Diogo Valsassina abriu o coração a Daniel Oliveira, no Alta Definição que foi para o ar este sábado, dia 14 de novembro, de uma forma que nunca tinha feito. O ator emocionou-se e, garantidamente, emocionou Portugal. Entre vários assuntos profissionais, o namoro com Ana Guiomar e o passado nos Morangos com Açúcar, o jovem falou sobre o pai, que morreu no verão do ano passado.
“Sou um homem diferente do que era há um ano. Sinto uma tristeza às vezes gigante. Não sou um homem triste, mas se eu há um ano não me deixava afetar por tristezas e coisas más, hoje em dia deixo-as entrar de forma calma e controlada. As coisas más fazem parte da vida, temos de aprender a lidar com elas. Não vale a pena estar a chutar pata canto uma coisa que é má”, começa por dizer.
“É a dor mais terrível que eu senti até hoje na minha vida. Perdi o meu melhor amigo quando tinha 18 anos, do dia para a noite, foi um choque terrível para mim e para toda a gente deste país, era o Francisco Adam. Foi o meu primeiro contacto com a morte de uma forma próxima, depois perdi os meus avôs, mas isto… ninguém te prepara para isto. É muito difícil”, confessa. “Houve uma parte de mim que morreu quando o meu pai morreu, garantidamente. O Diogo infantil e sempre bem-disposto acabou, desapareceu”, acrescenta.
Diogo Valsassina tinha uma relação muito próxima com o progenitor. “Tento controlar as minhas emoções de forma a que: já não tens o teu pai, desapareceu de um momento para o outro e tu tens de aprender a viver com isso. (…) Ficou por dizer o quanto eu gostava dele e o quão importante ele foi e é para mim. Não dizemos isso as vezes suficientes em vida. Não dizemos e depois, quando eles já não estão, ficas com esse sentimento de culpa. Porque é que eu não disse mais vezes? Porque não fui mais vezes a casa? Às vezes somos parvos e damos as coisas por garantidas.”
“O meu pai faleceu em casa”
À medida que falava com Daniel Oliveira, Diogo Valsassina revelou pormenores daquele que foi um dos dias mais tristes da sua vida.
“A última vez que falámos tinha sido uma semana antes [de morrer]. Tinha ido lá a casa dos meus pais. Isto presencialmente. A última vez que falámos foi por mensagens horas antes. A última coisa que disse ao meu pai foi: ‘feita a transferência’. Não te passa pela cabeça que aquilo vai acontecer. Teria sido: ‘És importante, eu amo-te’”, garante.
“O meu pai faleceu em casa, eu estava a gravar um programa. Por acaso levei o telemóvel, começou a vibrar, eu não podia atender. Depois houve uma pausa e vi uma mensagem da minha mãe a dizer que o meu pai não se estava a sentir bem. Liguei e atendeu-me o meu irmão, fora de si. Saí do estúdio, cheguei a casa e já lá estava o INEM. O meu pai estava a receber assistência. A última vez que o vi ele estava no chão, com o INEM a tentarem reanimá-lo. Quando a médica sai e diz que tentaram tudo e que não conseguiram. A minha mãe e o meu irmão viram tudo. Estava num misto de: ‘agarrem-me mas larguem-me. Abracem-me, mas deixem-me em paz. Senti uma raiva…”, recorda.
Nos tempos que vieram, Diogo Valsassina foi o grande apoio da mãe. “A minha mãe nessa noite ainda dormiu lá em casa, mas nas semanas seguintes ficou comigo em minha casa. A minha mãe tem uma força incrível. As questões mais práticas eu e a Guiomar (foi uma ajuda inacreditável) que tratamos. Durante o dia fazia isso e à noite quando me deitava chorava, mandava tudo cá para fora. Adormecia cansado como nunca tinha estado na vida. (…) Vou ter saudades dele todos os dias, para sempre.”
Com o passar do tempo, o ator assume que já se consegue sentir feliz. “Apesar de não ter isso totalmente resolvido, tenho-o resolvido de uma forma que me deixa confortável. Consigo ser genuinamente feliz.”
Diogo Valsassina continua com o número de telemóvel do pai gravado. “Temos um grupo de WhatsApp que é o grupo da famíla, em que estou eu, a Guiomar, a minha mãe, a mãe da Guiomar e está lá o meu pai. Nunca o vou apagar”, conta.
A trágica morte de Francisco Adam
Francisco Adam e Diogo Valsassina eram os melhores amigos na altura em que o ator morreu, vítima de um trágico acidente em 2006. “Falei no dia em que ele teve o acidente”, revela.
Os atores, que na altura gravavam a série juvenil Morangos com Açúcar, da TVI, tinham combinado encontrar-se na mesma noite, após Francisco Adam fazer uma presença numa discoteca na Margem Sul.
“Estava a dormir e acordei com o telemóvel a vibrar com uma mensagem da Inês Castel-Branco a perguntar se eu estava com ele. Disse-lhe que não e ela ‘estão a dizer que ele morreu’. Quando vou a ver tenho muitas mensagens de várias pessoas do elenco dos morangos, depois ligaram-me da TVI a confirmar e que a notícia ia dar no jornal das 13h”, relembra.
“Se ele fosse vivo hoje em dia ninguém o segurava. Tenho a certeza absoluta disso. Toda a loucura que ele tinha era equiparada ao talento que ele tinha. O funeral foi um circo terrível. Com a morte do Chico morreu a vontade de eu continuar a fazer aquilo. As cenas que eram dele passaram para mim. Estava a gravar que nem um doido, já não fazia sentido. Na altura já estava do tipo: não quero mais”, acaba por confessar.
Texto: Joana Dantas Rebelo, Fotos: redes sociais
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