Gafe em direto
Programa da TVI «matou» jornalista, mas Goucha esteve atento

Nacional

Ferreira Fernandes, diretor do DN, escreve uma crónica este domingo para dizer que está bem vivo

Dom, 05/08/2018 - 13:07

Nos programas de televisão em direto acontecem muitas vezes situações imprevisíveis. Foi o que aconteceu no Você na TV, da TVI, da última quinta-feira. 

Manuel Luís Goucha, Quintino Aires e o inspetor António Teixeira debatiam um atropelamento mortal na Crónica Criminal quando o inspetor-chefe da Polícia Judiciária «matou», por engano, o jornalista Ferreira Fernandes, diretor do Diário de Notícias. Só que Goucha estava atento e munido de um Ipad consegui corrigir a gafe… mas levou o seu tempo. 

Ferreira Fernandes não deixou passar o assunto em branco e este domingo, dia 5 de agosto, dedica a crónica do DN ao assunto, para informar que está bem vivo. «A notícia da minha morte, pela TVI, é manifestamente exagerada», escreve logo no título. 

No artigo, Ferreira Fernandes conta tudo o que se passou em direto: «António Teixeira, inspetor-chefe da Polícia Judiciária, disse: “Aquele jornalista que já morreu, o Ferreira Fernandes, escreveu um dia…” Como são as coisas, ainda há dias, não sei precisar quando, já baralho sobretudo os acontecimentos mais recentes, eu tinha estado com ele. Como diz o outro, para morrer basta estar vivo, mas o Ferreira Fernandes não me pareceu estar prestes a bater a bota. Também o Goucha estava surpreendido: “Mas o Ferreira Fernandes não morreu…” Isso disse o Goucha, com três pontinhos. Topei que não foi com um firme ponto de exclamação. Ele estava pouco certo, estava, reparei que se pôs a espreitar para o iPad», lê-se. 

O diretor do DN analisou ainda a reação do público à falsa notícia: «E reparei, sobretudo, que a plateia feminina seguia a dúvida […] Mas pelo que conheço dele, ele não ia gostar que o anúncio da sua morte não tenha levado a plateia a esboçar um sinal de emoção […] se posso permitir-me tratar o finado assim, talvez a plateia nunca tenha ouvido falar dele. Dei-me conta de estar a ser cruel e até preferi que se confirmasse a morte. A continuar vivo, alguém, por chacota, contava-lhe o anúncio em direto na TVI, ele ia ver as imagens da indiferença das pessoas e ainda lhe dava o badagaio. Que raio de dilema: se não lhe confirmavam a morte agora, prometiam-na logo a seguir… O Goucha continuava vasculhar discretamente no iPad. Olhei para o psicólogo, que sobre o assunto exibia uma equidistância profissional. Uma pessoa pode estar morta, mas também pode não estar. Quintino Aires olhava para um sapato. Sentia-se o psicólogo a matutar: estará morto o Fernandes Ferreira? Já o inspetor-chefe da PJ estava um bocado abalado: “Eu gostava do que ele escrevia…” Aí, o Goucha rematou: “O Ferreira Fernandes não morreu!” e fechou iPad. E disse: “Eu também gosto de como ele escreve”. O polícia ficou contente, genuinamente contente. Pudera, não sei como ele ia passar o auto, sem corpo, nem motivações e, pelo que conheço do meu amigo, não lhe iam arrancar uma confissão facilmente.» 

Fotos: DR

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