Marta Rebelo
Ex-deputada do Partido Socialista, MARTA REBELO é uma voz crítica contra JOSÉ SÓCRATES

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“Quero apenas expressar a minha opinião”
O Partido Socialista e Benfica são bandeiras de Marta Rebelo, 33 anos, professora assistente de Jurídico-Económicas na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.

Dom, 22/05/2011 - 23:00

 O Partido Socialista e Benfica são bandeiras de Marta Rebelo, 33 anos, professora assistente de
Jurídico-Económicas na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Às segundas-feiras no jornal desportivo Record, às quintas na revista Sábado e diariamente no Blog de Esquerda, não dispensa a opinião acutilante e com graça.

Depois de uma experiência política no governo deJosé Sócrates – na Secretaria de Estado da Administração Interna – como deputada do Partido Socialista e como membro da Comissão Nacional e da Comissão Política do Partido Socialista de 2004 até ao último congresso, em Abril último, Marta Rebelo desencantou-se com o rumo da governação e hoje é uma das suas vozes críticas. "Quem lê aquilo que eu venho escrevendo percebe que há um distanciamento meu em relação às estratégias que o meu partido e o meu governo têm adoptado. O 'divórcio' tornou-se mais patente este ano por causa da relação com o PSD e por causa do FMI. Acho que tem sido tudo mal gerido pelas duas partes, sendo que uma das partes não é a minha”, explica.

Marta Rebelo está convencida de que as próximas eleições vão criar grandes dificuldades ao Presidente da República. “Acho que os resultados vão ser renhidos e o Presidente vai ter dificuldade em convidar alguém para formar governo”, mas que, provavelmente, os socialistas sairão derrotados e haverá alterações na cúpula do PS. “Há muita coisa que tem de mudar na liderança e na vida interna do partido. Precisamos de coisas diferentes…

Dependendo da extensão da derrota que irá sofrer, assim será o comportamento de Sócrates, mas a ex-deputada não tem dúvidas de que haverá eleições internas. “A minha aposta é que António José Seguro as vence. É uma linha ideológica e de actuação completamente diferente da minha e por isso nunca o apoiaria. Acho que vai haver outro candidato e eu gostaria muito que fosse António Costa. No entanto, julgo que a outra candidatura será de Francisco Assis e, nesse caso, claro que o apoiarei.”

Tal como lhe acontece com o Benfica – de cujo treinador, Jorge Jesus, confessa não gostar –, a professora garante que não está em causa a sua lealdade à camisola. “As instituições são mais do que as pessoas que estão nas funções”, insiste, para que fique claro que as lealdades fundamentais estão de pedra e cal. Mas caso o seu partido venha a ter um líder que apoie, nem por isso o papel que desempenha actualmente deverá ser alterado: “A minha carreira está no ensino, não está na política, e neste momento tenho de me concentrar no objectivo principal que é fazer o doutoramento.

O facto de dar a sua opinião e pretender continuar a dá-la não significa, afirma Marta, que tenha uma agenda. “Não quero ser deputada, não quero integrar as listas de um partido, quero apenas expressar a minha opinião.

Um problema de saúde recente fez com que reforçasse esta convicção: “Quando perdemos algo tão essencial como a saúde somos forçados a concentrar-nos no fundamental.”

Marta Rebelo assume que cuida do seu look, mas recusa a classificação de fashion victim, até porque a sua opção estética são os anos 60, que o estilista Marco Moreira soube captar numa parceria que agrada a ambos. Ao todo, soma-se um penteado garçonette escuro, numa mudança de visual que nas mulheres costuma ser atribuído a causas sentimentais. Marta asssume que se casou há cerca de um ano e que o casamento (o seu segundo) durou pouco. Deixou de acreditar no casamento? A resposta vem pronta: “Não! É como o Benfica e o Partido Socialista, não são as pessoas que põem em causa as instituições.

Texto: CFA; Fotos: Carlos Tavares 

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