Trocou a estabilidade da vida de professora para tentar a sorte no mundo da televisão quando já tinha passado a barreira dos 30 anos. Aos 35, Diamantina Rodrigues orgulha-se de ser uma das apostas da RTP. Quanto ao futuro, a apresentadora de Portugal Sem Fronteiras gostava de ser o rosto de um programa ligado à música e talvez tentar a representação.
VIP – Como é que a televisão surge na sua vida?
Diamantina Rodrigues – A RTP fez um casting para escolher dez novos rostos. Quando vi o anúncio pensei: “Por que não?” Sempre tive a curiosidade de saber como é que funcionavam as coisas na televisão e decidi concorrer. Fui chamada e acabei por ser um dos dez rostos seleccionados.
Por que não apostou mais cedo nesta área?
Achei que o mercado era limitado e sempre achei que as pessoas que estavam nas rádios e televisões eram “os outros” (risos) que não sabia quem eram. Tinha a ideia que era algo que acabava por passar de pais para filhos. Pensava que as pessoas comuns não iam para a televisão e que era melhor seguir uma área que me garantisse uma maior empregabilidade. Por isso acabei por seguir o ensino de Matemática, que actualmente não é garantia de emprego, mas na altura em que acabei o curso (1999) era; acabei por dar aulas durante oito anos.
O encanto pela televisão vem desde criança ou sonhava com outra profissão?
Não é apenas algo que vem de criança. Ainda hoje adoro televisão e lá em casa está sempre ligada, esteja ou não a vê-la. É quase uma companhia. Não sei se isto está relacionado com o facto de ser filha única, mas a verdade é que sempre tive muito gosto pela televisão, até pelos anúncios. Quando chegou o momento de escolher o curso até ponderei seguir Publicidade e Marketing.
Nesse caso, como surgem os números?
O ensino era algo que me atraía devido ao gosto pela comunicação. Pensando nas áreas, aquela que garantia uma maior saída profissional era a Matemática, porque as outras estavam congestionadas. Foi uma questão de garantia de futuro profissional.
Que balanço faz dos oito anos enquanto professora?
Sei que é triste dizer isto, mas saí na altura certa. Gosto muito de ensinar, tenho saudades de ensinar mas não tenho saudades da escola nem do sistema de ensino. Neste momento, ensinar está a passar para segundo plano e perde-se tempo a procurar resultados positivos sem que isso implique que os alunos saibam. Isso incomoda-me muito.
Foi difícil trocar a vida de professora por uma carreira onde podia não ser bem sucedida?
Foram momentos complicados, porque tinha ficado efectiva nesse ano. Foi complicado, mas também pensei que podia voltar a não ter esta oportunidade e tinha que a agarrar. Tive um grande apoio da família, caso contrário, não teria a coragem de abandonar tudo e começar uma vida nova com mais de 30 anos.
Como revê os primeiros anos de profissional da televisão?
Até agora faço um balanço muito bom. Além de fazer, todos os sábados, o Portugal Sem Fronteiras, na companhia do Carlos Alberto Moniz, a RTP tem-me dado a oportunidade de participar noutros projectos. Tenho experimentado várias coisas e em dois anos já fiz muito, para alguém de que não tinha feito nada em televisão.
Futuramente, o que gostava de fazer?
As pessoas não querem fazer sempre o mesmo, seja em que trabalho for. Neste momento, estou contente com o que faço mas gostava de poder experimentar outras coisas, nem que seja para crescer. Tenho a ambição de fazer coisas novas.
Quais são as coisas de que fala?
Um programa ligado à música seria o ideal, pois foi a minha vida durante muito tempo e ainda é, em paralelo. Também adoro concursos e apresentar um seria um desafio interessante. Estou aberta a qualquer proposta da RTP e tentarei fazer sempre o melhor.
A carreira televisiva tem correspondido aos sonhos e expectativas de menina?
Sim. Ouvia dizer que as pessoas eram más umas para as outras. Posso dizer que tive muito gosto em conhecer grande parte das pessoas com quem me cruzei. Tenho tido boas experiências com quem trabalho. Claro que vamos tendo decepções, mas o balanço é positivo e corresponde ao que idealizava.
Ser apresentadora e professora está relacionado com o gosto pela comunicação. A paixão pela música está no mesmo enquadramento?
Claro! A música é comunicação. No fado, o tipo de música que canto, os estrangeiros adoram as canções e não percebem as letras.
Gostava de poder dedicar mais tempo à música?
Sei que se dedicar mais tempo à música vou perder terreno na apresentação e se me dedicar mais à apresentação vou perder terreno no fado porque são profissões muito exigentes. Se fosse obrigada a escolher, seria uma decisão muito difícil mas provavelmente apostava na televisão.
Porquê?
Porque há muita gente a cantar bem e a defender o fado. A minha oportunidade futura no fado seria mais improvável do que construir uma carreira na apresentação.
A Diamantina da televisão é igual à do dia-a-dia?
Felizmente, ou infelizmente, pois ainda não tenho experiência para o perceber, não há diferença nenhuma (risos). Tento passar o meu bom humor para os programas, tal como a boa-disposição e o sorriso fácil.
No reboliço da televisão e do fado ainda há tempo para uma relação amorosa?
Há. Tenho uma relação há seis anos e vivemos juntos há quase cinco. Ele entende a minha profissão e apoia-me. Foi um dos primeiros a impulsionar-me para o casting.
Costuma dizer que é pseudo-casada. Para quando o casamento?
Costumo dizer que acredito num Deus bom e não acredito num Deus que me vai castigar porque não casei pela Igreja. Casar é algo que me atraía por ser uma festa onde ia reunir a família e os amigos. Mas, é claro que o vestido e a entrada na Igreja dão algum peso ao dia e à própria relação.
Pensa da mesma forma em relação à maternidade?
Ser mãe é um desejo racional. Gostava que as mulheres pudessem ser mães até mais tarde porque acabamos por ser pressionadas pela idade quando achamos que não é a melhor altura. No meu caso, estou a começar uma nova profissão e ao mesmo tempo já tenho 35 anos. Isto acaba por ser um turbilhão. Racionalmente, já pensei que está na hora de começar a pensar nisso até porque o relógio biológico não pára (risos).
No seu caso, uma gravidez significa um afastamento temporário da televisão. Este facto leva-a a pensar em adiar o sonho de ser mãe por estar em início de carreira?
Claro. Estar grávida não me impede de fazer televisão mas não sei o futuro. E se tenho uma gravidez complicada que me obriga a ficar em casa? Às vezes penso nisso e lembro-me que estou a começar e que poderá ser motivo para “perder o comboio.” Tenho algum receio mas se estiver sempre a pensar no amanhã, nunca mais é.
É semelhante à altura em que trocou a carreira de professora pela televisão, sem saber como ia correr?
Exactamente. Cheguei a uma altura em que já percebi que não podemos pensar nos "ses" senão nunca fazemos nada na vida, inclusivamente ter filhos.
O que a leva a dizer que a sua vida é um quebra-cabeças?
É mesmo (risos). Passo a minha vida a tomar decisões complicadas. Na altura de mudar de carreira, em relação a ser mãe e até na altura de escolher o curso. Queria ser muitas coisas, inclusivamente actriz. A minha vida seguiu sempre um rumo racional, onde faço aquilo que acho ser melhor e não aquilo que o meu coração diz e isso é um quebra-cabeças.
O sonho da representação está posto de parte ou aceitava um desafio para participar num projecto da RTP?
Acho que dizia "sim" na hora (risos). Seria algo para experimentar, pois sei que é suposto ter-se formação. É um sonho que ficou muito lá para trás.
Texto: Bruno Seruca; Fotos: Rui Costa; Produção: Romão Correia; Cabelo e maquilhagem: Vanda Pimentel, com produtos Maybelline e L´Oréal Professionnel
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