Ir ao dentista é uma tarefa que não é confortável para a maior parte das pessoas. Como resultado, a técnica da hipnose na Odontologia tem sido cada vez mais utilizada. Este método consiste em levar o paciente a um estado de consciência (transe hipnótico) que, por sua vez, permite a utilização do corpo e da mente para a realização do tratamento. Para que o assunto seja explicado por um especialista e para que os nossos leitores possam estar mais informados, a VIP esteve à conversa com o Dr. Alberto Lopes, neuropsicólogo/hipnoterapeuta.
Mas como é que pode ser aplicado no consultório do dentista?
“A hipnose pode ser aplicada diretamente no consultório, se o profissional dentista dominar os padrões de linguagem hipnótica, ou poderá ser também aplicada anteriormente, por um profissional hipnoterapeuta que irá deixar mecanismos de condicionamento (gatilhos hipnóticos), por forma que o paciente possa entrar em auto-hipnose na altura da intervenção.”
As pessoas recorrem à hipnose antes de ir ao dentista?
A verdade é que as pessoas procuram métodos naturais para controlar a ansiedade e a dor. Assim, contar com a hipnose pode ser uma hipótese viável: ” Sendo um método eficaz e seguro melhora a qualidade dos tratamentos odontológicos, tornando-os mais confortáveis e eficientes para o paciente e para o dentista. Por esta razão, a hipnose está a ganhar cada vez mais espaço na área da Odontologia.”
A hipnose pode ajudar a controlar a dor e o medo de ir ao dentista?
O grande objetivo é evitar o uso excessivo de medicamentos. Assim, e nas palavras do Dr. Alberto Lopes: “é importante ressaltar que a dor é uma experiência neurossensorial de carácter desagradável com duas variáveis a ter em conta: a sensorial – que dá uma informação sobre a localização da dor e o tipo da mesma (se é uma dor dilacerante, sensação de queimadura, sensação de frio ou de formigueiro); e outra afetiva – que nos fala da experiência subjetiva da dor, (o quanto a dor nos incomoda).”
Como funciona a indução hipnótica?
O processo principal é a voz: “Deve ser usado um tom de voz calmo e monocórdico com sugestões diretas, indiretas e subliminares que passam diretamente para o inconsciente do sujeito a ser hipnotizado.”
Contudo há outras questões relevantes a ter em conta: “É fundamental que as sessões sejam realizadas num ambiente seguro e adequado, para que haja uma maior concentração do paciente aos padrões de linguagem hipnótico e/ou aos comandos do dentista hipnólogo. O processo de indução pode ser feito com o paciente de olhos abertos, focado no que lhe é sugerido (por exemplo, um ponto na parede, focar os dedos do profissional), ou através do transe naturalista (transe conversacional). Em poucos minutos, o paciente entra num estado de relaxamento profundo, permitindo o atendimento odontológico.”
9 em cada 10 pessoas pode recorrer à hipnose
De acordo com os estudos, 90% das pessoas são sugestionáveis à hipnose. Ou seja, na prática, 9 em cada 10 pessoas pode recorrer à hipnose para um tratamento dentário ou outro. “Importa dizer que o paciente pode atingir níveis de estado inconsciente que são do leve, moderado ao profundo, de acordo com o tempo necessário para a realização do procedimento odontológico. Normalmente, a indução em hipnose é realizada antes do paciente sentar-se na cadeira do dentista, para depois iniciar o procedimento em estado sonambúlico.”
Entrevista: Maria Constança Castanheira; Fotos: D.R. e Caroline LM na Unsplash
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