Filomena Morais
“Estou mesmo apaixonada e casar é uma hipótese”

Famosos

Divorciada, duas vezes, de Pinto da Costa, volta a encontrar o amor. Mas há muito mais…

Qui, 12/03/2015 - 0:00

Ao primeiro impacto, percebe-se que Filomena Morais é uma mulher de bem com a vida. Sorridente e bem disposta, mostra um espírito muito jovem. Encontrámo-nos a 3 de março, um dia antes de comemorar o seu 53.º aniversário. Curiosamente, a data em que a sua mãe também acrescenta mais um ano de vida e em que janta invariavelmente com ela e a sua filha, Joana Pinto da Costa. Algumas perguntas deixam­-na mais hesitante, mas nem isso a faz vacilar. É uma mulher do Norte. A conversa acaba já ao final da tarde. Pelo meio, atendeu várias chamadas de trabalho. Afinal, a Remax de Matosinhos é a n.º 1 em Portugal. 

VIP – Faz 53 anos amanhã [4 de março]. Meteu folga na Remax Matosinhos?
Filomena Morais – [Risos] Não meti, não. São muitos aniversários, já nem ligo. 

Tanto vende casas como distribui panfletos. Sente-se bem nesta pele de vendedora imobiliária?
Muito bem. Durante toda a minha vida profissional exerci esta veia comercial. 

Então o negócio está a correr bem?
Muito bem. Em janeiro de 2015, a Remax Matosinhos foi a que mais faturou.

Vende mais por ser Filomena ex-Pinto da Costa?
Olhe, se calhar, para algumas pessoas terá influência. Ainda existe muita gente que me tem em grande consideração e este negócio vive muito de confiança.

Tem uma página no Facebook que abriu mais ao público por causa do trabalho. Como lida com o assédio?
[Risos] Sou tímida e prezo muito a privacidade. Mas há esse lado profissional que implica fazer social e que traz dois lados: o de trazer negócios e o invasivo, onde tentam ultrapassar esse lado profissional. E tenho tido algum assédio, é verdade. 

Alguma vez as pessoas vão deixar de a ver como Filomena Pinto da Costa?
Sim, até porque eu já não me vejo assim. 

Mas ainda há muitas pessoas que a veem como Pinto da Costa.
Normal. Parte da minha vida esteve ligada a um meio muito mediático, que envolve massas. Mas os jovens já não associam.

Conheceu Pinto da Costa em 1985, quando era secretária dele. O que lhe resta dos tempos de secretária ?
Não mudei. Nunca me deixei manipular por muitas coisas que vi, que ainda hoje não concordo. Maneiras de estar e formas de negociar que não fazem parte da minha maneira de ser. Mantenho a minha educação, caráter e convicções.

Em 1987, nasceu a Joana. Casaram-se em 1998. Separaram-se em 2002. Depois disso, a sua empresa foi à falência e foi trabalhar para o IKEA. Foi das piores fases da sua vida?
Não é verdade. Tive uma empresa de antiguidades durante 15 anos, que mantive até 2014. Quanto ao IKEA, fiz parte do grupo que abriu a loja no Porto e estava numa equipa de acompanhamento a clientes. Já ia muito a Lisboa de propósito para ir ao IKEA e quando soube que iam abrir – a minha loja também estava a passar por uma crise –, decidi ir, levada por uma amiga, até mais por brincadeira. Sei que, na altura, fizeram alarido, como se eu fosse uma pobrezinha, mas não é nada disso. 

Não foi uma fase complicada?
Uma separação nunca é fácil, mas é sempre uma fase de adaptação. Devo dizer que foi na altura em que fiz 40 anos e os meus 40 foram a melhor década da minha vida. Uma altura fantástica, fiz montes de coisas que nunca pensei fazer, como, por exemplo, tirar um curso e fazer mergulho. 

Chegou a tirar também um curso de árbitro de futebol?
Não, isso foi a minha filha Joana. 

Por alguma razão?
Foi o pai que a convenceu. Mas nunca exerceu. Foi mais um capricho do pai. 

Cada vez que perdeu o apelido Pinto da Costa, quantas pessoas é que se afastaram de si?
As que se afastam são as que não prestam. Encontram-me nas lojas e fazem de conta que não me conhecem. Não me faz grande diferença e até agradeço.

Nesse primeiro divórcio, falou-se em violência doméstica. 
Nunca aconteceu. 

Pinto da Costa sempre foi um bom pai?
De certa forma, sim. 

Mas a Filomena chegou a afirmar que foi pai e mãe.
Tinha a ver com as ausências profissionais e uma fase complicada depois da primeira separação, onde houve um certo afastamento. Faz parte.

Como é que aceita casar pela segunda vez com Pinto da Costa?
Por incrível que pareça, foi mesmo por amor. Só. Andou mais ou menos um ano a tentar convencer-me que tinha mudado e a pedir-me uma segunda oportunidade. Talvez, ingenuamente, acredito no ser humano e que é possível mudar. Toda a gente merece uma segunda oportunidade, uma terceira… 

Mas daria uma terceira?
Não, não. Isso nem pensar. Já chega. 

O que tinha esperança que tivesse mudado? 
[Pausa] Continuou tudo na mesma. No fundo, era só conversa. 

Falemos do dia do segundo casamento. É verdade que Luís Onofre fez-lhe uns sapatos com dragões gravados no forro e isso irritou-a?
Não. O Luís Onofre fez questão de me oferecer uns sapatos únicos, que fez só para mim e tinham realmente uns dragõezinhos. Gostei imenso e ainda os tenho guardados. 

Porque recusou ter como convidados Fernando Póvoas e Reinaldo Teles?
Não é verdade. Ele é que não os quis convidar. 

Foi uma opção de Pinto da Costa?
Eles não eram meus amigos. Como vê, continuam a dar-se com ele. Eu convidei os meus amigos e ele os dele. Como não fez questão de os convidar… Agora, atirar isso para cima de mim é que não dá muito jeito. 

Pedro Santana Lopes esqueceu-se de enviar prenda e depois, a meio da semana, enviou uma jarra com o preço por baixo?
Não, não. Já não me lembro o que foi, mas até enviou antes. Gosto muito de Pedro Santana Lopes.

Para voltar a casar teve de desistir de cerca de duas dezenas de ações judiciais, onde se destacavam as de difamação?
Mentira. Estava tudo resolvido.

Pinto da Costa presidente era muito diferente de Pinto da Costa marido?
Completamente. Não tem nada a ver. E gostava mais do marido. 

Era o Pinto da Costa presidente que acabava por influenciar negativamente o marido?
Não. São circunstâncias diferentes e tinha de ter outra postura, outra forma de se defender, ser mais aguerrido. Estas figuras mediáticas “despem” esses “casacos” em casa e são completamente diferentes. Isso faz-me lembrar uma história. Como tínhamos dois cachorros, houve um dia que foi ele passeá-los e um miúdo disse à mãe: “Olha, olha, o Pinto da Costa também passeia o cão.” No meu caso, sou reservada, mas num mundo como o futebol tive mesmo que me defender. As pessoas também tentavam aproveitar-se de mim e fui ganhando essas capas. 

Teve alguma experiência negativa mais marcante com esses “aproveitadores”?
Aparecem sempre. Costumo chamar-lhe musgo. Mas todas as árvores bonitas têm musgo [risos].

“Pagai o mal com o BEM, porque o AMOR é vitorioso no ataque e invulnerável na defesa”.[Escreveu no Facebook depois de Pinto da Costa surgir com Fernanda]. Lembra-se disso?
LAO TSÉ. É uma filosofia de vida. 

Acredita mesmo que nunca foi traída?
Traída como?

Enquanto seu marido, Pinto da Costa teve outras mulheres?
Infelizmente, vim a descobrir que era verdade.

Custou-lhe saber da nova relação de Pinto da Costa pela Imprensa?
Custou. 

Foi falta de respeito?
Muita.

Divorciou-se sem saber. Não esteve presente, não foi notificada, nada. Só alguém influente pode fazer isso?
[Silêncio]…

Nunca tentou perceber o porquê?
Não. Nem me esforcei, tão-pouco. 

De alguma forma, já estava à espera?
Acho que sim. Conhecendo-o como conheço…

O segundo casamento foi “forçado” para que o presidente do FC Porto tivesse uma boa imagem no processo Apito Dourado?
Não tem nada a ver com o Apito Dourado. Tem mais a ver com uma imagem pessoal dele que ficou muito danificada com aquela companheira que tinha [Carolina Salgado]. 

Tem saudades da vida que Pinto da Costa lhe proporcionava?
Proporcionava outro tipo de vida, mas também dava muitas dores da cabeça. 

Foi escrito que Pinto da Costa lhe disse: “Tivemos uma filha no primeiro casamento, agora no segundo casamento temos outra.” Porque é que queria outra menina, sabe?
Da minha parte sempre esteve fora de hipótese.

Como está a relação com a sua filha Joana? 
Está ótima, sempre esteve. 

Em 2010 noticiaram que estavam chateadas.
Tentaram passar essa imagem, escreveram muito sobre isso, mas não é verdade. Como costumo dizer: “É a minha filha preferida.” 

Ficou triste com o divórcio de Joana?
Sinceramente, fiquei preocupada. Sei que são alturas que não são fáceis na nossa vida. Compreendi perfeitamente e ela estando bem, tem todo o meu apoio.

E a Joana está feliz?
Está.

Pinto da Costa já teve alguns problemas de saúde. Como é que vive com essas notícias?
São indiferentes. 

Mas é o pai da sua filha…
Pois, tenho pena. 

A sua história com Pinto da Costa tem cerca de 30 anos.
[Interrompe]… mas já acabou, já acabou.

Preciso que me desempate. Foram felizes, infelizes, de novo felizes e de novo infelizes. 
Não vai haver desempate.

No livro 31 Anos de Presidência, 31 Decisões, Pinto da Costa apenas refere a sua atual mulher, ignorando os dois casamentos que teve consigo. Vê alguma razão para isso?
Não sabia, não li, mas não estou minimamente interessada. 

Por que não foi trabalhar para o Benfica?
Cheguei a ser convidada, mas não aceitei. Implicava ir para Lisboa e como a Joana estava a estudar no Porto, não quis mudar a vida dela…

Continua amiga do presidente do Benfica?
Sim, dou-me muito bem com ele. 

Por aquilo que vivenciou, no futebol há poucos amigos?
Depende da interpretação da palavra “amigos”, mas é um mundo de interesses, negócios e muito dinheiro. Locais que geram muito dinheiro, dão muita coisa menos dinheiro.

Por que saiu de Moçambique?
Já lá estava há quatro anos e meio. Achei que já era muito. Não é fácil viver longe das nossas raízes. Depois, a violência começou a aumentar, pessoas amigas começaram a ser assaltadas e violentadas e comecei a sentir receio. Apesar da minha casa ser uma espécie de pouso onde tinha sempre gente, vivia sozinha e comecei a ficar assustada. 

Dizem que no mítico Hotel Polana, com vista para a baía de Maputo, era frequente ver Armando Vara ou Filipe Vieira, mas também Richard Branson, da Virgin, Leonardo Dicaprio,  Kevin Costner e George Clooney ou o príncipe Alberto do Mónaco. Chegou a cruzar-se com alguém desta gente?
Quem me dera [risos]. Todos os políticos portugueses, sempre que vão a Moçambique, desde o tempo do Governo de José Sócrates, ficam lá. Eu ia lá muitas vezes porque era um local fácil para termos encontros com clientes, reuniões ou apresentações e acabava sempre por encontrar grandes empresários e políticos.

Conte uma história com portugueses…
Tenho uma surpreendente, com Maria Barroso, mulher de Mário Soares, que foi lá lançar um livro. Como tinha amigos na embaixada, fui lá ter com ela e ficou surpreendida porque pensava que eu estava a trabalhar na embaixada. E eu disse: “Nem todos têm esse tacho.” [Risos] Realmente, a embaixada portuguesa estava lá muito bem representada em número e em espécie. 

Pensa que eram demais?
Tenho a certeza. A cidade era pequena, mas tinha uma embaixada e um consulado. Gente a mais. 

Mas voltando a Maria Barroso…
Reconheceu-me logo, foi muito simpática e estava muito “viva”. Esteve lá uns dias. Autografou-me o livro e fez-me uma dedicatória lindíssima.

É a mais nova de quatro irmãos. Usando uma expressão sua: “Espantavam-lhe a caça toda”?
[Risos] É bom ser a irmã mais nova. Os homens eram muito protetores, mimavam-me muito. 

E agora, tem namorado? 
Diria que estou mesmo apaixonada.

Casava novamente?
Nunca devemos dizer nunca. É uma hipótese.

Para já, não tem nada marcado?
É mesmo. Para já, não tenho nada marcado, mas…

É licenciada em Comunicação Social – falta apenas a monografia. Criou a revista Mundo Azul. Chegou a ter 50% de um canal web TV. Foi autora e apresentadora de dois programas no Porto Canal. Que pergunta faria à Filó?
Perguntam-me sempre coisas de futebol, mas não tenho grande paixão por futebol. A minha paixão é música, ópera, cinema, animais. Adoro viajar e já estive em mais de 400 locais. Adoro histórias de vida e escrever.

Tem algum projeto na calha, como um livro, por exemplo?
Gostava de escrever umas aventuras. Tenho alguns textos que escrevi em Moçambique. 

E se escrevesse um livro, assinaria como Filomena Morais ou Pinto da Costa?
Pinto da Costa, nunca.

Mas tem noção que como Filomena Morais ia vender menos?
Talvez não. Se tiver boas histórias, não. Mas não pensem que vou escrever sobre coisas íntimas, macabras e histórias cabeludas de futebol. 

Texto: Humberto Simões; Fotos: Luís Baltazar; Produção: Romão Correia; Cabelo e Maquilhagem: Vanda Pimentel, com produtos Maybelline e L’Oréal Professionnel

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