Fernando Tordo deu a sua primeira entrevista após travar uma luta “violentíssima” contra a covid-19. Foi esta a designação que o cantor usou, esta segunda-feira, em conversa com Júlia Pinheiro, nas tardes da SIC, onde falou abertamente sobre o problema de saúde que enfrentou no início deste ano.
Fernando Tordo não sabe, aliás, como contraiu o novo coronavírus. “Eu sou uma pessoa de casa quase desde sempre – e, agora, cada vez mais -, porque eu trabalho em casa. (…) Deste período, só me recordo ter saído uma vez, em que fui muito rapidamente a um estúdio de gravação, jantei num pequeno restaurante e regressei a casa. Eis senão quando começo a ficar com uma sensação terrível. Se os meus testes são negativos, o que é isto que eu tenho? Pensei que tinha gripe violenta. Mas esta gripe era, pela primeira vez, acompanhada de uma febre sistemática“, descreveu o músico. “A páginas tantas, fui a um laboratório de análises e uma funcionária disse-me: ‘Dá-me a impressão de que o senhor tem uma respiração um bocado…’. Eu já não dava por isso. Já tinha de respirar três ou quatro vezes para dizer uma frase“, lembrou.
Fernando Tordo foi “a correr” para o Hospital da Luz, em Lisboa. “E lá fiquei. Já não me deixaram sair”, recordou. Esteve 28 dias internado, quatro dos quais na unidade de Cuidados Intensivos. O seu caso era considerado grave, mas o cantor não teve essa perceção. “Felizmente, só soube disso depois de ter saído do hospital. Estive 28 dias hospitalizado. É evidente que os médicos e toda a equipa ocultaram que eu estava tão mal. Estava muito mal“, assumiu, no programa “Júlia”.
Fernando Tordo sobre luta contra COVID-19: “Tive muito medo”
O receio existiu assim que Fernando Tordo foi hospitalizado. “A única vez que tive medo foi quando o médico que me recebeu no hospital me disse que eu ia ficar internado. Aí, tive muito medo, porque eu não sentia objetivamente – talvez por rejeição – que estava assim tão mal. A fase boa vem quando ele diz que vamos pôr oxigénio”, contrapôs.
Mas a sua “realidade era outra”. “A minha realidade era a de que, nos primeiros cinco dias no hospital, eu estive sempre a piorar. Senti mais ou menos isso porque vinha muita gente, havia muita colheita de sangue, muita coisa… Mas nunca tive a noção de que a minha vida estava em perigo. Quem sabia disso eram eles. Depois, eu apercebi-me… Quer dizer, o meu primeiro raio-x é uma coisa… Indigna de se ver”, admitiu o músico.
Fernando Tordo assume: “Estive à beira de ser entubado”
O quadro clínico era de tal modo preocupante que a hipótese de entubação esteve em cima do mesa. A equipa médica que o acompanhou evitou, no entanto, o pior. “Estive à beira de ser entubado e só não fui porque os médicos tiveram consideração – entubar normalmente é fazer muito mal às cordas vocais. Agradeci-lhes de coração”, contou.
Passado o pior, seguiu-se um processo de recuperação “extraordinário” para Fernando Tordo e “muito surpreendente para os médicos e enfermeiros” que dele trataram. “Fiquei muito feliz de não ter morrido desta. Muito feliz. Porque há coisas que eu ainda quero fazer”, frisou.
Texto: Dúlio Silva; Fotos: Arquivo Impala e reprodução SIC
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