O ponto de partida para esta conversa foi o novo filme de animação ‘Uma Aventura do Outro Mundo’, no qual Ana Sofia Martins empresta a voz à senhora Totónio. Um projeto que lhe provoca a excitação de uma criança pois traz ao de cima a miúda que há em si.
A atriz, de 31 anos de idade, sente ainda um gozo acrescido em relação a este filme porque o partilha com o namorado, o músico David Fonseca. Ainda que bastante reservada sobre o assunto, afirma que foi uma coincidência estarem os dois no mesmo projeto. «Sim, eu não liguei para cá a pedir para me porem no mesmo filme», diz em tom de brincadeira.
No decorrer da conversa, Ana Sofia explica porque adotou uma postura mais privada em relação à vida sentimental. Diz que aprendeu da pior maneira a lição.
Fala, ainda, sobre a nova novela da TVI e o novo papel, este que acredita que vai marcar o seu ponto de viragem como atriz.
Qual é o gozo em fazer dobragens de filmes infantis?
É um desafio muito giro. É bom poder sair da minha zona de conforto e dar a minha voz a um boneco animado. Acho que é a Ana Sofia miúda que vem cá para fora e está a viver um sonho. Estou a libertar a criança que há em mim.
O facto de o David [Fonseca] também estar neste projeto tona as coisas mais especiais?
Não vou falar sobre isso. Não posso nem quero.
É comum empresas juntarem casais no mesmo projeto…
Sei que acontece, mas não sei se foi o caso. Acho que foi mesmo uma coincidência. Eu não liguei para cá a pedir: «se faz favor, importa-se de me pôr no mesmo filme que o David?»
Nesta relação, a Ana Sofia adotou uma postura bem mais reservada do que anteriormente…
Isso foi uma coisa que aprendi com a idade. Ao falarmos, estamos abrir a porta ou a janela a uma coisa que só a nós nos diz respeito. E aprendi isso da maneira mais difícil.
Então? O que aconteceu?
Custou-me… mas a culpa disso foi minha. Porque eu é que fui dizer que namorava com a pessoa x e começámos às hora y e fizemos uma sessão fotográfica juntos. Porquê? Acho que foi um bocadinho ingenuidade da minha parte. Os relacionamentos tem um início e um fim… A partir daí decidi: ‘acabou-se, não quero mais isso’.
«Apaguei tudo o que tinha a ver com relacionamentos antigos»
Mas arrependeu-se porquê?
A vantagem de sermos pessoas livres é podermos, a qualquer momento, mudar de opinião. E foi isso que me aconteceu. Mudei de opinião, porque acho que as pessoas têm de saber aquilo que eu quero que elas saibam. Da vida profissional, tudo o que quiserem, perguntem-me tudo. Quanto à vida pessoal, quanto mais privado e mais meu for, mais especial se torna. Foi uma lição que só me tem feito bem. Sinto que as pessoas assim só se foquem naquilo que que quero, que é a minha vida profissional. E acho que me levam mais a sério.
Quando se está apaixonado é fácil cair-se na tentação de ‘gritar’ esse amor para o mundo! Que é como quem diz, expô-lo nas redes sociais… E sendo o David um apaixonado por fotografia…
É verdade. E até com isso eu cortei. Apaguei tudo o que tinha a ver com relacionamentos antigos.
Mas agora – em vez de se partilhar imagens juntos – há uma coisa melhor que é: estão no mesmo sítio e postam fotos separados, mas com o mesmo cenário. É ridículo. Isso não é para mim.
Sabes que isto dos 30 está a ser muito bom. E é engraçado. Uns dias antes de fazer 30 anos, parece que comecei a sentir-me assim mais responsável. É ridículo, mas é verdade.
E com o peso da responsabilidade também veio a vontade/peso de ter filhos?
Não. Todas as minhas amigas da escola estão grávidas. Há uma que até já tem dois filhos. Fico super feliz por elas, e por mim, porque isso significa sobrinhos. E há lá coisa melhor? Não me sinto nada pressionada em ser mãe, nem elas me fazem sentir isso. Sabem com quem estão a lidar. Costumo dizer isto e é verdade: eu padeço de felicidade alheia. É tão bom, alimenta e faz-me sentir bem.
Nada de relógio biológico a dar horas, portanto?
Nada. E quando der, vai se do género: afinal estive grávida nos últimos 9 meses e tive um filho. Não vou ser daquelas a anunciar: ‘ah e tal estou grávida, olá patrocinadores’.
«Já não tenho medo de dizer que sou atriz»
Mudando de assunto. Está a gravar mais uma novela para a TVI. Onde vai ser novamente protagonista.
Sou uma das. Mas é um papel que pode marcar o meu ponto de viragem como atriz. Já não tenho medo de dizer que sou atriz. Não fiz teatro nem cinema, mas pelo menos, atriz de televisão já consigo dizer que sou. Levo isto muito a sério, levo trabalho para casa e esforço-me muito. Há coisas que vêm naturais, mas há outras que tens de ir buscar a sítios que nem imaginas. E acho que é nisso que eu sou boa.
Noto alguma insegurança? Sente que ainda tem alguma coisa a provar? Chegou há pouco tempo à cena e os papéis que fez foram todos de destaque…
Não. Achava que tinha de provar alguma coisa a alguém, mas eu é que estava em luta comigo, eu é que estava na dúvida. De repente, o tempo vai passando e questiono: «mas estou a tentar provar o quê a quem? Quem é que paga as minhas contas ao final do mês?» Desde os 15 anos que sou eu! Fiz paz com isso. Pensei: ‘miúda, trabalha e tenta chegar ao final do dia com o sentido de dever cumprido’. A partir daí, ‘lets go’.
Cada vez mais televisão e menos moda?
É verdade. Mas está a ser uma separação amigável. Faço uns trabalhos pontualmente. Por exemplo, o desfile da Calzedonia em Itália. Alguma vez eu pensei que aos 31 anos ia estar assim a desfilar? Nunca. Foi incrível e fez-me muita bem ao ego. Esforcei-me para caraças!
O que fez?
Ginásio que nem uma louca, alimentação cuidada ao máximo. Mas estava a comer, pois decidi não fazer detox nem nada do género. Só comia coisas boas, dormia as 8 horas certas. E depois o resultado estava à vista. Mas assim que saí de lá, comi um jantar cheio de calorias. E depois senti-me mal. Então quer dizer, estiveste a esforçar-te daquela maneira para te encheres agora cheia de calorias?
Texto: Inês Neves
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