Daniel Kenedy
Abre o coração a Cristina Ferreira sobre o vício do jogo: «O resto não interessava»

Nacional

Daniel Kenedy perdeu tudo o que o mundo do futebol lhe tinha dado por causa do vício do jogo.

Qui, 04/06/2020 - 13:18

Daniel Kenedy foi um dos convidados de Cristina Ferreira, n’O Programa da Cristina, da SIC, desta quinta-feira, dia 4 de junho. O antigo jogador do Benfica, de 46 anos, perdeu tudo o que o mundo do futebol lhe tinha dado por causa do vício do jogo

«Quando estamos numa situação destas, cometemos alguns erros e quem saiu mais prejudicado disto tudo fui eu. Perdem-se pessoas. Perdemos pessoas que tinham confiança em nós», começa por explicar.

Hesitante inicialmente nas palavras, Daniel explica que o facto de falar no passado fá-lo olhar de forma diferente para o futuro. «Falar sobre isto é aumentar a minha responsabilidade para o futuro.»

Tudo começou em 2002. O jogador foi suspenso de participar no Mundial de futebol, realizado na Coreia e no Japão, após ser «apanhado» em testes de doping. À apresentadora do matutino, o ex-futebolista revela que estava a tomar comprimidos para emagrecer e que nunca pensou que acusassem nos testes.

«Não há desculpas e não estou aqui para me desculpar. Aconteceu-me em 2002, depois da história do Mundial. Eu sou suspenso por algo que nunca me passou pela cabeça. Na altura, eu tomava uns comprimidos para emagrecer. Foi tudo abaixo dentro de mim. Não fui forte.»

«Ali era o único sítio no mundo em que estava sozinho»

Ver o sonho de jogar num Mundial cancelado foi a primeira razão para começar a frequentar o casino. «Comecei a ir por brincadeira», explica, mas o vício acabou por chegar. 

«Eu não estava bem e ali era o único sítio no mundo em que estava sozinho. (…) Nunca fui às máquinas. Estava sempre na roleta. Quando estava ali estava naquele mundo, o resto não interessava.»

Esteve suspenso durante um ano como castigo, o que para um amante fervoroso da profissão foi «muito difícil». Daniel Kenedy confessa que «não soube lidar com isso» e foi-se refugiando numa mesa de jogo.

«Havia alturas em que eu ia quase todos os dias. E perdes quase todos os dias. Perdi aquilo que era meu.»

O vício devia-se essencialmente à «adrenalina». «E a partir de um certo momento era a necessidade de recuperar [o que tinha perdido]. Recorri a alguns amigos e é importante de pedir desculpa a estas pessoas. Terei de pedir desculpa a estas pessoas para perceberem o que se passou.»

«Escrevi ao casino para não me deixarem entrar»

Com o passar do anos, apercebeu-se que a sua vida estava a tomar um rumo cuja viragem se avistava difícil. «Nos últimos tempos já ia para recuperar», algo que desaconselha totalmente a quem está em situações similares.

A vontade para acabar com o vício partiu do próprio e tentou começar a livrar-se dele a todo o custo: «Escrevi ao casino para não me deixarem entrar».

Daniel Kenedy confidencia a Cristina Ferreira que tem noção da falha que cometeu com os dois filhos: Alexandre, hoje com 20 anos, e Eva, de 15. Apesar de nunca lhes ter explicado a situação, admite: «Sei que falhei. Talvez o mais velho, o Alexandre, que é um campeão, desconfiasse que o pai não estava bem».

«Eu não quero morrer sem te ver bem outra vez»

No difícil caminho para a recuperação contou com grupos de pessoas que passaram pela mesma situação. Nas reuniões, que tinham cerca de 20 pessoas, «talvez dez me conhecessem, eu era um jogador com história». Porém, sente que sempre foi tratado de igual forma.

Agora que o pior já passou, Daniel Kenedy só quer voltar a trabalhar. «A minha vontade é trabalhar. Tenho uma enorme paixão pelo futebol. (…) Eu fui à procura de trabalho e as pessoas ficavam espantadas de me ver ali.»

Durante toda a conversa com Cristina Ferreira, o ex-jogador conseguiu conter a emoção, mas as lágrimas tomaram-lhe conta do rosto quando Tony, antigo treinador do Benfica, lhe deixou uma mensagem. «Vou apagar. Tenho de agradecer ao Tony, o meu interesse é apagar isto tudo», promete.

Foi também com a emoção no olhar que finalizou, falando da avó e a irmã que são as suas inspirações. «Eu não quero morrer sem te ver bem outra vez.» Esta foi a frase dita pela avó do ex-futebolista que o fez querer deixar o passado para trás. Assim como a força que a irmã, de 44 anos, e com duas pernas amputadas devido à diabetes, lhe dá. «Eu tinha de ter a força dela.»

Daniel Kenedy remata: «Não tenho medo do futuro nem do que aí vem. Se fui forte neste período, agora vou ser ainda mais».

Texto: Mariana de Almeida; Fotos: Impala e reprodução SIC

 

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