FF
Os piores anos da vida do cantor: “É uma ferida que se abre”

FF abriu o coração a Manuel Luís Goucha numa conversa que teve lugar na Escola Profissional de Teatro de Cascais. Foi nesta escola que Fernando Fernandes estudou antes de entrar nos Morangos com Açúcar. 

A conversa do programa “Conta-me”, emitida na tarde deste sábado, dia 18 de setembro, começou por ter como tema a infância no Alentejo. Apesar de ter nascido em Lisboa, o cantor e ator, de 34 anos de idade, mudou-se com a família aos seis anos. “Eu vi os melhores anos da minha vida lá, mas também os piores. Foi um contraste gigante entre o ter de ir e ter de voltar para Lisboa.”

Esses “piores anos” aconteceram quando FF celebrou 15 anos da vida. Os pais divorciaram-se e o ator ficou sem chão. “Na altura foi um choque para todos. Para mim foi um choque muito grande, sobretudo, por ser o filho mais novo. Teve um impacto muito grande na minha vida.” 

“Sempre foi uma relação conturbada”

Apesar de nunca ter imaginado a separação dos progenitores, FF revela que a relação sempre foi “conturbada”. “Suspeitei sempre. A relação dos meus pais nunca foi propriamente uma relação pacífica, sempre foi uma relação conturbada. E eu tive consciência. Se isso me fazia crer que o divórcio ia acontecer… Não sei. Mas a verdade é que teve um impacto enorme na maneira de eu me relacionar com os outros. É uma ferida que se abre.”

Logo após a separação, o pai foi o primeiro a regressar a Lisboa. Fernando Fernandes ficou com a mãe no Alentejo durante alguns meses. “Fico eu, a minha mãe e um cão num monte alentejano. De repente, aquele monte que parecia o paraíso torna-se numa espécie de presente envenenado. Sentimos uma solidão profunda.”

Meses estes que marcaram a relação de mãe e filho para sempre. “É a mulher da tua vida?”, perguntou Manuel Luís Goucha. “É, sem dúvida”, respondeu. “Somos muito agarrados à nossa mãe. Esse momento foi decisivo.”

Os sentimentos que não mostrou logo na altura do divórcio acabaram por vir à tona dois anos depois. “Por volta dos 17, 18 anos, houve uma revolta que veio de repente numa fase em que já não era suposto. Uma revolta em relação a tudo, curiosamente até em relação à minha mãe.”

Nesta altura, FF culpou a mãe por tudo o que aconteceu, mas acabou por perceber, ao ir morar sozinho, que a separação foi o melhor para os pais. “Fui morar sozinho muito cedo, o que voltou a melhorar imenso a relação com os meus pais.”

A partida do pai

Já em Lisboa, FF recebeu a notícia de que o pai ia trabalhar para fora, para a América. “As coisas tinham acabado de acontecer e, de repente, estava a ver o meu pai a dizer ‘até já’. Na altura não lhe perdoei isso. Hoje percebo que o precisava de o fazer.”

Hoje, Fernando Fernandes tem uma relação serena com os pais, que estão orgulhosos do percurso profissional que tem percorrido. “Não faz sentido estar a remexer. Foi uma altura difícil, mas o sentimento que havia purgou-se.”

Texto: Mariana de Almeida; Fotos: Impala e reprodução Instagram

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