Trabalhava no Haiti quando, em 2010, viveu o maior susto da sua vida e que a fez mudar o rumo da sua carreira dentro da Organização das Nações Unidas. Por isso, agora que estava em Rangum, Myanmar, ao serviço da Unicef, Mariana Palavra não hesitou quando lhe propuseram ir para o Nepal durante um mês para reforçar a equipa de apoio aos sobreviventes do terramoto que, a 25 de abril, causou a morte a mais de 8000 pessoas. “Mal aconteceu, achei que fazia todo o sentido ir. Por um lado, por sentir que o que me fez querer trabalhar neste meio eram precisamente situações mais difíceis, em que a ajuda é necessária de imediato, e depois por me lembrar o Haiti e o quão importante foi a chegada de gente nova, porque quem tinha vivido o terramoto não estava tão fresco, estava a precisar de apoio porque acabara de passar por um stress emocional muito grande e estava em processo de recuperação.” Quando chegou a Katmandu, a portuguesa encontrou “uma cidade muito calma, sem circulação automóvel, estragos não tão visíveis, o que é fácil de explicar porque os maiores problemas, quer em termos de vítimas quer em termos de destruição, são em zonas de difícil acesso, mais pobres”. As pessoas, conta, tinham saído em grande escala para as suas aldeias de origem ou para os campos de deslocados. No entanto, mal podia imaginar que, a 12 de maio, quando a cidade estava aos poucos a regressar à normalidade, a terra voltaria a tremer com uma intensidade de 7,3 na escala de Richter. “Durante aquele minuto, que pareceu uma eternidade, foi reviver o Haiti. Fixei as caras, tentei acalmar-me… e depois continuei a trabalhar, mas não quis trabalhar dentro do edifício. Principalmente pelo que vivi no Haiti, preferi trabalhar fora. Entrei no escritório várias vezes a correr, para carregar o telemóvel, mas confesso que passei longas horas sem ir à casa de banho com medo de fechar uma porta e ter um teto em cima de mim”, admite.
“Montei a minha tenda e passei uma noite tranquila, com mais duas réplicas. Mas aí já sabia que nada me podia cair em cima”, conta, acrescentando que “foi um regresso violento ao que aconteceu.
As pessoas estavam aos poucos a voltar a casa, a sair dos campos de deslocados, das tendas, e saíram de novo. Os campos triplicaram, ou quadruplicara a sua população”.
Agora, que “tudo está a ser feito em conjunto, entre as autoridades e os atores humanitários, e a máquina começa a rolar”, o maior desafio, depois de enterrar os mortos, continua a ser “água potável, saneamento, latrinas, medicamentos, produtos de higiene, alimentos terapêuticos, nutritivos, que era já um problema neste país e que tem tendência a agravar-se nessas zonas, até porque há hospitais danificados”. E tendas. “Tendas para refúgio, tendas para hospitais. Isso tudo, nós, Unicef, também fazemos. Tínhamos montado 45 centros amigos das crianças, que, no fundo, são tendas onde os mais pequenos passam o dia a cantar, a desenhar, onde há apoio psicológico… neste momento, de um dia para o outro, já devem ser 200 e vão seguramente ser criados mais porque as crianças estão traumatizadas e com o novo abalo teme-se que haja retrocessos. Normalmente, as questões mentais não são tidas como prioritárias, ao nível da água ou do saneamento, mas estamos a tentar considerá-las ao mesmo nível”, explica. E, com a chegada das monções, colocam-se novos desafios. “Com as chuvas intensas teme-se que os deslizamentos de terra possam piorar e tem de pensar-se numa outra solução além das tendas, porque não vão durar a época das monções. Mas hoje, o mais importante é que os camiões com alimentos cheguem ao destino.”
Texto: Elizabete Agostinho; Fotos: DR
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