Dia da Criança
As memórias de infância dos famosos: Há fugas e diversão

Nacional

No Dia da Criança, desafiámos alguns famosos a recordarem os episódios da infância que mais lhes marcaram.

Qui, 01/06/2023 - 18:30

No Dia Internacional da Criança desafiámos algumas figuras públicas a partilharem as histórias engraçadas que marcaram a infância. António Pedro Cerdeira, por exemplo, completa hoje 53 anos e, quando era criança, sentia que o dia não era exclusivo para si.

 

António Pedro Cerdeira, ator:

Faço anos no dia 1 de junho e muitas vezes sentia-me um bocadinho injustiçado porque era o Dia da Criança e era o dia de todas as crianças, não era um dia exclusivo meu. Mas também havia anos em que tinha o bónus de ter a festa do Dia da Criança e de ter a minha festa de aniversário. É um bocadinho como as pessoas que fazem anos no dia de Natal ou na véspera, e que recebem só uma prenda.

 

Conceição Queiroz, jornalista:

Tinha seis anos, ainda vivia em Moçambique, e uma vez não quis que fossem buscar-me à escola, que era muito perto de casa. Convenci a família que seria capaz de regressar sozinha. No fim das aulas (estava na primeira classe) não ‘virei na primeira à direita’, segui na conversa com os outros colegas. Quando me apercebi que estava perdida, continuei, não entrei em pânico e acabei por almoçar em casa de uma das minhas amigas, a Paulinha. A seguir, pedi à mãe dela que me deixasse no Jardim Bacalhau, isto na cidade da Beira. Sabia que os meus pais iriam procurar-me por lá. A senhora não estava a acreditar, dizia: os teus pais de certeza que estão em desespero! Levou-me ao jardim, sentei-me no chão a observar os carros que passavam. De repente vejo o Colt Galant dos meus pais a aproximar-se e a travar bruscamente. Saíram os dois de cabelos em pé, eu muito calma: ‘Olá mamã, olá papá!’. Eles não pronunciaram uma palavra, a minha mãe travava as lágrimas. Fomos para casa e a minha avó estava no portão a chorar desalmadamente, lembro-me que gritava a dizer: ‘Onde está a Joãozinha?’. Era assim que me tratava, pois o meu pai é João e éramos muito ligados. A avó Catarina abraçou-me, beijou-me, pegou-me ao colo. Só aí percebi a gravidade da situação, mas sempre tranquila. Os meus irmãos mais velhos só gozavam comigo, foi uma grande risada, acabou tudo bem.

 

Rosa Bela, atriz

As memórias da minha infância são de brincar livre, leve e solta na minha rua lá na aldeia, de ajudar a minha avó na terra, andar sempre de pé descalço, correr de um lado para o outro sem ter horas.

 

Filipa Torrinha Nunes, psicóloga

Quando eu era criança e estava na escola primária havia a campainha do intervalo. A campainha tocava quando era a hora de ir para intervalo e tocava novamente quando era hora de voltar para a aula. E eu e um grupinho de amigas não queríamos que o intervalo acabasse. Então o que fizemos foi: arranjámos forma de ter a chave que dava acesso à campainha para que a auxiliar não tivesse acesso para tocar e voltarmos todos à sala de aula. Não sei como é que fizemos, já não me recordo, mas sei que conseguimos roubar essa chave, pusemo-la no bolso e andámos meio a fugir pela escola. Depois fomos descobertas, naturalmente, e tivemos que ficar os intervalos seguintes na sala de aula.

 

Cátia Nobre, jornalista 

Tenho duas histórias para contar. Uma é uma memória de criança e tem a ver com o dia em que recebi a minha primeira televisão. Nunca me vou esquecer. Foi um presente de Natal dado pelos meus pais, uma televisão Sony, pequenina, de caixa preta, que ainda hoje está na casa dos meus pais. Lembro-me que ficava horas a contemplar aquele pequeno eletrodoméstico. Desde sempre que eu queria fazer parte dele. Eu sei que pode parecer tonto, mas aquele presente marcou-me durante muito, muito tempo. Aquele aparelho deu-me a possibilidade de eu ver televisão no meu quarto. Aquilo era quase uma marca indelével de como a partir dali eu era um bocadinho mais crescida. Eu devia ter sete, oito anos no máximo. Eu lembro-me até hoje do momento em que os meus pais me disseram que me iam dar a televisão e depois do momento em que a recebi.

A outra história tem a ver com o Dia Mundial da Criança. Foi precisamente o dia em que comecei a trabalhar, ainda que de forma amadora, nesta área, porque dei uma entrevista na Rádio Cister em Alcobaça – porque era da direção da associação de estudantes da minha escola secundária e fui falar sobre o dia sem carros. O animador naquela altura sabia que eu queria seguir comunicação e convidou-me para, depois da entrevista, ir fazer entrevistas em direto para o pavilhão de Alcobaça, onde estava a decorrer uma festa dedicada às crianças. E foi nesse dia que eu comecei a dar os primeiros passos nesta área.

São duas histórias simples mas que marcaram muito e por isso decidi partilhá-las.

 

Rita Mendes, DJ

Lembro-me de em pequenina ter uma amiga, a Filipa, e passávamos muito tempo juntas. Uma das brincadeiras parvas que fizemos foi uma vez tomar a decisão de fazer uma trouxa, como víamos nos desenhos animais, com um lençol, pão com manteiga, roupa, e ela convenceu-me que as raquetes de ténis davam para voar e a nossa ideia era voar por cima da ponte sobre o Tejo para vir para a Costa da Caparica. Mas apanharam-nos a entrar na camioneta que nós achávamos que ia dar à ponte. Ou seja, fugimos. Outra coisa que fizemos foi pedir dinheiro à porta do centro comercial, assim com o nosso ar angelical. Enquanto os nossos pais iam às compras nós supostamente ficávamos a brincar num pateo à entrada, então apanharam-nos uma vez, todas farruscas, porque tínhamos posto terra na cara, a pedir à porta do centro comercial e já tínhamos algumas moedas. A nossa ideia era depois comprarmos uns cromos.

Texto: Vânia Nunes; Fotos: Redes Sociais

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