Diana Chaves está de volta ao ecrã da SIC com um novo programa, que está a dar muito que falar. A atriz e apresentadora tem nas suas mãos a missão de ajudar um conjunto de especialistas a levar dois completos desconhecidos a subir ao altar. Casados à Primeira Vista, programa do qual a apresentadora já era fã, tem sido um sucesso de audiências, embora Diana achasse que, inicialmente, o público iria “estranhar” o formato. Se ela participaria no programa que apresenta? Essa é outra conversa.
VIP – Como estão a correr as gravações de Casados à Primeira Vista?
Diana Chaves – Estou a adorar. Tem sido uma aventura, porque acompanho de perto os casais nesta experiência e é quase inevitável sentir as dores deles. Quero muito que as coisas corram bem, mas se não correrem, quero é que eles sejam felizes, obviamente. Isto porque, às vezes, mesmo fora do programa, há casais de quem somos amigos de ambos os elementos e eles separam-se. Criamos laços com as pessoas e queremos que as coisas resultem entre eles, mas se não derem certo… são coisas que acontecem, e o importante é serem felizes.
Que expectativa tinha antes de iniciar as gravações?
Quando comecei a gravar o programa e ainda não tinha ido para o ar, perguntavam-me muitas vezes isso. Disse sempre que, devido à forma como estávamos a construir este formato e o objetivo do programa, achei que ia ser este o resultado. Achei que as pessoas iam estranhar inicialmente, mas que depois iam entranhar. Refiro-me ao público, os participantes já sabiam ao que iam. Inscreveram-se porque precisavam de ajuda e porque tiveram a coragem de tentar encontrar alguém desta forma. Achei que o público ia estranhar, somos um país conservador e esta coisa de se casar à primeira vista é estranha. Mas tirando o peso do casamento, da instituição, no fundo, como nos conhecemos? Cruzamo-nos, vamos criando alguma empatia, ou não, alguns pontos de interesse…
Já há dois casais que desistiram e, pelo que se sabe, há outros que lhes seguem o caminho. Esperava que houvesse mais casais a darem-se bem?
Daquilo que tinha visto dos formatos australiano, inglês e do espanhol, não criei muita expectativa porque é tudo muito improvável, como qualquer relação cá fora, com a agravante dos contornos do programa e da pressão em si. Nunca achei que iam ficar todos juntos. Se numa relação normal, onde as pessoas se amam, já é difícil, e especialmente numa convivência de muitas horas, quase todas as horas do dia, torna-se sempre difícil. A minha expectativa não era que todos ficassem juntos, isto é uma experiência social e é precisamente isso que acontece. É ver como as pessoas, com personalidades diferentes, embora compatíveis, conseguem construir uma relação. Umas comportam-se de uma maneira, outras de outra, ninguém é igual. Em determinadas circunstâncias, os concorrentes reagem de formas completamente diferentes e, depois, nós em casa identificamo-nos com alguns casais ou com os comportamentos e situações. Com o acompanhamento dos especialistas podemos também aproveitar as dicas.
Qual é o seu casal preferido?
Na verdade, e pelos motivos que disse há pouco, claro que gostava que eles dessem certo. São pessoas que se inscreveram por esse motivo. Não estão totalmente felizes, não encontraram o amor, ou, pelo menos, estão há muito tempo sem conseguir encontrar o amor, encontrar alguém com quem possam ser felizes. Por mim, ficariam todos juntos. Agora, casais preferidos, não consigo dizer. Mesmo que tivesse um casal preferido, não seria elegante da minha parte dizer. Mas, sinceramente, não tenho. Eles são todos muito diferentes, personalidades muito diferentes, faixas etárias muito diferentes, comportamentos diferentes e eu acho que é isso que enriquece o programa.
Passa muito tempo com os casais, sente as dores deles? Num dos domingo (11), por exemplo, defendeu o João quando a Sónia o atacou. Bloqueou essa ira dela para com o João, porquê?
Obviamente, sou humana. É normal que, consoante as situações, fique mais feliz, mais triste, como todas as pessoas. Mas nessas situações, em específico na cerimónia de compromisso, sou o elo de ligação entre o público e os casais. Entre o público e os terapeutas, entre o público e o programa em si… Naquele momento, na cerimónia, eles estão ali numa conversa em que os especialistas que os encaminham lhes dão algumas luzes do ponto de vista terapêutico, mais clínico. O meu ponto de vista tem de ser o das pessoas lá em casa. Ou seja, quando intervenho não é para tomar partido de alguém, cinjo-me ali àquela situação e aos factos, senso comum, de uma forma leiga e sem pretensões. Mas é o que as pessoas estão em casa a pensar. O que tento fazer é pôr-me no lugar das pessoas que estão lá em casa e fazer as perguntas que faria se estivesse em casa, no sofá, a assistir. Portanto, nunca é no sentido de tomar partidos. Ali nem se tratava de defender o João, no fundo, também estava a defender a Sónia. Não valia a pena estar a insistir mais naquilo.
Nas versões estrangeiras, o programa não tem apresentadora. Qual a maior diferença e porque é que a SIC teve necessidade de arranjar aqui um papel que não existia neste formato?
É verdade. Acho que há um país que também tem apresentador, mas nós não temos acesso cá. O que a SIC queria era fazer uma ligação mais direta entre o público e o programa. Encaminho o telespectador desde o início, de uma forma despretensiosa.
Para o público não estranhar tanto o formato?
Vejo as coisas dessa forma, quase como: “Pronto, alguma coisa já conhecemos, a Diana.” É quase como se eu lhes fosse abrindo a porta…
Como recebeu esse desafio? Foi bom voltar à apresentação?
Foi, adorei. Principalmente porque era viciada no Married at First Sight. Gravava e quando chegava a casa, em vez de ver uma série, via aquilo.
Então é quase um sonho poder ser a cara do programa na versão portuguesa?
Sim, adorei quando o Daniel Oliveira me convidou.
Mas ele sabia dessa sua faceta de fã da versão original?
Não, não, não fazia ideia. Como o programa, de facto, não tem apresentador na versão original, nunca pensei nessa hipótese. Claro que depois vi tudo o que havia para ver.
Via-se de alguma forma a participar neste programa?
É difícil colocar-me nessa posição porque estou com o César [Peixoto] há 11 anos. Sou relativamente nova. Não sei, nunca senti esse desespero. Não é desespero, mas nunca me vi nessa situação de já não saber o que fazer, não conseguir encontrar o amor, ou não acertar na pessoa. Nunca senti isso.
Mas, mesmo não sendo num programa de televisão, via-se a recorrer à ajuda de especialistas como os do programa?
Acho que isso faz todo o sentido. Estas pessoas têm a humildade e a coragem de assumir, o que já é um passo importante, que não conseguem. Já tentaram e não conseguem ter uma relação longa, duradoura. A vantagem de fazerem este percurso, esta viagem de autoanálise, é uma vantagem muito grande. Terem os especialistas a arranjar alguém que seja compatível, independentemente do resultado final, o que é certo é que aquela pessoa é compatível. Não há magia. Se os dois não quiserem ou não estiverem disponíveis, ou se não conseguirem ultrapassar as dificuldades que há em todos os casais, mesmo quando já se amam e já estão apaixonados… Já é difícil, manter uma relação de muitos anos. Isto é uma questão de perspetiva, mas claro que as coisas não são sempre fáceis. Assim, as pessoas sem se conhecerem, mesmo que sejam compatíveis, é sempre difícil. Se aproveitarem esta ajuda, estas pessoas que assumem que não conseguem, que têm muita dificuldade, têm aqui uma mais-valia. Pelo menos sabem, e isso é seguro, que aquela pessoa é compatível. Depois, o comportamento varia de pessoa para pessoa.
Texto: Tiago Miguel Simões; Fotos: Marco Fonseca
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