Cristina Ferreira recebeu n’O Programa da Cristina desta quinta-feira, dia 21 de maio, Guilherme Castelo Branco Vieira, de 31 anos, filho de José Castelo Branco, para uma entrevista inédita. O jovem falou sobre a infância e do processo pelo qual passou até conseguir compreender a maneira de ser do pai. Além disso, Guilherme contou o que o socialite lhe ensinou sobre a vida e falou da relação de amizade que mantêm.
«O meu pai tem várias personagens, por assim dizer. Ao longo do tempo a personagem foi mudando», começa por dizer, voltado atrás no tempo e recordando de seguida a infância.
Guilherme Vieira conta à apresentadora do matutino da SIC que não tem recordação dos pais juntos, já que se separaram quando este ainda não tinha dois anos. Durante meses, o rapaz não teve qualquer contacto com o pai, o que tornou o momento do reencontro bastante «emotivo».
«Eles separaram-se quando eu ainda não tinha feito dois anos. A memória mais forte que eu tenho é quando ele me foi visitar a Almeirim, depois de a minha mãe ter saído de casa. Recordo-me de sentir muitas saudades do meu pai, de não saber se o voltava a ver e de o reencontrar. Foi um momento muito emotivo. Os meus pais não eram muito amigos no início. Só via um o meu pai de 15 em 15 dias, mas com o tempo a relação deles foi melhorando e eu comecei a passar mais tempo com ele. Nessa altura a minha mãe se calhar tentava proteger-me um bocado porque estava chateada com ele… conforme foi a relação melhorando, já começou a permitir estarmos juntos e a perceber que era uma relação boa para mim», conta.
«Eu hoje em dia compreendo que o meu pai, como ele diz, é uma fufa»
Guilherme Castelo Branco Vieira confessa que nunca sentiu que algo de estranho se passava com o pai e que a relação dos dois sempre foi bastante tranquila. A maneira de ser excêntrica de José Castelo Branco era uma normalidade na vida da família, o problema era quando Guilherme chegava à escola e os colegas faziam piadas e gozavam com o pai.
«Ele era um homem muito certinho, sempre de blazer, muito bem vestido. Depois fazia coisas que eu achava um bocado estranhas. Punha base na cara e eu não percebia porque é que ele punha aquilo. Era estranho porque eu não via os outros pais fazerem o mesmo, mas ele lidou com tanta normalidade com aquilo que eu ao longo dos anos fui aceitando essa normalidade. Obviamente, quando chega a fase da adolescência há alí uma confusão porque aquilo era normal para mim mas para os outros não», desabafa, explicando que «basta um miúdo ter ranho no nariz que já estão a gozar». «Agora imagina um pai com gloss e base. Obviamente que os miúdos vão ser mauzinhos», revelou a Cristina Ferreira.
«Sentia que tinha que defender o nome do meu pai»
Ao longo da infância e adolescência, Guilherme lidou com bastantes críticas e situações desagradáveis. Em conversa com Cristina Ferreira o jovem revela que nunca se sentiu triste com isso. O sentimento era mais de revolta.
«Ao longo do meu crescimento eu não percebi o que o meu pai era. Ele foi-me explicando. Eu hoje em dia compreendo que o meu pai, como ele diz, é uma fufa. Ou seja, ele gosta de se vestir de mulher, adora a estética das mulheres, tem aquele jeito mais femenino, mas gosta de homens. Quando eu era pequenino, houve aquela fase em que diziam que o meu pai era gay e como eu não conseguia encaixar isto, ficava revoltado. Sentia que tinha que defender o nome dele», revela.
«Claro que houve um momento ou outro em que me fui a baixo. Questionava-me: ‘Porque é que eu tenho que lidar com isto, se os outros não têm?’. Não havia forma de eu ter vergonha, eu sentia era revolta: ‘Porque é que eles ofendem se nem conhecem a pessoa?’», diz.
«Fiquei dois meses sem falar com ele»
Guilherme fala ainda sobre a primeira vez em que viu José Castelo Branco vestido de mulher. Altura em que deixou de falar com o pai durante dois meses.
«O primeiro impacto que teve quando apareceu a primeira vez vestido de mulher foi o de eu ficar chateado. Não por ele estar vestido de mulher, mas porque aquilo ia ter repercussões para mim. No dia a seguir, quando fui à escola, eu já sabia que os miúdos iam gozar comigo. Nessa altura fiquei dois meses sem falar com ele».
Apesar dos momentos menos bons que passou por as pessoas não compreenderem a maneira de ser do pai, Guilherme diz que este «escondeu um bocado a maneira de ser para o proteger». Na adolescência, altura em que José Castelo Branco participou no programa da TVI Quinta das Celebridades, em 2004, Guilherme conta que as pessoas começaram a aproximar-se por interesse.
«As pessoas começaram a mudar comigo, já não gozavam, as pessoas aproximavam-se por eu ser filho de uma pessoa famosa».
A relação com o pai e os ensinamentos para a vida
Antes de terminar a conversa com Cristina Ferreira, Guilherme Vieira diz que o único desejo que tem é que «as pessoas compreendessem» o lado do pai. Ainda assim, o rapaz admite saber que «vai haver pessoas que nunca vão compreender». «Aprendi a lidar com isso», afirma.
«Isto deu-me muita força para hoje ser quem sou. Hoje tenho um poder de encaixe muito maior do que a maior parte das pessoas… acho que isso é muito positivo na minha vida pessoal e profissional», confessa.
Cristina Ferreira quis ainda saber se Guilherme e José alguma vez tiveram uma conversa séria sobre tudo o que passaram.
«Não é preciso uma conversa sobre isto. As atitudes, a forma como ele me ajuda com os meus problemas e a forma como eu o ajudo nos dele, a forma como somos amigos um do outro diz tudo. Não precisamos de falar das coisas diretamente. Ele sabe o que eu passei e eu sei o que ele passou e ajudou-nos a crescer. O meu pai mostrou-me que devemos lutar e não devemos esconder o que somos», termina.
– José Castelo Branco vestido de empregada e às ordens de Betty Grafstein
Texto: Inês Marques Fernandes; Fotos: Instagram
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