Mário Machado, líder do movimento Nova Ordem Social (NOS), conotado com ideologias de extrema-direita, esteve esta quinta-feira, 3 de janeiro, no ‘Você na TV’, o que não deixou os telespectadores satisfeitos.
Manuel Luís Goucha foi fortemente criticado nas redes sociais logo após ter colocado na página oficial do Facebook um ‘anúncio’ da entrevista e de se ter referido a Machado como «autor de algumas declarações polémicas».
Nesta entrevista, o antigo militante do Partido Nacional Renovador mostrou o descontentamento com as políticas seguidas pelo Governo. Mário Machado defende que António de Oliveira Salazar faz muita falta hoje em dia.
«Um Salazar não chegaria, teriam que ser mais dois ou três», afirmou. Para o entrevistado, o ditador «conseguiu que existisse respeito pela autoridade, seja dos netos pelos avós, seja pela policia» e que «nada disso existe hoje em dia», o que levou a um aumento «galopante da criminalidade». Questionado sobre o analfabetismo de então, Mário Machado desvalorizou o assunto e preferiu enaltecer as políticas que levaram à não participação de Portugal de II Guerra Mundial.
Goucha responde às críticas
Um dia depois, Manuel Luís Goucha iniciou o programa Você na TV com um esclarecimento público sobre o sucedido, deixando uma mensagem aos telespectadores que criticaram a situação.
«Aquilo que se passou ontem aqui originou uma acesa discussão nas redes sociais e nos órgãos de comunicação social. No âmbito de uma rubrica que tem um autor, que é um jornalista desta casa e desta equipa, foi convidado Mário Machado. Quem acompanhou a conversa ontem em direto percebeu que a nossa primeira pergunta se dirigiu ao autor da rubrica e do convite. A pergunta foi muito clara: porque é que convidaste Mário Machado?», começou por dizer, esta sexta-feira, 4 de janeiro.
«Entendo, num jogo verdadeiramente democrático, que todo o tipo de ideias deve ser debatido em televisão. Têm é de ser confrontadas com ideias que neste caso refletem a nossa maneira de viver», referiu.
O parceiro televisivo de Maria Cerqueira Gomes esclarece que a conversa se desenrolou de acordo com os «pontos de vista do convidado» e dos «nossos pontos de vista», em «jeito contraditório».
«Informem-se, não se deixem manipular»
Manuel Luís deu opinião relativamente a todos aqueles que utilizaram as redes sociais tecer críticas à rubrica e não deixou nada por dizer:
«Tenho a certeza que largas centenas de opiniões refletem a postura de alguém que não se deu ao trabalho de ir ver e ouvir a conversa. Claro que as ideias de Mário Machado são perigosas, mas há uma maneira de as enfrentar, com as ideias que a história e a democracia já provaram serem injustas».
A estrela da TVI terminou aconselhando o público: «Informem-se, não se deixem manipular».
ERC recebe queixas depois do programa
A Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) recebeu, ao longo do dia da entrevista, diversas queixas de telespectadores e até de organizações como a SOS Racismo. A entidade irá agora analisar as mesmas.
Segundo a organização anti-racismo, a TVI ‘estendeu’ «o tapete a um dos chefes de fila da extrema-direita portuguesa, sobejamente conhecido por defender o fascismo e o racismo e a violência a eles associada». Em comunicado, a entidade menciona ainda que «Dar palco à ideologia fascista e racista seja em que circunstância for, não é nenhum exercício de liberdade de expressão é, antes pelo contrário, contribuir para perigar os alicerces do Estado de Direito Democrático e constituiu uma afronta aos valores de liberdade, dignidade e igualdade».
«A TVI argumenta com a liberdade de expressão para justificar o convite a quem esteve mais de 12 anos preso por vários crimes, alguns envolvendo crimes de ódio racial», afirma a SOS Racismo.
Em nota à imprensa, a ERC afirma que as queixas «serão apreciadas pelos serviços da ERC, nos trâmites habituais».
Texto: Redação WIN Conteúdos Digitais/ Fotos: Arquivo Impala e DR
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