A chegada da quadra natalícia provoca em Heitor Lourenço um misto de sentimentos. Se, por um lado, o ator sente a nostalgia provocada pela recordação dos Natais de outrora, por outro, é com ansiedade que vê a aproximação da noite da consoada e do dia 25 de dezembro. É que, com o passar dos anos, a tradição natalícia de Heitor Lourenço reinventou-se.
Agora, o ator tem “uma segunda vida natalícia”, como explicou à VIP. Porém, há algo na sua vida de que não abdica em nenhuma época do ano: a companhia da sobrinha Joana, de 13 anos, com quem tem uma relação especial, bem como do irmão desta, João, de 18 anos.
E foi precisamente para falar do amor que sente pelos sobrinhos que Heitor Lourenço abriu o coração à VIP, depois de uma tarde passada com Joana, na Aldeia Natal do Parque Eduardo VII, em Lisboa.
VIP – Qual o significado que atribuem a esta quadra?
Heitor Lourenço – Para nós, o Natal é um ato familiar, uma festa. Tenho uma parte da família mais nuclear, como o caso aqui da minha sobrinha Joana, e os meus pais, com quem falo todos os dias. Depois, há a outra parte da família, com quem infelizmente só conseguimos estar nesta altura. Damo-nos todos bem e aproveitamos este momento para conviver e passar bons momentos em conjunto.
Têm alguma tradição que gostam de perpetuar no tempo?
Saltamos de casa em casa. Houve sempre a tradição de passarmos por várias casas dos nossos familiares. Eu gostava de passar estes dias fora de Lisboa e já partilhei isso com os meus pais, uma vez. Acontece que, para conseguirmos estar todos, não dá para sair de Lisboa nestes dias. Por isso, vamos mantendo os mesmos hábitos. Passamos juntos a noite do dia 24 e parte do dia 25. Desde há uns anos para cá as coisas mudaram, porque eu passei a ter uma segunda vida natalícia (risos).
Como assim?
Uma amiga minha organiza uma festa de Natal no dia 25 à noite e já somos um grande número de amigos a participar. Damos-lhe o nome de “desnatalização”. Deixa-me lá explicar isto bem: depois de dois dias em família a respirar Natal, Natal, Natal – e a comer muito e bem, também –, na noite do dia 25 começamos o processo de “despir” o espírito natalício. Começou por ser uma coisa simples, que tem sido cada vez mais elaborada com o passar dos anos e agora já é algo fixo. Tal como acontece estar definido o dia 24 com a minha família, para mim já está inscrito na minha vida esse “desnatal”. Não há presentes, é convívio e animação e uma forma voltarmos à vida do dia- a-dia. Ou, pelo menos, tentamos voltar, porque com o passar dos anos e a vinda de mais amigos para o grupo, a quantidade de comida neste dia também aumentou. Não dá para resistir à tentação de mais um queijinho (risos).
Mesmo assim, sente alguma nostalgia associada a esta época?
Obviamente. Antigamente tinha uma família grande e era giríssimo. Recordo-me que saíamos para jantar em casa dos meus avós paternos. À meia-noite íamos a correr trocar os presentes na casa dos avós maternos. Era engraçada a sensação de estar com os mais velhos. Passava a noite toda a rir com os meus primos. Era uma diversão. Hoje, é tudo para as crianças, é diferente, mas também é giro. Continuo a gostar de dar e de receber presentes, sobretudo aos meus sobrinhos.
A cumplicidade com a Joana é notória. Como é a vossa relação?
Com o João, o irmão dela, também é assim. Acho que os habituei mal, logo desde pequenos. Faço questão de lhes dar presentes fantásticos todos os Natais e agora já se torna complicado tentar igualar ou superar o ano anterior (risos).
É o chamado tio que os estraga com mimos?
É isso. Sou o tio que os mima e que também os estraga. Só um bocadinho (risos). Tento sempre equilibrar tudo. Essa coisa de dizer que sou o tio presente é porque sempre canalizei para os meus sobrinhos o facto de não ter filhos. Foi uma das maneiras de sublimar essa paixão.
Podemos, então, dizer que eles são os filhos que não teve?
Eu nunca vou ocupar o lugar da mãe e do pai deles e não quero ter com eles uma relação esquizofrénica (risos). No papel de tio, tento dar-lhes uma certa formação. Não tem nada a ver com substituir os pais, mas é ter um papel engraçado ao nível familiar. Quando eram pequenos ia buscá-los à escola, ia com eles ao teatro, a todos os sítios. Às vezes, até parece que temos a mesma idade. Rimo-nos imenso. Revejo-me neles quando tinha estas idades e conto-lhes também um bocadinho da minha história. E as diferenças da sua época para agora… Sim, mas sou da opinião de que as pessoas devem descobrir as coisas por elas próprias. Pelo que tento, por aquilo que vejo, pela relação que eu sempre quis ter com eles e pela relação que eles têm com os pais e com o resto da família, acho que eles são uns miúdos preparados. Isso é fundamental. As coisas acontecem e é importante que eles tenham um certo background. A vida atual está difícil a todos os níveis e há muitas solicitações, acho que eles percebem isso. Digo-lhes sempre que é muito importante estarem atentos às notícias, para perceberem que há coisas que acontecem. Sempre fizemos muito isso. É uma espécie de banho de realidade, para que percebam que a vida não tem só o lado cor-de-rosa.
Por ser o tio a chamar a atenção para essa realidade, eles acabam por ser mais permissivos?
Completamente. Até há uma coisa engraçada: quando falamos algum assunto mais sério, eles não gostam que a mãe se meta na conversa. Dizem que são coisas nossas. Às vezes, a minha irmã pergunta se pode ir connosco, quando vamos a uma exposição, e eles dizem logo que não. Acho que eles sentem que têm só para eles uma pessoa mais velha, mas que não são filhos. Não sei explicar. Com o tio têm outra liberdade, outro à vontade, deve ser isso.
O mesmo acontece quando é para abordarem assuntos mais sérios?
Até ao dia de hoje, nunca houve, felizmente, um assunto sério e grave. Mas quando é preciso falar de coisas mais sérias, é com a avó, a minha mãe, que eles se sentem mais à vontade. A minha mãe foi professora e dá-lhes explicações. Passa muito tempo com eles, ouve-os muito e é por isso que eles também estão confortáveis. A Joana, no outro dia, teve uma má nota que não estava à espera. Para quem é que ligou logo? Para a avó!
Têm todos uma relação muito próxima, então…
Na forma como nos relacionamos, partimos do princípio de que o diálogo é importante. Sinto que, entre nós, há liberdade para falarmos de tudo. E sinto que eles sentem que estamos todos aqui para eles. Eles sabem que podem falar com toda a gente: com os pais, com os avós, com o tio.
No papel de tio, qual a mensagem que lhes pretende transmitir?
Não sei muito bem qual é o maior ensinamento que lhes quero dar. Acima de tudo, quero contribuir de alguma maneira para que sejam pessoas responsáveis, que saibam viver ativamente em sociedade. O nosso papel em sociedade é tanto maior quanto mais soubermos acerca dessa sociedade. Acima de tudo, gostava que eles fossem bons seres humanos e que fizessem alguma coisa de positivo pela nossa sociedade. É o que eu tento fazer e que acho que é interessante.
O Natal é também uma época de reflexão. Já fez o balanço de 2013?
A meio do ano dei-me conta de que ando nesta profissão há 25 anos. Não dou importância às datas, aos anos, mas acho que é um marco giro e digno de se comemorar. Foi um ano com coisas engraçadas. A nível de trabalho, a peça O Guru, e agora o Bem-vindos a Beirais, da RTP1. Foram e são dois grandes projetos. A série está a correr muito bem, estou a gostar muito de fazer. Portanto, o que posso querer mais? Estou a trabalhar, tenho o privilégio de estar a trabalhar na minha área, num projeto que está a resultar e do qual eu estou a gostar muito. É extraordinário. Apesar de ter sido um ano marcado pela crise, tentei sempre manter a positividade em tudo em que me envolvo.
Portanto, vai entrar em 2014 com esse espírito positivo de que fala.
Vou dar um grande salto para o ano novo. Já sei que vou começar um novo ano com trabalho e só por isso já vai ser muito bom.
Texto: Micaela Neves; Fotos: Luís Baltazar; Produção: Elisabete Guerreiro; Maquilhagem e Cabelos: Vanda Pimentel, com produtos Maybelline e L’Oréal Professionnel
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