Aos 40 anos, Ricardo Trêpa não esconde a vontade de ter filhos e de poder apresentá– los aos seus avós, o cineasta Manoel de Oliveira, de 104 anos, casado com Maria Isabel, de 94 anos. O ator, que fez recentemente um retiro espiritual na Índia, Sri Lanka e Tailândia, encontra no surf a energia e serenidade para enfrentar o dia-a- dia e, em breve, parte para a ilha de São Jorge para apanhar as ondas da Fajã de Santo Cristo, nos Açores. Em setembro deverá regressar ao teatro com Visitas ao Senhor Green, que esteve em cena no Teatro Maria Helena Torrado, em Cascais.
VIP – Esteve em cena até há pouco tempo com a peça Visitas ao Senhor Green. Já está com saudades do teatro?
Ricardo Trêpa – Já estou com muitas saudades. Mas vamos trazer a peça para Lisboa, estrearemos, provavelmente, em setembro. Correu bem em Cascais. Arrancámos há cinco anos com esta peça, que estava sob a alçada do Teatro Experimental do Porto. Fiz a proposta ao Norberto Barroca, encenador e ator, para trazer a peça para Cascais e ele achou uma ótima ideia. O Ricardo Carriço, diretor do Teatro Maria Helena Torrado, abriu-nos imediatamente as portas, fez tudo para que não nos faltasse nada e conseguiu.
Há um Ricardo Trêpa diferente no cinema e no teatro?
Um ator é um ator. Com certeza que a forma de representar em frente a uma câmara é diferente de estar em cima de um palco, não em termos de eficiência e construção de personagem, mas sim de projeção de voz e movimentação.
Chegou a dizer que no teatro há um disparo de emoções difíceis de explicar. Como lida com isso?
Com uma grande alegria, como é óbvio (risos). É esse talvez o grande prazer do teatro, temos de dar tudo numa única vez e o melhor que pudermos, sem grandes margens para erros, o que dá uma certa adrenalina e energia extra. No teatro estamos permanentemente alerta, com as nossas qualidades potenciadas ao máximo para que tudo corra bem. Já para não falar na energia do público, que tem, naturalmente, influência na performance do ator.
Considera-se uma pessoa emotiva?
Considero-me uma pessoa com sentimentos. Não sou um choramingas, mas também não sou nenhum duro. Os sentimentos que temos são para ser vividos e utilizados, e sou uma pessoa que me dou à vida, sem dúvida, para bem ou para o mal.
Tem procurado uma certa espiritualidade na sua vida, chegou mesmo a fazer um retiro espiritual. Porquê essa necessidade?
Não é uma necessidade de encontrar algo. Sei o que sou e o que quero, mas, às vezes, temos situações na vida que nos desviam dos nossos objetivos. É sempre bom, de vez em quando, pararmos, sentirmos o silêncio, fazermos uma retrospetiva e depois continuarmos com os ajustes, que nos vão dar novas capacidades para podermos enfrentar a vida, porque a vida é um desafio diário.
O surf, além de ser um dos seus desportos de eleição, é também onde encontra um ponto de equilíbrio. Porquê?
Primeiro, porque é um desporto que me dá um gozo enorme e puxa por mim em termos físicos, o que, por si só, já é uma libertação de stress fantástica. Não é que eu seja muito stressado, mas através do surf consigo equilibrar- me e ficar numa serenidade maravilhosa.
Tem viajado pelo mundo para surfar. Planeia ir este ano a algum novo destino?
Vou à ilha de São Jorge, para a Fajã de Santo Cristo, onde nunca estive, apesar de já ter estado duas vezes nos Açores, mas em São Miguel.
Em relação ao cinema… Fez há pouco tempo um filme com o João Mário Grilo, não foi?
Sim. Foi uma curta-metragem sobre a tragédia da ponte de Entre-os-Rios. A história ficou muito bem contada, é comovente, pesada, como é óbvio, que vai chegar facilmente ao coração das pessoas.
Tem algum filme com o seu avô para breve?
O meu avô quer filmar, isso é sabido… Aquele homem é uma força da natureza! Vamos lá ver se há dinheiro, mas julgo ele vai filmar este ano.
O seu avô tem 104 anos. Como tem sido, para si, observar este passar dos anos?
É uma grande inspiração e uma lição de vida, porque olho para um homem que tem 104 anos, e cujo trajeto acompanho há várias décadas, e todos os dias aprendo imenso. A vida passa, o tempo não se recupera e devemos estar cá o melhor possível e proporcionar o melhor a quem está ao nosso lado. Isso foi o que eu aprendi com ele.
Está com 40 anos. Não pensa ter filhos?
Penso e um dia há de acontecer. Não é uma coisa que me imponha. Faz parte da minha liberdade deixar as coisas andar… Claro que não vou ter um filho aos 60 anos. Mas, se ainda não tive, é porque não tinha de ser.
Mas gostaria? Era um sonho?
Não é um sonho. Faz parte da nossa existência deixar aqui uma herança genética e eu gostava de deixar dois ou três “tropilhas” no mundo (risos).
Gostaria de dar um bisneto ao seu avô?
Tocou agora no único ponto importante para mim, que faz com que eu pense algumas vezes nesse assunto. Gostava muito que os meus avós conhecessem os meus filhos, se eu os vier a ter. Essa é a única preocupação que eu tenho, pois os meus pais conhecerão, com certeza… agora, os meus avós já é uma corrida contra o tempo.
E continua solteiro?
Continuo feliz da vida (risos).
Texto: Helena Magna Costa; Fotos: Luís Baltazar; Produção: Manuel Medeiro; Cabelo e maquilhagem: Ana Coelho com produtos Maybeline e L’Oréal Professionnel
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