Foi na companhia da filha mais nova, Maria David, de 16 anos, que Rita Ribeiro falou do ano que passou, da carreira e dos tempos que aí vêm. A atriz, de 58 anos, que viajou pela primeira vez com Maria e com a filha mais velha, Joana, de 38 anos, para a Disneyland, confessa-se enamorada pela vida e orgulhosa da harmonia familiar.
VIP – Como celebrou este Natal?
Rita Ribeiro – Fizemos uma consoada à tarde, por causa da minha mãe. A noite foi passada em casa de uns amigos, na companhia das minhas filhas. Foi passado em paz. Correu muito bem.
É uma época especial para vocês?
Não, porque pratico o Natal ao longo do ano. Aquilo que fiz naquele dia acontece durante todo o ano. Estar com a família, amigos, trocar prendas e desfrutarmos da companhia uns dos outros.
E o Ano Novo?
Fui para fora com as minhas filhas.
É uma tradição?
Não. Aliás, nunca viajei com as duas. Foi uma decisão deste ano. Decidi oferecer-lhes uma viagem à Disneyland Paris.
A melhor maneira de entrar no novo ano…
Exatamente (risos). Partilhar uma viagem com as minhas filhas, algo que nunca fiz. Soltar a nossa criança interior e brincar é algo que faz parte do meu imaginário. É um mergulho num mundo de magia, esquecendo tudo aquilo que nos atormenta. Sinto que vai atrair um bom ano. Tenho confiança neste novo ano. A última noite do ano é marcada por algumas tradições.
Cumpriu alguma?
A maior parte dos meus fins de ano foram passados no palco. Não sou muito tradicional. Conheço todas as regras e tradições para poder fugir delas (risos).
Quais foram os desejos que pediu com as 12 badaladas?
Pedi que o novo ano seja bom e que eu saiba colher tudo aquilo que semeei durante a vida.
Profissionalmente, que balanço faz do ano que acabou?
Foi um ano de grandes contrastes. Tive coisas muito boas e outras muito más. O que me leva, perante a minha filosofia de vida, a não fazer balanço nenhum e a tentar neutralizar o que aconteceu, com confiança mas sem expectativas. Tento aceitar tudo como foi. Nada foi bom nem nada foi mau. Foi o que foi. Aceitar é a palavra de ordem.
Mas teve um grande espetáculo…
Sim. Fiz um dos espetáculos que mais gostei de fazer. Vou estrear a peça Gisberta no dia 30, no Porto. Foi uma aventura diferente de todas as outras, saindo da minha zona de conforto. Os resultados foram muito positivos e era algo que ambicionava fazer. Há muito que desejava fazer um texto dramático que mexesse com as pessoas.
A nível familiar também foi bom…
Sim. Houve uma grande aproximação familiar. Houve muito afeto. Fui bisavó, algo muito bonito aos 58 anos. O Salvador é um amor de bebé e veio dar alento à família. É um renascimento da vida e é isso que vivo. Um renascimento permanente e a recriação diária da vida.
Consegue fazer um balanço da sua carreira?
Sei que o caminho que percorri foi muito feliz. Tive sempre muita sorte mas acredito que somos nós que a construímos. Houve um caminho extraordinário. Agora não quero fazer tantas coisas, vou privilegiar mais a qualidade, talvez ser mais seletiva nos trabalhos. Até agora tem sido excecional e o resto também será certamente.
Mudava algo no seu percurso?
Não. Sempre fui muito ousada e frontal. Quando somos mais novos somos mais impulsivos. Não mudava nada no passado mas agora mudo. Agora não sou tão impulsiva. Sou mais tolerante e flexível com os outros e comigo.
A carreira deu-lhe tempo para ser a mãe que sempre sonhou?
Fui mãe em fases diferentes da minha vida: aos 20 e aos 42. Tanto uma como outra andavam sempre a reboque do meu trabalho. Mas tentei sempre acompanhar as minhas filhas. Estive mais presente na minha filha mais nova porque a consciência e a idade eram outras. E fui mãe da Maria depois de ter sido avó. Portanto, a maturidade e sabedoria são outras.
A Rita que educou a Joana não é a mesma que educou a Maria mas fiz o meu melhor, sempre com a ajuda da minha mãe. E para amar?
Vivi intensamente a minha vida amorosa e, hoje em dia, estou enamorada pela vida. Já não tenho a necessidade de companhia que tinha antes. Sinto-me sempre acompanhada e tenho apoios muito fortes, como as minhas filhas, alguns amigos que são como irmãos e os meus cães, que são muito importantes para mim. Tudo o que vier será para complementar o amor pela vida. Gostava de ter tido mais filhos.
O aumento da família atenua esse sentimento?
De certa forma. Gosto muito de crianças. Uma vez, a Rosa Lobato Faria disse-me que a única coisa que não queria que lhe roubassem era a inocência. Pratico muito isso para mim. Essa inocência e paixão pela vida, típica das crianças, é aquilo que tento ter, em vez de ser uma adulta séria e chata.
É essa inocência que faz com que não sinta o avançar da idade?
Exato. Passa pelo cuidado físico, mas não só. É preciso cuidarmo-nos espiritualmente, mentalmente e emocionalmente. Deitar fora as mágoas e raivas que guardamos dentro de nós, muitas vezes sem sabermos porquê. Isso é tóxico para nós.
É mãe, avó e bisavó. Consegue distinguir estas três formas de amar?
Não. A partir dos 40 anos aprendi a amar incondicionalmente. E é muito mais saboroso viver assim.
Tem o reconhecimento que merece?
É relativo. Portugal é um país maravilhoso e bizarro. O Herman José disse-me que qualquer atriz espanhola que fizesse o que fiz já tinha um teatro seu. Eu também gostava muito. Talvez seja o meu maior sonho. Ter o Teatro Curado Ribeiro.
Além da estreia da peça Gisberta, no Porto, tem mais novidades para o início deste ano?
Estou muito disponível. Neste momento, é a Gisberta que existe. Gostava de voltar a Lisboa com o formato de uma hora, pois só esteve no Teatro Rápido no formato de 15 minutos. A peça também vai continuar a sua tournée. Neste momento, eu e o Eduardo Gaspar estamos em coprodução com o Paulo Sousa Costa e está previsto levar o espetáculo para fora do País. Mas estou disponível e com vontade de fazer televisão.
Texto: Bruno Seruca; Fotos: Luís Baltazar; Produção: Manuel Medeiro; Maquilhagem e cabelos: Vanda Pimentel com produtos Maybeline e L’Oréal Professionnel
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