Filomena Cautela apresentou à comunicação o seu novo projeto na RTP. “Programa Cautelar” estreia dia 5 de junho, depois do “Telejornal”, e promete fazer os portugueses pensar e rir… muito.
O verdadeiro significado de infotainment está neste formato da estação pública. “Se o José Fragoso [diretor de programas da estação pública] e a RTP me perguntaram, ‘o que é tu gostavas de fazer?’, e se me foi feita esta pergunta, e se trabalho num serviço público de televisão, temos de ter outro tipo de obrigações e eu tinha de dizer: ‘vamos fazer uma coisa diferente’”, revela Filomena sobre este projeto, ao mesmo tempo que garante se sentir uma “privilegiada” por agarrar um formato como este, mas, acima de tudo, “por trabalhar na RTP”.
“Sei que este programa, em qualquer outro canal, a não ser que se tivesse provado antes que podia ter grandes audiências, não se faria. E é por essas e por outras que é tão importante termos um serviço público de televisão”, realça.
“É o primeiro programa da minha vida que estou a fazer e que as audiências não são, nem podem ser, a nossa preocupação. Acreditamos que mesmo os assuntos mais complexos têm de ser percebidos por toda a gente. Esse é o mote”, anuncia.
“Não é um programa de causas”
Em “Programa Cautelar” vão abordar-se temas como “Guerra de Audiências”, “Desinformação On-line” ou “Racismo”. Mas atenção! Este “não é um programa de causas”. E Filomena Cautela explica porquê. “Queremos falar de fenómenos que acontecem, que são reais, que são factuais. Queremos fazer uma pesquisa enorme sobre o assunto, de várias áreas, de várias ideologias e descobrir o que são factos. E dentro disso, aí é que está a dificuldade. É, não só mostrar a verdade toda, mas ao mesmo tempo fazer com que o conhecimento deixe de ser só para as elites. Esta é a premissa deste programa; que o conhecimento profundo deve ser explicado, falado, debatido, de uma forma simples, para todos”, realça.
“Este programa obrigou-me a estudar”
Num programa em que a pesquisa e o estudo são palavras de ordem, Filomena Cautela garante que foi “muito surpreedida” ao longo dessas mesmas pesquisas. “Sou uma pessoa interessada, não informada. O programa da desinformação deu ‘cabo de mim’. Não o que escrevi, mas o que investiguei para fazer… No programa das audiências temos ali dois furos muito engraçados, que nós descobrimos, muito giros… No racismo… Foi muito mind blowing [surpreendente], porque às vezes só a paciência de tu quereres saber mais, mais e mais, não chega. Este programa obrigou-me a estudar”, revela.
E terá Filomena ficado com uma maior vontade de ter uma intervenção política? “Não, de todo! Fiquei mesmo sem vontade nenhuma. Este programa ensinou-me uma coisa, que eu já tinha ideia, mas que agora eu sei que é verdade. Ser humano, não é ser político. O humanismo não é política. Os direitos humanos não são ideologia. São coisas diferentes. E quando elas se misturam… A dignidade humana tem de ser transversal à política toda. E se não for, alguma coisa está errada”, garante.
“Não tenho ambições dentro da televisão”
De uma coisa Filomena Cautela tem certeza. “A seguir a este programa, tenho a certeza que vou fazer teatro… Acho mesmo que depois disto vou voltar, a nível profissional, a ser atriz”, revela. “Tenho muita vontade de voltar a ser só atriz. Tenho muitas saudades”, continua.
Mas há mais. A apresentadora diz não ter “ambições dentro da televisão”. “Querer chegar a algum lado, ter audiência ‘x’ ou o programa ‘y’. Não tenho mesmo…”, realça.
Este programa vai ser o “ou vai ou racha”. “Vai ser o princípio e o fim de um ciclo. Sinto que é uma vontade minha se eu deixar de trabalhar em televisão, é com este programa que eu quero fechar”, garante.
E no que diz respeito ao contacto de outros canais… “Essas coisas não se respondem”, finaliza com um sorriso.
Texto: Andreia Costinha de Miranda; Fotos: Nuno Moreira
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