canção desde 2017, tem sido muito importante e muito bom o que tem acontecido. Poder fazer parte disto tem-me dado um gozo inacreditável. Adoro estar ali na green room com os artistas, é mesmo divertido e bonito de ver o que ali acontece.
Está há nove anos na Antena 3, mas há três anos nas manhãs da Antena 3. É duro acordar tão cedo há tanto tempo?
Esta é a parte em que eu digo que já estou habituada e que é muito bom? Mentira. Não estou habituada e não é nada bom, mas tenho a facilidade de ficar alerta e despertar rápido e assim que chego à rádio já me passou a vontade de esganar pessoas.
Como é começar as manhãs com a Ana Markl e o Luís Oliveira?
Quer um quer outro eram meus bons amigos antes de fazermos o programa e, apesar de termos de nos ver todos os dias pela fresca com melhor ou pior humor, essa amizade continua de boa saúde. Gosto muito deles e gosto muito de rádio, juntar essas duas coisas é um luxo e uma sorte bestial.
O que é o melhor de fazer um programa de rádio?
A sensação de proximidade com as pessoas e ser tão simples quanto precisar apenas de um par de ouvidos do outro lado: é o que a rádio teve, tem e terá sempre de mágico.
Tem saudades de cantar?
Estou sempre a cantarolar em casa, no carro…
O que é que a sua experiência no grupo musical Soulbizness mudou na sua vida?
Permitiu-me fazer coisas divertidas como tocar em festivais, gravar, conhecer pessoas de quem gosto muito e ter a experiência de cantar num palco, que é ótima.
O que é mudou em si depois de ter sido mãe?
Durmo muito menos, mas percebi que trabalho muito melhor, por exemplo.
Como gere o seu tempo?
Isto vai soar meio neurótico, mas aponto sempre tudo, não vivo sem agenda e passo a vida a fazer listas. Preciso de o repartir [ao tempo] muito bem e de não me esquecer de ir guardando algum para uma coisa fundamental e muito útil: não fazer absolutamente nada.
Qual gostaria que fosse o seu próximo desafio profissional?
Não penso muito nisso, para já. Faço”o” talkshow de entretenimento da televisão portuguesa e outro programa onde nos podemos dar ao luxo de estar uma hora só a conversar, por isso, o que é que há para não gostar?
E pessoal?
Tudo o que eu disser hoje, amanhã já estaria desatualizado. Tenho um bocado “bicho carpinteiro” e quero sempre fazer mil coisas e ir a mil sítios. Uma canseira.
Texto: Célia Esteves; Fotos: José Manuel Marques; Produção: Zita Lopes;
Maquilhagem e cabelos: All About Makeup; Agradecimentos: El Corte Inglès, Inês Nunes Contemporary Jewellery e Overcube
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