Manuel Luís Goucha recordou o pai, Luís Goucha, na emissão de 1 de julho de Você na TV! e acabou por falar pela primeira vez sobre algumas memórias que tem e que não lhe saem da cabeça.
Em conversa com o convidado Daniel Sampaio, que recentemente lançou um livro sobre parentalidade, o rosto da TVI recordou que quando tinha apenas 7 anos viveu um momento com o pai que não lhe sai da memória, a propósito dos pais que rejeitavam qualquer tipo de aproximação afetuosa com os filhos.
«Os meus pais separaram-se. A minha mãe há 60 anos, o que foi um estigma, ter a coragem de se separar e ir viver para uma cidade pequena como Coimbra», começa por dizer. Goucha relata que, na primeira vez que veio passar férias com o pai a Lisboa, meteu-se no comboio e o progenitor foi buscá-lo à estação de Santa Apolónia.
«Lembro-me que cheguei e disse “papá!”, porque tratava a minha mãe por mamã». A resposta do pai naquela altura foi algo que nunca mais esqueceu: «disse “papá nada! Homem que é homem não trata o pai por papá”».
«A minha família não é estruturada»
Os pais do marido de Rui Oliveira separaram-se quando este tinha apenas três anos, e Goucha nunca teve uma relação muito próxima com o pai. «A minha família não é estruturada. Nunca conheci os meus avós juntos, quer os maternos, quer os paternos. Até os meus tios se separaram. Não deixa de ser curioso», começou por contar a Fátima Lopes no programa Conta-me Como És, de 29 de dezembro de 2018.
A avó materna do antigo parceiro de Cristina Ferreira ocupa um lugar muito especial no seu coração: foi ela que criou o apresentador e o irmão, uma vez que a mãe trabalhava muito.
«É a avó que está marcada nos pratos de infância. Até a cozinhar nos contava histórias. O gosto pela cozinha vem daí. Eu e o meu irmão cozinhávamos com ela», revelou. «A minha mãe não facilitou a vida ao meu pai. naquela altura não existiam divórcios. Havia um orgulho ferido. Só depois do 25 de abril é que surgiram. Não culpo o meu pai por não ter sido o melhor. A certa altura deve ter desistido. Eu também não fui o filho que talvez devia ter sido. Nunca senti mágoa. Foi assim, foi assim», afirmou.
«O meu pai nunca me foi ver ao teatro e não tenho uma única fotografia da família junta. Só tenho uma em que estava sentado ao colo dele, ainda bebé», continuou. «Não há memória alguma na minha vida», comentou ainda.
«A determinado momento ele passou a aceitar a minha vida artística [referindo-se ao teatro, onde iniciou a carreira artística]. Ele é Luís Goucha, eu Manuel Luís Goucha. As pessoas perguntavam-lhe se ele me era familiar. Ele respondia: ‘Sou pai!’»
«Foquei-me demasiado na minha vida profissional»
A estrela maior da TVI revelou que descurou muitas coisas na vida. «O lado social, dos amigos, por exemplo. Eu foquei-me demasiado na minha vida profissional. ‘Eu quero ser um grande apresentador de televisão’, foi este o grande objetivo desde os meus 7, 8 anos. O meu irmão conseguiu manter uma relação com o meu pai», contou.
Manuel Luís Goucha nunca desistiu do grande sonho, ser apresentador de televisão. «Em casa, entrevistava pessoas que não existiam. Quando comecei, na RTP, dava por mim a ‘pairar’ de felicidade», revelou.
No entanto, a mudança de Coimbra para Lisboa, aos 17 anos, não foi fácil. «Nunca passei necessidades, mas cheguei a almoçar apenas um cacho de uvas. Por opção minha. As saudades que sentia da minha mãe, a paixão da minha vida [hoje com 95 anos], também tornaram tudo mais difícil. O sentimento, naquela altura, era uma coisa avassaladora. E a imagem que ainda hoje guardo é a daquela jovem mulher linda», terminou.
Texto: Inês Borges; Fotos: Reprodução Redes Sociais
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