Elma Aveiro é a irmã mais velha de quatro irmãos. As dificuldades económicas obrigaram-na a crescer depressa, a ser cuidadora, mas nem por isso deixou de ter uma “infância feliz, com pouco.” A irmã de Cristiano Ronaldo abriu o coração a Manuel Luís Goucha, numa entrevista única em que falou sobre o amor que sente pelos irmãos – Katia, Hugo e Cristiano.
“A Katia e eu brigávamos um bocadinho. Ela era mais desleixada do que eu. Eu era mais arrumadinha. Eu já cresci adulta. Mas eu sou apaixonada pela minha irmã. É muito especial. Também é cuidadora, preocupa-se comigo, é minha amiga. A minha irmã é super inteligente. Além de cantar, que canta bem, ela é muito inteligente. Ela responde mais do que eu”, confidenciou.
E continuou: “O Hugo é o mais calmo. Não quer saber de nada, está em casa quietinho no seu canto, não aparece, não faz comentários… é dele mesmo.”
Sobre o irmão mais novo, Cristiano Ronaldo, Elma Aveiro estendeu-se nas palavras. “Ele era um menino especial. Jogava bem à bola, mas até chegar ao ponto a que chegou, nunca pensámos. Quando veio (jogar futebol) para Lisboa, foi muito difícil. Mais uma tristeza profunda. Lá tive de cuidar da minha mãe que chorava de manhã à noite, eu também…”, começou por dizer.
Quando CR7 se tornou um dos maiores, e melhores, futebolistas do mundo, a vida do Clã Aveiro mudou drasticamente. A pobreza transformou-se em abundância e o dinheiro deixou de ser um problema. “O dinheiro da felicidade?”, questionou Manuel Luís Goucha. “Não”, retorquiu Elma. “Compra algumas coisas, mas não compra felicidade. Mas nunca me deslumbrei. Foi difícil. Não tínhamos nada, e de um momento para o outro… mas também foi difícil com as pessoas, com o que elas falavam, especulavam…”, prosseguiu.
“O meu irmão, quando foi para Manchester, já foi com dinheiro para comprar casas, carros, dava para comprar tudo. Foi a partir daí. Mudou a nossa vida. Até a própria família da minha mãe mudou, por inveja. Apareceram amigos por interesse, até hoje. Éramos pobres, agora temos tudo, as pessoas começam a falar…”, acrescentou.
Elma Aveiro reage: Dizem que vivo às custas dele, se calhar vivo”
Elma e Katia Aveiro têm sido muito criticadas e acusadas de viver “às custas do irmão”, mas a irmã mais velha do craque não se deixa ficar e, muitas vezes, acaba por responder aos críticos, através das redes sociais. “Às vezes ligo, nas redes sociais, e não devia. Devia estar quieta. Mas enerva-me. As pessoas que falam mal, no fundo gostam. Não me arrependo de nada. Aquilo que tiver de dizer, digo. E que fique bem claro: vou defender a minha família até morrer. Não tenho problemas nenhuns, não vale a pena responder, mas também só respondo de vez em quando”, disse, entre risos.
“Há pessoas que ainda hoje dizem que eu vivo à custa dele. Se calhar vivo, mas também se ele não nos der a nós, vai dar a quem? Ele tem muito e partilha. E continua a ajudar. Quem lhe deu enquanto era pequenino foi a família. A minha mãe, e eu… Nós dávamos e ele agora, se tem muito, claro que ajuda”, acrescentou.
No entanto, Elma Aveiro assume que já foi “mais difícil” lidar com as críticas. “Até o próprio Ronaldo nos dizia: ‘Vocês não podem ligar ao que as pessoas dizem. Se vocês ligam, não conseguem viver’. E isso ficou-me na cabeça. Foi principalmente difícil para a minha mãe (…) O Cristiano não liga, ele teve de se trabalhar emocionalmente, porque não é fácil estar no lugar dele. Das pessoas de quem mais me orgulho, é do meu irmão, e não é por o ser. Mas por ter o trajeto que tem, o saber estar na vida, o psicológico… é único!”, admitiu
“Tudo me orgulha nele. É das pessoas mais maravilhosas que conheci na minha vida. O meu pai era assim, era muito dado. E o Ronaldo é igual. Nós gostamos muito de partilhar com os outros, herdámos isso do pai. O Ronaldo é uma pessoa que tem muito, e gosta de partilhar. Tem muito bom coração”, rematou.
A história da borboleta do Euro 2016
No final da conversa com Manuel Luís Goucha, Elma Aveiro recordou o momento em que uma borboleta pousou no rosto de Cristiano Ronaldo, durante a final do Euro 2016, em que Portugal acabou por se sagrar campeão europeu, diante da seleção francesa, em Paris.
Tudo aconteceu depois de Cr7 cair no relvado do Stade de France. “Vou-lhe contar uma história, sobre esse dia”, começou por dizer Elma. “Eu estava lá no estádio, com a minha família toda. Quando ele cai no chão, nós no público não conseguimos ver que ele tem a borboleta na cara. E eu vi pela televisão. E a borboleta veio ter à minha perna logo a seguir. Para mim, era o meu pai. Eu acredito que sim…”, findou.
Texto: Mafalda Mourão; Fotos: D.R.
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