Já foi viciada em trabalho, numa tentativa de mostar que era mais do que a filha do pai importante. Roberta Medina conquistou o
seu lugar no difícil mundo da realização de eventos e, a poucos dias de começar mais uma edição do Rock in Rio Lisboa (RIR), confessa que já se imagina a abrandar o ritmo para ter filhos. Porém, aos 32 anos, a vice-presidente do RIR diz que está solteira. "Solteira e contente", assegura, com um sorriso rasgado, em entrevista exclusiva à VIP.
VIP – Como se apaixonou pela produção de eventos?
Roberta Medina – À toa. O meu pai é apaixonado por comunicação. Cresci com ele a contar as coisas da agência de publicidade. Sempre quis trabalhar, talvez pelo exemplo do meu pai que também começou a trabalhar cedo, tinha 17 anos, mas achava que ia ser directora de arte da agência. Um dia estava a passear com ele no Barra Shopping, que era um dos clientes da empresa. Encontrámos o gerente de marketing e começaram a falar de um evento da Disney que estavam a preparar para o Natal. Como conhecia a Disney, meti-me na conversa, o que me valeu um convite para ajudar no evento como assistente de produção. Desde aí não quis outra coisa.
Como é trabalhar numa empresa presidida pelo seu pai?
Há dias que é complicado, outros é mais fácil. As pessoas acham que é mais fácil porque somos protegidos. Mas eu sempre achei que devia ter valor por mim própria. Agradeço e reconheço todos os valores que aprendo com ele, mas ele é ele e eu sou eu. Aliás, costumava ficar angustiada porque não sabia se era elogiada pelo valor do meu trabalho ou se por ser filha do Roberto Medina.
O que aprendeu com ele?
Ele delega muito, é exigente, mas também confia muito na forma como os outros trabalham. Ele dá responsabilidade aos trabalhadores. Em casa também. Sempre nos educou a sermos responsáveis, a batalhar pelas coisas e não a recebê-las facilmente. Foi duro começar a trabalhar.
Começou aos 17 anos. Sente que perdeu parte da adolescência?
Não, antes pelo contrário. Não me permiti ser tão irresponsável como alguns dos meus amigos. As coisas que eles faziam na faculdade, eu permiti-me fazer já mais velha. Como acabei a universidade depois de ter organizado o meu primeiro RIR considerei já ter conquistado um espaço profissional e um reconhecimento que me dava tranquilidade. Antes disso, queria desenhar o meu percurso. Dos 17 aos 23 anos era muito focada no trabalho e depois comecei a equilibrar-me mais.
A sua mãe também a apoiou quando decidiu começar a trabalhar aos 17 anos?
Ela chamava-me mais à atenção. Mas acho que foi fundamental o "blablabla" dela porque entre ela e o meu pai há um equilibrio perfeito. Ela é toda dos filhos, do ser humano e o meu pai é uma máquina de trabalho. Com 32 anos trabalhei muito, sou realizada profissionalmente e já me sinto completamente solta para me dedicar a mim.
É menos viciada no trabalho?
Completamente, porque já dei provas no meu trabalho, tive conquistas empresariais que me permitem isto.
Como se vê daqui a dez anos?
Não sei. Posso dizer o que é que desejo, agora como é que me vejo daqui a dez anos não. Vivo para o hoje, projecto a projecto. Posso dizer o que espero do RIR a longo prazo, mas não o que espero de mim. Eu e o RIR somos coisas distintas.
Enquanto empresária de sucesso tem espaço para a vida familiar?
Totalmente. Acho que hoje ser uma grande executiva é completamente compatível com ser uma mulher de família, ter amigos. Para mim, hoje o essencial é a família que já tenho, a que vou construir e os meus amigos. Não foi o essencial um dia, mas hoje é. Não quero passar a minha vida a voar de um lado para o outro, a balançar o carrinho do bebé ao mesmo tempo que vejo o e-mail.
Sente-se preparada para ser mãe?
Sim. Mas ainda acho que as mulheres têm uma desvantagem em relação aos homens empresários. Eu quero ter tempo para curtir os meus filhos, não concebo ficar em casa dois meses e regressar a correr ao trabalho.
Está solteira?
Solteira e contente. Não sei namorar à toa. Não tenho paciência para namorar só para estar acompanhada. Sou muito independente para isso.
Nem na adolescência namoriscou? Que recordações tem dessa fase?
Tenho as melhores recordações, mas são sempre com a família, porque tudo se passava lá em casa. Fazíamos churrascos e juntávamos muita gente.
É uma pessoa de família. Como lidou com a morte da sua avó?
Ela teve uma vida linda. Foi tudo menos triste e o funeral foi uma festa, porque ela era amada. Com 97 anos era uma mulher incrível, batalhadora, que até dois dias antes de morrer nadava e andava de bicicleta. Não sentiu a morte. Ela tinha estado internada dois meses, um ano antes, e aí custou-nos. Depois melhorou e o último ano foi excelente. Até porque houve uma fase de mudança. Ela e a minha mãe "picavam–se", pareciam cão e gato. Este ano fizeram as pazes.
O que aprendeu com ela?
A mania de ser uma mulher forte.
Essa coragem também se nota no facto de ter vindo para Lisboa sozinha.
A coragem corre-nos nos sangue. Depois de o Roberto ter vindo cá assinar o protocolo com a câmara eu vim fazer a pré-produção e acabei por ficar.
A adaptação foi fácil?
Fui vivendo as dificuldades do dia-a-dia com o desafio e não com o medo. A paixão pela realização é mais ou menos esta imagem.
Alguma vez foi descriminada no seu trabalho quer por ser mulher, quer em Portugal por ser brasileira?
Não, mas a descriminação existe. Tenho amigas que já passaram por isso. Comecei a trabalhar muito cedo e arranjei defesas. Se alguém quer ser machista comigo tem dois trabalhos, porque é só comigo que vai falar. Acho graça à ideia que a mulher brasileira é mais fácil, eu não olho para isso, não ligo. Não é fácil, mas tive a sorte de estar associada a um projecto que é muito bem aceite na sociedade e que me abriu várias portas.
Sente que ganhou o respeito dos portugueses?
Sim. Mas houve homens que me respondiam sem olhar para mim, houve outros que me chamavam fofa. A todos respondia com calma e aos poucos percebiam que eu era a responsável.
Na sua adolescência viveu uma situação preocupante: o rapto do seu pai.
Não me recordo muito. Era pequena. Lembro-me que foi mau, um "dramalhão", uma tensão enorme, mas nunca pensei que ele não fosse voltar.
Não ficou com medo ou traumatizada?
Não. Só temia que estivessem a aleijá-lo, a bater-lhe. Mas o meu pai teve uma atitude muito boa depois do rapto. Não contratou seguranças, nem deixou de andar na rua. Apanhámos um susto, mas não ficámos traumatizados. Até porque no Rio vivemos sempre em alerta constante. Eu, cá em Lisboa, entro a medo na minha garagem porque no Brasil é habitual haver assaltos nas garagens.
Texto: Sónia Salgueiro Silva; Fotos: Paula Alveno
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