Liliana Costa
“É tudo mentira!”

Liliana Costa saiu do anonimato para assumir que é a professora de Físico-Química que foi suspensa por 90 dias por suspeita de manter relações sexuais com um aluno de 15 anos.

Numa emocionada conversa com a VIP, a docente, de 32 anos, nega as acusações e lamenta que a direção da Escola Gonçalo Sampaio, de Póvoa de Lanhoso, não lhe tenha dado oportunidade de defesa.

O que a levou a sair do anonimato?
Numa fase inicial optei por não me identificar. Uma vez que os meus alunos e também os seus pais deram a cara, optei por me juntar a eles. Não tenho nada a temer. Quero mostrar que estou aqui disposta a combater injustiças. Sou alvo de uma injustiça, mas existem mais pessoas que também o são. Quero também dar resposta a essas pessoas.

Referiu outras pessoas. Já foi contactada por algum docente ou outra pessoa que tenha passado por algo semelhante?
Sim. Fui contactada por uma professora que já foi alvo de um processo disciplinar que não devia ter sido instaurado. Sei que existem mais pessoas que estiveram neste tipo de situação, quer seja por outros motivos ou não! São pessoas que já foram alvo de injustiças, perseguições e caças.

Qual tem sido a reação das pessoas depois de ter revelado a sua identidade?
As abordagens são no sentido de me apoiar e dar força. Dizem-me que tenho coragem por assumir a minha identidade e aquilo por que estou a passar. Têm sido abordagens positivas. Até de antigos colegas com quem não falava há muito tempo. E também antigos alunos, alunos desta escola e os pais dos mesmos. Essas pessoas vão juntar-se numa iniciativa… Vai acontecer uma manifestação, organizada pelos meus alunos, de modo a que volte à escola.

Recuando um pouco no tempo. O que aconteceu? Do que é realmente acusada?
No dia 7 de abril fui suspensa sem nenhum motivo. Não houve justificação.

João Magalhães (advogado) – Num primeiro momento é chamada à escola e não lhe é dado nenhum fundamento para a suspensão. A escola não explica o fundamento, diz apenas que há um “sururu” na escola, sem referir qual é, e suspende a professora com base num documento onde diz apenas que foi suspensa por 90 dias.

O que sente quando se depara com notícias em que a acusam de manter relações sexuais com um aluno?
Sinto-me revoltada. Essas acusações são muito injustas. Estou a ser penalizada por ser próxima dos alunos. Não se entende! É tudo mentira. Não existem provas. Estou revoltada, mas com força para fazer justiça.

Qual a origem deste “sururu”?
Deverá ser devido à proximidade que tenho com os alunos e com os pais dos alunos. Com a minha forma de ensinar e com o sucesso com uma disciplina tão difícil. Com o meu empenho. Com as aulas extras que dou. Não sei, não faço ideia. Talvez o facto de ser uma relação muito aberta.

Essa postura ainda é malvista no ensino? Ou na sua escola em particular?
Não sei. Poderá ser! É uma perspetiva que certas pessoas não têm. Estão mais ligadas a um tipo de ensino conservador. Mas já referi várias vezes que, quando fui aluna, passei por este tipo de situações. Não existia correio eletrónico, mas falávamos com os professores na sala, fora dela e no café. Também nos levavam a casa. Mas podem existir pessoas que entendem o ensino de uma forma mais conservadora.

Tem um visual jovem. Essa imagem também é malvista no ensino?
A ideia que existe de um professor é de uma pessoa mais velha, que já é pai ou mãe. Sou uma pessoa jovem, com uma vida jovem e com hábitos de uma pessoa que é jovem. Isso poderá fazer com que outras pessoas olhem de forma apreensiva para a minha forma de estar na escola.

Leia a entrevista na íntegra na edição n.º 928 da revista VIP

Texto: Bruno Seruca; Fotos: João Manuel Ribeiro

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